Depois de uma semana de ardores gargantuais, tosses cavernosas e febres altas, uma desistência perante as três horas de espera numas urgências, e o cancelar de uma consulta porque a desgraçada da médica decidiu adoecer (quem lhe deu essa liberdade??) lá consegui que um médico me visse. Melhor dizendo,eu é que estava feliz por ver o senhor. "Dispa-se" - disse. Numa outra situação, e perante o frio natalício, isso incomodar-me-ia. Mas hoje, por puro desespero, despi-me. Hoje faria tudo o que aquele médico me pedisse apenas e só por uns antibióticos. Hoje, naquele consultório senti-me mesmo uma toxicodependente. Droguem-me, por favor. E ele assim fez. Estou num estado abençoado. Finalmente!
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
sábado, 25 de dezembro de 2010
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
Underwear
Hoje, com a descida de temperatura, achei que seria uma boa ideia voltar a vestir algo a que me desabituei: uma camisola interior.
Não há peça menos sensual numa mulher. Para além de sufocar os poros tal qual colete de forças, enrodilha-se nas ancas, fugindo das calças de ganga a cada braço erguido. Cada vez que vamos à casa-de-banho é uma trabalheira domesticar aquele tecido aderente, encostá-lo às knickers e escondê-lo debaixo da restante indumentária.
As camisolas interiores são os cromos do vestuário: estão lá sempre, oferecem-nos nos Natais e aniversários para enfeitar cadernetas e gavetas mas, depois de alguns anos, ninguém quer ser visto na sua companhia. São enjoativamente brancas e pouco sofisticadas, por vezes têm uns relevos estranhos, como se uma costureira provinciana quisesse dar uns toques de Galliano. Seja como for, como estava um frio do cara..., tentei ignorar o papel de parede que me vestiu o tronco e lá me aqueci durante este dia.
Chegou o Inverno. Geralmente aborrece-me muito. Assim como as camisolas interiores... but today I didn't really care.
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
Birds
O sorriso amarelado é estranho numa véspera de fim-de-semana...
-Não me digas que tens más notícias, outra vez? É a tua saúde?- pergunta, preocupada.
-Não, não. Mas não há nada de mal que não me aconteça. - responde pesarosa.
-Então, o que foi agora? - inquiriu, com a ansiedade crescendo-lhe na voz.
-Cheguei ontem a casa para o encontrar morto.
-Quem? - disse sobressaltada.
- O meu piriquito. Estava morto, deitado na gaiola.
- Livra, assustaste-me.
- Queres pior que isso? Era a minha única companhia há sete anos.
- Pronto, deixa lá, eu compro-te outro animalzinho.
- Não, não preciso... A não ser que me arranjes um animal de um metro e oitenta, não te preocupes.
-Não me digas que tens más notícias, outra vez? É a tua saúde?- pergunta, preocupada.
-Não, não. Mas não há nada de mal que não me aconteça. - responde pesarosa.
-Então, o que foi agora? - inquiriu, com a ansiedade crescendo-lhe na voz.
-Cheguei ontem a casa para o encontrar morto.
-Quem? - disse sobressaltada.
- O meu piriquito. Estava morto, deitado na gaiola.
- Livra, assustaste-me.
- Queres pior que isso? Era a minha única companhia há sete anos.
- Pronto, deixa lá, eu compro-te outro animalzinho.
- Não, não preciso... A não ser que me arranjes um animal de um metro e oitenta, não te preocupes.
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
sábado, 13 de novembro de 2010
I understood...
Já percebi porque é que os adolescentes adoram phones e IPods. Nada como se isolarem daquilo que os rodeia. I am going to buy myself one!
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
Strange
Of all the beautiful songs there are out there, this one always makes me cry... go figure... Please, do ignore the pictures because it does not need any of them to make it more than it is.
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
Celibacy
Intervalo entre aulas.
X- Não acho que os padres sejam pedófilos à partida.
J- Não achas? Eu acho que sim. Já vão com ela fisgada.
X- Estou convencida que o celibato constitui uma repressão que lhes dá cabo do discernimento e depois, já sabemos como é... pagam os meninos do coro.
J- Achas mesmo?
X- Claro. Tens ideia do que a ausência prolongada de sexo faz às pessoas? Sabes no que se tornam?
J- Não...
X- Em professores.
Ambas olham em redor e multiplicam-se em gargalhadas.
X- Não acho que os padres sejam pedófilos à partida.
J- Não achas? Eu acho que sim. Já vão com ela fisgada.
X- Estou convencida que o celibato constitui uma repressão que lhes dá cabo do discernimento e depois, já sabemos como é... pagam os meninos do coro.
J- Achas mesmo?
X- Claro. Tens ideia do que a ausência prolongada de sexo faz às pessoas? Sabes no que se tornam?
J- Não...
X- Em professores.
Ambas olham em redor e multiplicam-se em gargalhadas.
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
Good songwriters
You'll never find peace of mind 'till you listen to your heart...
I'll never find peace of mind while I listen to my heart ...
I'll never find peace of mind while I listen to my heart ...
domingo, 31 de outubro de 2010
Theatre
O Senhor Puntila e o seu criado Matti. A não perder. Pelo texto de Brecht, pela encenação, pela perfeita utilização do vídeo, pela música, pela coreografia, mas sobretudo porque precisamos amar o que temos de melhor. E é impossível não nos rendermos ao portentoso actor Miguel Guilherme. Por 15 Euros, no teatro Aberto. A melhor peça do ano.
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
Fucked up news
A friend of mine was sent to IPO because her gino suspects she might have something strange in her utherus. She lives alone in Lisbon. She's forty and she wants to have a prince charming and children. Today I am not complaining about my life. Today I am celebrating hers and planning a party to bring about her optimism back again. She is a marvellous person and I adore her. Today I am not complaining about my life. How can I?
terça-feira, 26 de outubro de 2010
Alternative
Os alternativos são uma espécie muito interessante. Oscilam entre o negligée, blazée, e mais não sei quantos termos franceses muito fashionable e intelectuais e os radicais, proscritos, navegando pelas franjas sociais. Vestem geralmente de escuro, fazem gala de levar o casaco do avô, cheio de borboto, e a malinha da avó, roubada a um baú trancado a naftalina no sótão. Geralmente primam pelos cortes desconcertantes ou pelos cabelos vermelhos. Não usam madeixas. Não condiz com os seus neurónios. Perante a imagem esbatida e descuidada de quem procura diminuir a importância das primeiras impressões, dando a impressão de que o trato está no interior e não nas unhas, surge um elemento de destaque: geralmente uns ténis coloridos ou uns óculos de massa muito, muito grossos. Porque a leitura é farta e as miopias agudizam-se.
Quando percorro muitos filmes do DocLisboa, sinto-me uma outsider. Não sou suficientemente alternativa. Gosto de me perfumar e pintar as unhas com cores normais. Gosto de futebol e de filmes de massas. Gosto do que o povo gosta. Note-se que os bilhetes que comprei para o Tony Carreira foram para a minha mãe, OK? Quando me imiscuo entre os alternativos, sou sempre demasiado colorida e arranjada. Evito os borbotos e engraxo o meu calçado. Os meus neurónios preferem vir numa boa embalagem. Mesmo que isso possa ser interpretado como um QI menos elevado, rapo sempre as axilas. Lamento.
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
Bossa Nova
Os brasileiros têm muitos defeitos, há que admiti-lo. Muita água de côco e sol na bundinha. Muito boa vida e miséria apaziguadas por tiroteios favelistas e carnavais libidinosos. Mas uma coisa que os brasileiros têm que mais ninguém tem é a maravilhosa união entre a palavra e o ritmo. Pomos a Paula Morelenbaum a cantar Tom Jobim ou a melodiar os poemas dos Vinicius e passamos a amar este povo. Como se a arte de amar, de falar sobre o amor nunca tivesse existido antes de ser cantada assim. Perfeito. Mesmo em tempos de crise, vale a pena ver concertos assim.
What people look for
We all look for the uau thing. We convince ourselves it doesn't exist until some film or love story brings that certainty to ruins. Then all of a sudden, people cling on to a dismayed hope and they keep on Uauing. As long as there's life there's hope... someone said.
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Doclisboa1
Podia dizer tanta coisa sobre o filme de abertura do DocLisboa, "José e Pilar", mas não consigo encontrar palavras que honrem a beleza do que acabei de ver.
"A Pilar, que ainda não tinha nascido e tanto tardou a chegar", José Saramago.
"A Pilar, que ainda não tinha nascido e tanto tardou a chegar", José Saramago.
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
domingo, 10 de outubro de 2010
Tempest
Falava alto. A voz aberta misturava-se com o ribombar do mar, lá fora, a esgalhar as rochas frágeis. Ele bebia caipirinhas umas atrás das outras, esperando que ela o acompanhasse e soltasse mais do que a voz.
Enquanto bebia o meu chocolate quente e as minhas pernas absorviam as gotas da chuva impregnadas nas calças de ganga, ouvia o discurso vago de quem vagamente se conhece.
O ar dos signos. Ele era balança. Ela achava que ele tinha capacidade de voar. Certamente teria, depois de mais algumas caipirinhas e atendendo ao vento que batia nas janelas à nossa volta. Não faço ideia se ela seria terra, fogo ou água. Talvez água. Muito volátil. Encostava-se às paredes de madeira com a lassidão dos eternos ébrios de alma. Ele pendurava-se na caipirinha e no discurso dela. Veio a libertinagem:
- Conheço um homem que vive com duas mulheres. Assim, de forma aberta. – disse ela. Vivem bem, dessa forma. Nenhum dos três se importa. Não percebo porque temos que ser todos formatados. Uma pessoa ser dona de outra e ser apenas isso. - Continuou.
Mudei de ideias. Ela deve ser fogo.
- Não conseguiria uma coisa dessas - disse ele.
- Nem na intimidade? – explorou ela, atrevida.
- Não - afirmou ele. E seguiu-se o discurso da praxe para a fazer crer que a união física é única e aquela mulher com quem ele quer se esconder da tempestade preenche-lhe todo o imaginário e que o enrolanço com duas mamalhudas atléticas nunca lhe eriçou os pêlos e outros apêndices…
Ela responde-lhe com um cliché semelhante: - És o primeiro homem que oiço dizer isto. Que engraçado!- As mulheres mentem tão facilmente. E a sorrir.
Dão gargalhadas. Ela foi simpática. Ele cavalheiro. Nenhum dos dois ficou convencido mas para o objectivo final também não interessa. Quantos de nós revelam as fantasias mais estranhas nos primeiros encontros? Ou no milésimo? Somos sempre um pouco o que o outro quer de nós.
Eles riam-se, satisfeitos com o calor que lhes subia pelas palhinhas, misturando-se com o sangue outonal.
Começou a trovejar mas eles mantinham-se alheios às vagas imensas que pareciam galgar o paredão. Ele esticou as pernas e encostou-se à parede de madeira, embrenhando-se na lassidão dela, deixando que o seu fogo o queimasse.
Enquanto bebia o meu chocolate quente e as minhas pernas absorviam as gotas da chuva impregnadas nas calças de ganga, ouvia o discurso vago de quem vagamente se conhece.
O ar dos signos. Ele era balança. Ela achava que ele tinha capacidade de voar. Certamente teria, depois de mais algumas caipirinhas e atendendo ao vento que batia nas janelas à nossa volta. Não faço ideia se ela seria terra, fogo ou água. Talvez água. Muito volátil. Encostava-se às paredes de madeira com a lassidão dos eternos ébrios de alma. Ele pendurava-se na caipirinha e no discurso dela. Veio a libertinagem:
- Conheço um homem que vive com duas mulheres. Assim, de forma aberta. – disse ela. Vivem bem, dessa forma. Nenhum dos três se importa. Não percebo porque temos que ser todos formatados. Uma pessoa ser dona de outra e ser apenas isso. - Continuou.
Mudei de ideias. Ela deve ser fogo.
- Não conseguiria uma coisa dessas - disse ele.
- Nem na intimidade? – explorou ela, atrevida.
- Não - afirmou ele. E seguiu-se o discurso da praxe para a fazer crer que a união física é única e aquela mulher com quem ele quer se esconder da tempestade preenche-lhe todo o imaginário e que o enrolanço com duas mamalhudas atléticas nunca lhe eriçou os pêlos e outros apêndices…
Ela responde-lhe com um cliché semelhante: - És o primeiro homem que oiço dizer isto. Que engraçado!- As mulheres mentem tão facilmente. E a sorrir.
Dão gargalhadas. Ela foi simpática. Ele cavalheiro. Nenhum dos dois ficou convencido mas para o objectivo final também não interessa. Quantos de nós revelam as fantasias mais estranhas nos primeiros encontros? Ou no milésimo? Somos sempre um pouco o que o outro quer de nós.
Eles riam-se, satisfeitos com o calor que lhes subia pelas palhinhas, misturando-se com o sangue outonal.
Começou a trovejar mas eles mantinham-se alheios às vagas imensas que pareciam galgar o paredão. Ele esticou as pernas e encostou-se à parede de madeira, embrenhando-se na lassidão dela, deixando que o seu fogo o queimasse.
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Love is...
Os professores têm uma sala de castigo. Castigo porque têm que lá estar fechados à espera que os chamem para a guilhotina: tentar disciplinar os selvagens de outro colega que ficou em casa com uma depressão repetida. Selvagens que o professor substituto não conhece. Substituto que os selvagens não respeitam mas que podem atacar e ignorar, uma vez que não faz parte da trupe habitual. Quando não nos chamam para nada disso, esperamos por alunos excluídos. Aqueles que esgotam a paciência rarefeita dos professores. Os gajos que se balançam na cadeira, ao fundo da sala, com as franjas longas, as calças descaídas. Os hiperactivos, mal-educados, engatatões, sabichões, incompreendidos ou simplesmente parvos. Ontem calhou-me um desses.
O Gustavo não me calhou este ano por sorte mas conheço-o das listas. E das asneiras. O coitado tinha que escrever uma composição sobre o Amor nos nossos dias. Portou-se mal na aula de Português. Como ninguém os deixa ir espairecer para a rua, desentorpecer as pernas disformes e libertar a tensão sexual típica de adolescentes borbulhantes, os alunos portam-se mal na sala de aula. Quando o fazem, voltam a enclausurá-los. Desta feita, numa sala minúscula, sozinhos com um ou mais professores.
O coitado do Gustavo ficou incomodado. Ali, sozinho comigo. (Se não abrir o sorriso costumo ser assustadora). Disse-lhe que ele era inteligente e que certamente faria bem aquela composição. O peso do elogio... ah! Uma arma preciosa. Era preciso impressionar-me. Ficou aflito. Pediu-me umas ideias.
- O que é o amor para ti? - Perguntei-lhe.
- Sei lá... Isto é complicado. - respondeu.
- Pois, o amor sempre foi e será um assunto complicado. Mas quais são as diferenças entre o amor de agora e do tempo dos teus pais, ou dos teus avós?
- Ah, os rapazes agora são muito abusados e as raparigas muito tolerantes... É tudo muito fácil. Chega-se lá num instante.
- Suponho que te refiras especificamente à relação física. isso é uma parte do amor. Mas amor, amor, sentimento... não é um simples momento físico. Como poderias defini-lo?
- Bem... acho que o amor acontece quando sentimos que não conseguimos viver sem aquela pessoa. Sim, quando achamos que a vida sem aquela pessoa é impossível. - Sorriu, envergonhado.
- Acho que estás no bom caminho, Gustavo. - Devolvi-lhe o sorriso.
Cuts
Depois de apresentado o plano de austeridade para o país, preparamo-nos para desembolsar milhões, milhões e milhões na comemoração do centenário da Implantação da República... E ainda nos perguntamos como chegámos até aqui?
terça-feira, 21 de setembro de 2010
Inspiration
I miss your long texts, she said, they were a good company. A verdade é que também eu sinto falta deles. Dizem que se estivermos deprimidos, a criatividade jorra como fonte em inverno choroso. Se me dizem que não pareço tão jovial e animada como de costume, talvez isso fosse sinónimo de escrita profusa. Não é. Temos pena. Eu tenho pena. Não tenho é a pena do Shakespeare senão espetava-vos aqui com o Romeu e uma Julieta pós-modernos. Tenho teclas que são usadas para listar notas de testes diagnósticos e enviar mails profissionais. Teclas mortiças. Mas posso contar uma história:
Ele entrou, alto e bronzeado. Ela aproximou-se dele, roliça, com uma aura de solidão aconchegando-lhe as costas largas. Tocou-lhe no braço musculado e mostrou-lhes os papéis. Ele olhou para eles sem se dar conta da importância que o braço dele tinha na mão dela. Trespassava-lhe o círculo da solidão física que ninguém ousava invadir ultimamente. Ela culpava as poucas horas de passadeira e os belos rissóis de camarão do bar por essa ausência. Desceu do músculo para o cotovelo. Chegou-se para ele. Apontou para uma alínea, na página dois. Ele leu, concentrado. Ela fingiu olhar para a importância do artigo enquanto inspirava o seu perfume recentemente espalhado pelo corpo. Imaginou que ele lhe tocaria nas costas, arrebatando-a por momentos, dizendo, podemos ver isso depois, a sós, se quiseres. Ele acabou de ler. Ela perguntou-lhe se estava bem assim querendo que ele lhe tirasse a migalha do canto da boca. Ele respondeu que estava óptimo e sorriu abertamente, como sorrimos a uma criança que nos faz uma graça mas que não queremos levar para casa a dormitar no peito. Afastou-se, agradecendo-lhe. Ela fechou a pasta e o círculo em torno da sua solidão. Aproximou-se do bar e pediu mais um rissol.
Para a minha amiga R.
Que nunca deixemos de sonhar.
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Cinnamon
Toda a mulher quer uma mesma e única coisa: o impossível. Mas enquanto não se convence disso mesmo, contenta-se com um copo de vinho aveludado, Sade na aparelhagem e um homem sussurrando-lhe ao ouvido, enquanto lhe embala as ancas, palavras de amor incendiário, próprias dos amantes clandestinos. Uma mulher sem estes condimentos é como um pastel de nata sem canela: come-se... mas parece que sabe sempre ao mesmo.
domingo, 12 de setembro de 2010
Fears
Não sei o que me assusta mais - a possibilidade de o Carlos Cruz ser inocente ou os nove pontos de atraso que o Benfica tem do Porto.
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Published
Depois de alguns anos passados, descobri que todo o trabalho de pesquisa feito no mestrado foi finalmente publicado no tão desejado dicionário de termos literários, desta feita on-line. Goglei o meu nome e não é que apareço como autora dos quatro termos que elaborei? Fiquei toda orgulhosa. Foi uma boa sensação, já que imaginei que se iriam apropriar das definições e ignorar os autores (há professores assim... não são de confiar). Foi o melhor momento do meu dia. Recordou-me que sou capaz de fazer coisas interessantes para além do souflé de pescada e camarão.
terça-feira, 7 de setembro de 2010
Infamous country
A selecção portuguesa deve estar a sofrer com a sentença da Casa Pia. Passo a explicar. Reflectem um bando de miúdos assustados, abusados por cipriotas, pelo bacalhau alheio e sem a mão firme do "pai" tirano para os orientar. Chamem mas é o Carlos Cruz para seleccionador. Vem a custo zero e com todas as suspeitas da praxe. Se o quiserem despedir, basta perguntar a qualquer miúdo.
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
Channels
Antes do tremeluzir das imagens reflectidas nas córneas dos humanos ocupar o centro das salas de qualquer pequena família, os seres falantes produziam longas sequências de palavras ao jantar, alguns até com asneiradas pelo meio - que nunca fizeram mal a ninguém (a não ser ao seleccionador nacional). As pessoas invadiam-se sem pudores, perscrutando estados de alma no vítreo pestanejar que com elas partilhava a lareira. Amantes inexperientes falavam dos sacos de farinha comprados para o pão, das dores nas costas massacradas pelo trabalho do campo, descobrindo novos prazeres no roçar acidental das ancas. Interrompiam a profusão silábica para explorarem outros sons. Antes da caixa, falava-se da camisa que perdera o botão e do estranho inchaço no pulso. Falava-se de comida e de coisas fúteis. Diálogos futilmente imprescindíveis. Inventavam-se sentimentos como música de fundo, palavras doces eventualmente tão frágeis quanto ilusórias. Mas palavras. Música da alma. Por isso não consigo deixar de sentir uma profunda perda na minha génese assim que me agarro ao comando do MEO e me conforto com um zapping apaziguador.
terça-feira, 31 de agosto de 2010
Going back
Esta altura do ano é deprimente. O ar quente deprime. Temos vontade de ir a banhos mas o corpo está demasiado lasso para se arrastar para outras bandas. Temos vontade de mudar de emprego mas as estatísticas televisivas conseguem abafar qualquer aragem corajosa. Temos vontade de mudar o penteado mas o cabeleireiro fechou. Temos vontade de fazer novas comidas mas o mais óbvio e rápido vence sempre. Temos vontade de mudar tanta coisa mas assim que entramos na rotina deixamo-nos ficar, banais e sensaborões. Deve ser isto que chamam a depressão da rentrée. Não quero pensar muito no assunto. Até isso me deprime.
terça-feira, 24 de agosto de 2010
Need any balance?
Anda tudo doido. Melhor dizendo, os homens andam. Eles são os gordos, os carecas, os barrigudinhos, os franzinos, os armados em ciclistas de fim-de-semana, com calções alcochoados na partes íntimas e com os belos ténis de biqueira dura empoleirada, são os franganotes, são os bananas, são os de auto-estima reduzida, são os de auto-estima excessiva , com a testa bronzeada e os calções de Agosto com os sapatinhos de vela, são os optimistas, são os pessimistas, são os crentes e os descrentes. Mais gay, menos gay, mais desportivo e menos machão ou vice-versa também vale. Diabético, raquítico, hemofílico, ou saudável hipocondríaco. Vale tudo a bem dizer. Não há caramelo nenhum que não tenha uma balance power. A pulseirinha da moda promete flexibilidade extrema, tranquilidade superior à do Dalai Lama, e uma resistência alienígena do sistema imunológico.
Só para tirar a prova dos nove decidi investir 38 euros na dita borrachinha com o holograma quântico. Desde que a coloquei já fui deitar oito embalagens de iogurte na reciclagem. Uma a uma. Moro no nono andar. Fui pelas escadas. Vou agora sacudir à estalada os pombos que insistem em defecar nos vários parapeitos dos quartos, equilibrando-me no telhado. Treparei pelas janelas. Vou telefonar ao namorado para o avisar do que o espera. Vou recomendar a borracha a um amigo meu para lhe equilibrar outra coisa. Não sei se já fazem hologramas adequados ao escroto mas maravilhas esperam-se. Alguém telefone ao Jesus e avise que o Roberto precisa de uma coisa destas. Não há melhor. Não há mesmo!
Só para tirar a prova dos nove decidi investir 38 euros na dita borrachinha com o holograma quântico. Desde que a coloquei já fui deitar oito embalagens de iogurte na reciclagem. Uma a uma. Moro no nono andar. Fui pelas escadas. Vou agora sacudir à estalada os pombos que insistem em defecar nos vários parapeitos dos quartos, equilibrando-me no telhado. Treparei pelas janelas. Vou telefonar ao namorado para o avisar do que o espera. Vou recomendar a borracha a um amigo meu para lhe equilibrar outra coisa. Não sei se já fazem hologramas adequados ao escroto mas maravilhas esperam-se. Alguém telefone ao Jesus e avise que o Roberto precisa de uma coisa destas. Não há melhor. Não há mesmo!
domingo, 22 de agosto de 2010
A year in particular
Ouvia no outro dia a M80 não só para me aperceber de que os brancos que me gritam ao espelho não são fruto de cataratas precoces mas também para ter consciência de que não sou da década de noventa. Os anos dos enchumaços, cabeleiras com madeixas e blazers tamanho XXL é que são a minha onda. Saudades.
O locutor deu destaque a 1988, ano em que Rosa Mota ganhou o ouro em Seul. Lembro-me bem. Devido ao fuso horário desmesurado, a família acampou no sofá cama da sala e os três passámos a noite a aguardar a antecipada vitória da senhora portuguesa com nome de acelera. E lá vinha ela. Recordo com alegria as palmas de minha mãe e as lágrimas improváveis do meu pai. Senti o meu patriotismo de menininha elevar-se no peito e ... eis senão quando ela corta a meta... e levanta os braços. Dois tufos negros como doninhas enroscadas em suor expõem-se para todo o planeta. Segundos antes estava orgulhosíssima do feito daquela portuguesa e mal a fita caiu só conseguia pensar que todos iriam imaginar as portuguesas como seres cabeludos, descendentes imediatos de Sansão, sem Dalilas, máquinas, ceras ou gilettes que lhes cortassem o pêlo. Vergonha, vergonha. Que feito, exultava o país. A mulher correu 42 quilómetros para nos deixar na história como gajas que não se depilam. Não era um feito acessível a todas, verdade seja dita. Nem seria fácil de esquecer aquela visão espessa.
No Verão seguinte, lá rumámos a casa da família algarvia, numa altura em que o Algarve não era tão ALL e o país não empinava com o acampamento maciço de saloios e tripeiros. Olhar para as pessoas sempre me deliciou porque o manancial da estranheza e variedade que nos dão é tão rico como o Zoo de Lisboa, sendo que no Bairro Alto essa visão é mais imediata e feliz. Podemos inventar histórias e imaginar como será a intimidade dos estranhos na casa-de-banho, no quarto, no local de trabalho (este blog tem distopia no título, não digam que não foram avisados). Enquanto torrava a "pelinha" jovem e nada alérgica naquela altura, pude apreciar várias estrangeiras grandes e brancas, que emitiam sons guturais agressivos e semelhantes a símios em busca de acasalamento. Curiosamente, reparei que a alvura das suas longas pernas e braços era polvilhada por tufos estufadinhos semelhantes a alfaces enroscadinhas em sacos de plástico para se espraiarem pelas virilhas e braços firmes e hirtos através de pêlos mais ou menos pretos, absolutamente selvagens e indisciplinados, desconhecedores do fascínio das lâminas. Nessa altura, só nessa altura, achei que a pelagem da nossa Rosinha não era assim tão má. Afinal, garantira-lhe uma medalha de ouro, a coitada não foi para passear as várias cabeleiras para a praia. Todavia, passe o tempo que passar, quando penso naquela vitória, não consigo tirar a imagem dos braços erguidos e do bosque chamuscado mostrado ao mundo. São daqueles momentos dos anos 80. Ficam para sempre.
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
quinta-feira, 22 de julho de 2010
Rocks
Lapidação ou apedrejamento é uma forma de execução de condenados à morte. Meio de execução muito antigo, consistente em que os assistentes lancem pedras contra o réu, até matá-lo.
Li no outro dia na Visão que as pedras não podem ser pequenas a ponto de não causar mossa. Também não podem ser demasiado grandes a ponto de matar à primeira pedrada. Li também que os homens são enterrados até à cintura e as mulheres até aos seios. Fugir podem. Se conseguirem. Ah, e sem testemunhas. Aquelas que esperam, em pé, croquetes enrolados em turbantes e armados de calhaus just the right size.
Não li mais. Fiquei mal disposta.
Desculpem partilhar esta angústia convosco mas tenho saudades de escrever nem que seja sobre o sadismo de alguns muçulmanos.
quarta-feira, 14 de julho de 2010
Skin issues
Descobri recentemente, depois de uma breve exposição a um sol assassino, e de umas consequentes protuberâncias na minha pele eternamente resistente, que tenho uma pele sensível, especial, atópica. Sou o que a minha avó gentilmente denomina de "peido florido". Não sei de onde emana esta cheirosa expressão mas nada terá a ver com o nariz. Remete para os frágeis, delicados, quase intocáveis ou, até mesmo, os atacadinhos, palerminhas, florzinhas de estufa. Eu, morena de raiz, até às entranhas do meu ser, carregada de melanina no meu código genético, estou agora condenada a sair de casa com barrigadas de cremes, sprays, cápsulas, barrada como uma torrada mas frágil como nenúfar.
Primeiro, nada disto está relacionado com as minha ligação profunda ao mar e praia dos quais abusei ao longo da minha curta vida (a minha bitola comparativa é a minha granny - 88). Isto é culpa dos chineses e indianos que almejam o progresso vorazmente, a ponto de alargar o buraco de ozono como se fossem ginecologistas armados com bicos-de-pato.
Segundo, os dermatologistas são uma ordem menor de médicos. Têm um ar deslavado de quem abomina maquilhagem porque lhes causa alergias; mexem-se pouco para evitar que o suor lhes causa borbulhagem; não nos tocam na pele como os médicos que nos tratam como pedaços de carne e que sabem dominar toda a anatomia, como os cardiologistas; falam baixo e sem vigor para não irritar os poros; têm um ar frustrado de quem gostaria de estudar coisas mais interessantes abaixo da derme mas não os deixaram. Consequentemente, para libertarem esta tensão, rotulam-nos de "peidos floridos" obrigando-nos a gastar mais de 100 euros numa farmácia perto de si. Hate them. Hate them.
Não me posso irritar. Ainda me nascem borbulhas no cérebro.
segunda-feira, 12 de julho de 2010
Olé
Os nuestros hermanos lá levaram a taça do mundo. Olé para a garra dos toureiros vizinhos, olé para o polvo alemão, que não se livra da comparação com Delfos, olá para as pernas tentaculares do Iniesta,mas acima de tudo olé para o Casillas que cheio de tantas lágrimas de felicidade cagou para o directo, para o discurso óbvio, para o passarinho e espetou um bruta beijo na namororada, a bela jornalista desportiva que o entrevistava. É assim, ninguém resiste a um homem romântico e do nada, quando nada me pareceria arrancar um sorriso, o capitão espanhol marcou um golaço no coração do romantismo feminino. Watch and learn, watch and learn.
Um voto de simpatia para os Holandeses. Coitados. Já estava na altura. Mas o Robben já devia saber que uma daquelas não se falha, não se falha.
Um voto de simpatia para os Holandeses. Coitados. Já estava na altura. Mas o Robben já devia saber que uma daquelas não se falha, não se falha.
domingo, 27 de junho de 2010
Assessment
Hoje recebi um mail daqueles em cadeia. Típico. Parecem as tribos africanas mas sem o factor identidade a uni-los. Juntos somos uma força. Sozinhos não valemos nada. O problema é que é motivado por pobreza de espírito e também por um espírito mesquinho. Parte do texto incluía isto:
Lembra-se que a aplicação para denúncia implica que o candidato deva identificar colegas do respectivo grupo de recrutamento que tenham sido beneficiados e que o tenham ultrapassado por esse motivo, o que é fácil fazer, pois à frente do nome desses candidatos vem um asterisco. Aliás, a identificação de candidatos(s) é condição para o campo de texto livre abrir.
Assim, é só pegar em alguém (de preferência em vários candidatos) que esteja à frente do reclamante, mas com menos de um valor de diferença. É que o asterisco só diz que o candidato teve bonificação, mas não esclarece se foi de 1 ou 2 valores, ou seja, por efeito de Muito bom ou Excelente.
Assim, é só pegar em alguém (de preferência em vários candidatos) que esteja à frente do reclamante, mas com menos de um valor de diferença. É que o asterisco só diz que o candidato teve bonificação, mas não esclarece se foi de 1 ou 2 valores, ou seja, por efeito de Muito bom ou Excelente.
Pede-se então, que os professores enumerem os poucos "beneficiados" que os "ultrapassaram". Que se aponte o dedo aos culpados. Por acaso já estão identificados... curioso. Pede-se que se queimem vários candidatos na fogueira. Pede-se que se lute pela mesma situação em que sempre estivemos. A estagnação.
O que é engraçado é que esta colega que me enviou o mail não deve fazer a mínima ideia que eu sou uma daquelas que tem asterisco. Durante anos vi gente passar-me à frente não por razões de competência, não por mérito, nem por terem tido um desempenho académico superior. Algumas por sorte, outras porque são boas "licking someone else's boots" para ganharem mais umas horinhas. Quando surge uma oportunidade para avaliar o meu desempenho - correndo vários riscos de tal acontecer de forma injusta, dado que o sistema está longe de ser perfeito - agarrei-a imediatamente. Agora, que subi bastante, os restantes indignam-se e reclamam injustiça. Muita gente deixou-se ficar, outros não quiseram saber, outros tiveram medo. Agora, enviam mails com correntezinhas pobretanas, apelando ao sentido de invejazinha medíocre. Lixem o pessoal dos asteriscos porque eles subiram por alguma ilegalidade. Não se podem quebrar a estagnação totalitária. Longe da função pública se sujeitar a diferenciar o trigo do joio. Assim, no marasmo da indiferença é que as coisas se devem manter.
Olhem, pois eu, como gaja de ASTERISCO que sou, grito bem alto "Fuck that! Eu não quero ser igual a todos os outros. Eu quero ser melhor. Tenho dito.
sexta-feira, 25 de junho de 2010
Thoughts on the world cup
Antes que sejamos eliminados (surpreendo-me perante esta resistência) acho que devo fazer algumas considerações sobre o campeonato do mundo:
1- Que raio de língua fala o Dunga? Não é que a imprensa brasileira o odeie. O seu linguajar é que é indecifrável... Agora, que a imprensa se indigne com a agressividade que dele emana é que me surpreende. Com um nome destes, têm sorte em não sacar de um revólver e proibir os jornalistas de entrar na conferência de imprensa.
2- A Itália provou do seu próprio veneno. Tanta estratégia, tanto empata... Ma donna... ou a Eslováquia é muito boa, ou aqueles equipamentos Dolce e Gabanna apertam os mamilos do Canavarro e dos restantes companheiros de tal forma que os deixam sem fôlego.
3- É impressão minha ou os braços do Maradonna são demasiado curtos? Isso, ou o rapaz não está habituado a usar fatos de corte fino. Deêm-lhe lá o fato de treino, o cabelo louro e umas linhas... brancas...
4- Ao contrário do que dizem os brasileiros - peço desculpa pela minha xenofobia futebolística mas já não os aguento - Deus não é brasileiro. É irlandês. Justiça foi feita. Au revoir, France.
P.S.- Neste momento, a polícia carrega sobre adeptos no Parque das Nações... foram os polícias que estiveram a beber, está visto... Mais um festim para a imprensa sensacionalista.
domingo, 20 de junho de 2010
Nobel
A única coisa que posso dizer é que ao ler O Memorial do Convento, aos dezasseis anos, chorei baba e ranho com o final. Há momentos em que ainda me lembro da cena em que Blimunda e Baltazar se catam. Digo cena porque para mim os seus livros eram fílmicos. A pontuação, ou a falta dela, é para separar os leitores dos enchedores de estantes.
O gajo tinha um feitio tramado mas uma obra fabulosa.
Que ele aceite espalhar as suas cinzas na terra que foi incapaz de fazer a separação entre o homem e a obra denota alguma grandeza, mesmo na morte. (É para fazer as pazes com o Criador Não Existente:).
Portuguese priorities
Eu - Tens que pôr a miúda no colégio. É para lá que vão todas as amigas e o espaço até é bom.
Pai - Vai bem para M... Está perto da mãe e ela pode vigiá-la.
(Ténis da Timberland - 130 euros. Calças da Replay - 140)
Eu - A mãe vai ter tanto tempo como tu para a vigiar e se a colocasse numa escola com menos droga e maior supervisão não precisava preocupar-se.
Pai-É fácil falar mas já viste o que se gasta? Se fosses tu a gastar 300 euros por mês estavas mas era caladinha!
(Dois carros na garagem - BMW - carrinha e desportivo branco - não percebo nada de modelos. Só sei que são caros e a gasóleo)
Eu - É só no 5º e no 6º. Até ao nono é grátis. A miúda teve as melhores notas da turma, vocês deviam procurar um espaço que assegurasse uma educação capaz e menos variáveis preocupantes, como o facto de ela só ter amigos rapazes que trabalham muito pouco. Já nem falo da droga....
Pai - Vai para M... e vai muito bem!
Eu - tu nem gastas nada para ir para o trabalho. Vais a pé. Se gastasses o que eu gasto em combustível.
Pai - Não interessa. É muito caro. Se podemos pô-la numa escola em que não se paga nada, não vamos gastar só para nos armarmos em ricos...
Eu - (Fiquei sem palavras).
(fim-de-semana - vão de BMW, a acelerar até Évora, enfartar as barrigas no Fialho e gastar 150 Euros no almoço).
Moral da conversa: 1 - a educação não cai bem no estômago.
2 - diz-me o que vestes, digo-te qual a licenciatura que tiraste.
3 - Um aluno bom supera quaisquer variáveis.
4 - Antes um BMW na garagem do que um canudo invisível.
Pai - Vai bem para M... Está perto da mãe e ela pode vigiá-la.
(Ténis da Timberland - 130 euros. Calças da Replay - 140)
Eu - A mãe vai ter tanto tempo como tu para a vigiar e se a colocasse numa escola com menos droga e maior supervisão não precisava preocupar-se.
Pai-É fácil falar mas já viste o que se gasta? Se fosses tu a gastar 300 euros por mês estavas mas era caladinha!
(Dois carros na garagem - BMW - carrinha e desportivo branco - não percebo nada de modelos. Só sei que são caros e a gasóleo)
Eu - É só no 5º e no 6º. Até ao nono é grátis. A miúda teve as melhores notas da turma, vocês deviam procurar um espaço que assegurasse uma educação capaz e menos variáveis preocupantes, como o facto de ela só ter amigos rapazes que trabalham muito pouco. Já nem falo da droga....
Pai - Vai para M... e vai muito bem!
Eu - tu nem gastas nada para ir para o trabalho. Vais a pé. Se gastasses o que eu gasto em combustível.
Pai - Não interessa. É muito caro. Se podemos pô-la numa escola em que não se paga nada, não vamos gastar só para nos armarmos em ricos...
Eu - (Fiquei sem palavras).
(fim-de-semana - vão de BMW, a acelerar até Évora, enfartar as barrigas no Fialho e gastar 150 Euros no almoço).
Moral da conversa: 1 - a educação não cai bem no estômago.
2 - diz-me o que vestes, digo-te qual a licenciatura que tiraste.
3 - Um aluno bom supera quaisquer variáveis.
4 - Antes um BMW na garagem do que um canudo invisível.
segunda-feira, 14 de junho de 2010
Redeem
Antigamente o pessoal confessava-se ou limitava-se a sentir uma profunda vergonha por fazer figuras tristes. Os americanos são especiais. Como bons puritanos que são, depois de uma piela vergonhosa ou serem apanhados pela polícia (ainda a arrotar a donuts) com pintinhas brancas no nariz e com muito comichão, e da consequente fotografia hedionda com a placa prisional, tentam redimir-se. Não, não procuram um confessionário. Vão à Oprah ou ao David Letterman... pretty much the same, I guess.
quinta-feira, 10 de junho de 2010
Diets
X - Podemos ir comer um gelado?
A- Boa ideia.
H- Não, não posso. Encetei uma dieta porque não gostei do peso que a balança me deu hoje.
A - E qual foi?
H - 75 quilos.
X- Isso não é peso desagradável. É obesidade.
H- Olha que tu...!
X- Eu já pesei setenta quilos, sei bem o que digo.
H- Vocês vão ver, em Julho vou pesar menos cinco quilos.
A- Isso é muito, não te metas em loucuras!
X - Cinco quilos? Pois sim... como vais resistir? Tu adoras comida, :)!
H - Vais ver! Apostamos um jantar?
X- Já começas a descarrilar.....
P.S. - Um beijinho para ti, gulosa :))
A- Boa ideia.
H- Não, não posso. Encetei uma dieta porque não gostei do peso que a balança me deu hoje.
A - E qual foi?
H - 75 quilos.
X- Isso não é peso desagradável. É obesidade.
H- Olha que tu...!
X- Eu já pesei setenta quilos, sei bem o que digo.
H- Vocês vão ver, em Julho vou pesar menos cinco quilos.
A- Isso é muito, não te metas em loucuras!
X - Cinco quilos? Pois sim... como vais resistir? Tu adoras comida, :)!
H - Vais ver! Apostamos um jantar?
X- Já começas a descarrilar.....
P.S. - Um beijinho para ti, gulosa :))
Why?
Respondendo a um repto de uma blogueira que estimo muito, e simultaneamente de uma amiga que guardo no coração, aqui vai.
1. Porque que é que criou um blogue e, quando o criou, tinha expectativas de que fosse popular?
Criei um blog para saber se conseguia escrever para além do meu espaço profissional, para desabafar e para partilhar experiências. Não tinha quaisquer expectativas. Não faço ideia do número de pessoas que lêem o meu blog mas agradeço a todos os desconhecidos que o fazem por prazer.
Em que data exacta iniciou o blogue?
Se não me engano foi a 16 de Janeiro de 2008.
Nomeie 5 seguidores leais.
Acho que não tenho assim tantos:) mas aqui vai:
Obviário
A terceira via
À conversa
A mulher de trinta anos
Kafka
1. Porque que é que criou um blogue e, quando o criou, tinha expectativas de que fosse popular?
Criei um blog para saber se conseguia escrever para além do meu espaço profissional, para desabafar e para partilhar experiências. Não tinha quaisquer expectativas. Não faço ideia do número de pessoas que lêem o meu blog mas agradeço a todos os desconhecidos que o fazem por prazer.
Em que data exacta iniciou o blogue?
Se não me engano foi a 16 de Janeiro de 2008.
Nomeie 5 seguidores leais.
Acho que não tenho assim tantos:) mas aqui vai:
Obviário
A terceira via
À conversa
A mulher de trinta anos
Kafka
segunda-feira, 7 de junho de 2010
Roses are red ...
terça-feira, 1 de junho de 2010
Sorry to interrupt...
Ontem apeteceu-me enfiar-me num centro comercial num intervalo do trabalho para respirar a frescura do ar condicionado. Depressa passei revista às montras para me enfiar na Fnac. Parei os olhos no novo livro da Inês Pedrosa tão elogiado na manhã da Antena 1, por um dos jornalistas do Hotel Babilónia. Raptei-o por momentos e acantonei-me no refúgio dos leitores pobres. Já ia na página vinte quando me perguntou:
- Desculpe se a interrompo mas, não acha fantástico estarmos aqui a ler, podendo usufruir momentaneamente dos livros sem dar nada em troca?
Estava todo vestido de branco e tinha um ar estrangeirado. Uns óculos muito escuros na cabeça queimada pela longa ausência de cabelo.
- Sim, é óptimo - disse, imaginando que vinham a caminho umas mariquices para me interromper a leitura lançada.
- Já decidiu se vai levar o livro? - perguntou. - Há livros que valem a pena, outros limitam-se a ocupar espaços.
- Visto nessa perspectiva, sinto que depois de lido, por muito bom que seja, não será retirado da estante para leituras futuras. Ainda estou a decidir.
- Talvez os algarismos na parte de trás a convençam.
- Bem visto - olhei para a contracapa - provavelmente volto na quarta para novo avanço. Sorri.
- Eu tenho centenas de livros espalhados pela vida de outras pessoas. Guardo-os nesta memória de um velho de 85 anos. É o suficiente.
- Bem gostaria de fazer o mesmo. Tenho uma relação de posse com os livros. Poucas coisas me despertam ciúme ou revolta como os meus livros. Empresto mas gosto que regressem às minhas estantes.
- Mais uma vez, desculpe incomodá-la, não queria perturbar a sua leitura mas é que fiquei viúvo recentemente e sabe, tenho-me sentido um pouco sozinho. Tenho saudades de conversar.
Os olhos encheram-se de água e rasgou os lábios com um sorriso de dentes velhos mas persistentes.
- Lamento muito a sua perda - respondi-lhe. (Acho que nunca tinha dito isto de forma tão sentida.)
- Também eu - afirmou, sorrindo uma vez mais.
Falámos do cizentismo dos portugueses, de Nietzsche, de Padre António Vieira, de gargalhadas e de como às vezes é bom falar com estranhos. Chama-se Francisco José e provavelmente nunca mais falarei com ele. Há muito tempo que não me acontecia uma conversa tão boa.
quinta-feira, 27 de maio de 2010
Women waiting for boring meetings
C1- Não sei há quantos anos não mudo a cama!
A- Ah, sim? Então porquê?
C- O meu marido é tão obsessivo que só como ele faz é que está bem. Então eu faço-lhe a vontade... deixo-o fazer. Há vários anos. (ri-se)
A- Bem, o meu namorado também acha que só ele sabe colocar as embalagens de leite por data... mais recentes atrás, mais velhas à frente... passo-me com estas picuinhices.
C- O teu namorado não enfia cotonetes no ralo do lavatório para limpar, pois não?
A- Isso não.
C- Então não sabes o que é ser picuinhas.
C2 - A minha cunhada é mesmo loira burra.
A- Porque dizes isso?
C2 relata vários episódios, todos sem qualquer momento de humor. As restantes três mulheres, ainda a tentar digerir o almoço simpático não fazem o mínimo esforço por rir ou tentar entender.
A -Porque casou o teu cunhado com ela?
C2 - Não faço a mínima ideia.
M - Ela é gira?
C2- Nada!
A, C1 e M ficam em silêncio mas conseguem ler nos silêncios umas das outras: (Tás é mal resolvida; isso é dor de cotovelo, as mamas da outra devem ser maiores, falta-te algo nessa vidinha que levas....)
A- Ela lixa-te a vida?
C2- Não, claro que não. Achas?
A - Por momentos parecia...
M- Eu também tive um tipo por muitos anos.
A- Falas dele com carinho... tens saudades?
M- Não. A coisa nem sempre funcionava. Só com o J é que tive um orgasmo. Nem sabia o que isso era em todos os anos que estive com o M.
A - Então e sozinha? Não brincavas aos DJs?
C1 (rindo-se) - Parece que não.
A- Ah, sim? Então porquê?
C- O meu marido é tão obsessivo que só como ele faz é que está bem. Então eu faço-lhe a vontade... deixo-o fazer. Há vários anos. (ri-se)
A- Bem, o meu namorado também acha que só ele sabe colocar as embalagens de leite por data... mais recentes atrás, mais velhas à frente... passo-me com estas picuinhices.
C- O teu namorado não enfia cotonetes no ralo do lavatório para limpar, pois não?
A- Isso não.
C- Então não sabes o que é ser picuinhas.
C2 - A minha cunhada é mesmo loira burra.
A- Porque dizes isso?
C2 relata vários episódios, todos sem qualquer momento de humor. As restantes três mulheres, ainda a tentar digerir o almoço simpático não fazem o mínimo esforço por rir ou tentar entender.
A -Porque casou o teu cunhado com ela?
C2 - Não faço a mínima ideia.
M - Ela é gira?
C2- Nada!
A, C1 e M ficam em silêncio mas conseguem ler nos silêncios umas das outras: (Tás é mal resolvida; isso é dor de cotovelo, as mamas da outra devem ser maiores, falta-te algo nessa vidinha que levas....)
A- Ela lixa-te a vida?
C2- Não, claro que não. Achas?
A - Por momentos parecia...
M- Eu também tive um tipo por muitos anos.
A- Falas dele com carinho... tens saudades?
M- Não. A coisa nem sempre funcionava. Só com o J é que tive um orgasmo. Nem sabia o que isso era em todos os anos que estive com o M.
A - Então e sozinha? Não brincavas aos DJs?
C1 (rindo-se) - Parece que não.
terça-feira, 25 de maio de 2010
I am not a lucky girl
Já que estava em casa à hora de almoço, aproveitei para ouvir a Radar e me fazer ao passatempo Grizzly Bear, que tocam amanhã no Coliseu com a Cibele a fazer a primeira parte. Almocei a correr e não levei o pc comigo porque achei que 10 minutos não iam fazer a diferença (tenho o stereo morto e enquanto não mudo de casa, vou ouvindo pelo PC) ... quando regressei, ainda a deglutir o peixe, descobri que outro urso qualquer me tinha roubado o bilhete! M*^*^*^a. Tenho mesmo um azar do C*^*``@*´~*!! Mais valia ter ido de pijaminha dormir para a IKEA de Loures, sempre me safava com um beliche ou uma cadeirinha para o escritório.
A crise faz-me procurar alternativas nem sempre muito viáveis ou inteligentes, mas crise é crise, e se não a levo a sério, começo a fazer fila para outras coisas mais básicas como uma simples sopa.
domingo, 23 de maio de 2010
The secret of her eyes
Passei a ter mais apreço por Hollywood, ou melhor, pela Academia que consegue reconhecer num filme estrangeiro aquilo que deixou de fazer há muito: contar belas histórias de amor. Tudo sem beijos deslambidos, explosões exageradas e argumentos descabidos. Como se não bastasse, ainda conseguem colocar-lhes uma linguagem brejeira plausível (talvez porque os Fuck só me lembrem músicas de hip-hop) e um sentido de humor muito latino. El secreto de sus ojos é também um filme de amor intenso, das vidas que invejamos, das várias formas de manifestar sentimentos profundos por alguém, por mais estranhas e tortuosas que sejam, de paixões doentias, dos malefícios da ditadura e de como esganou, desviou e desfez a vida dos argentinos. A beleza que nos fica dos olhares intensos e dos amores por cumprir, depressa se desmorona quando saímos do King, única sala de jeito em que o filme está a ser exibido, e percebemos que o nosso imaginário apaixonado nada tem a ver com a realidade.
Filmes sobre amores assim só fazem mal. Abstenham-se.
quinta-feira, 20 de maio de 2010
Speechless
Ora bem, hoje acordei e decidi levar o jipe Volvo do meu vizinho porque a forma ostensiva como estacionava em frente ao muro da minha casa perturbava a minha existência pobre. ALém disso, o leitor de Cds do meu carro foi à vida há anos e a aparelhagem que berra dentro daquele sueco preto todo climatizado é uma afronta à minha integridade e sanidade musical. Já não aguento a voz do cromo da RFM que repete os nomes dos cantores como se estivesse a cagar um melão. Por estes motivos, levei o jipe. Não vejo qualquer motivo para perderem a confiança no meu trabalho e/ ou na minha pessoa. Descansem, não planeio fotografar o meu pipi nem as minhas maminhas. Livre-nos Deus de tal heresia.Fónix. Ainda me metem entre grades com umas brutamontes acusadas de matar os maridos à machadada, isso ou enfiam-me num qualquer anexo da Câmara de Sintra, que ainda é pior!
Não percebo muito bem o que acabei de dizer mas como o país está agora, até posso ganhar o Booker prize.
Não percebo muito bem o que acabei de dizer mas como o país está agora, até posso ganhar o Booker prize.
quinta-feira, 13 de maio de 2010
terça-feira, 11 de maio de 2010
Women having something to drink
Conversa entre três mulheres da mesma geração.
X- Tu precisas urgentemente de um rapazinho para te desarrumar os lençóis. A tua carência está a ganhar caruncho.
M- Nem me digas nada, já nem me lembro de dar beijinhos.
X- Ao falar em lençóis imaginava uma ginástica maior do que as línguas, mas está bem. Podias comprar um vibrador, o que achas?
M- Vais comigo?
X- Claro.
C- Mas isso não vai suprimir a necessidade que ela tem de dar beijos!
X- Como é evidente mas tem alguma coisa com que se entreter. Pelo menos isso não achas?
C- Tu tens um para estares a sugerir isso?
X- Claro! Recentemente troquei-o por outro porque já parecia um cortador de relva. Fazia uma barulheira que não se podia.
C- E o que é que o teu namorado pensa disso?
Silêncio.
X- A M está a ficar carunchosa mas tu já estás a naftalina há muito tempo!
M - Vamos, vamos. Quero um.
Gargalhadas. C. cora.
X- Tu precisas urgentemente de um rapazinho para te desarrumar os lençóis. A tua carência está a ganhar caruncho.
M- Nem me digas nada, já nem me lembro de dar beijinhos.
X- Ao falar em lençóis imaginava uma ginástica maior do que as línguas, mas está bem. Podias comprar um vibrador, o que achas?
M- Vais comigo?
X- Claro.
C- Mas isso não vai suprimir a necessidade que ela tem de dar beijos!
X- Como é evidente mas tem alguma coisa com que se entreter. Pelo menos isso não achas?
C- Tu tens um para estares a sugerir isso?
X- Claro! Recentemente troquei-o por outro porque já parecia um cortador de relva. Fazia uma barulheira que não se podia.
C- E o que é que o teu namorado pensa disso?
Silêncio.
X- A M está a ficar carunchosa mas tu já estás a naftalina há muito tempo!
M - Vamos, vamos. Quero um.
Gargalhadas. C. cora.
segunda-feira, 10 de maio de 2010
terça-feira, 4 de maio de 2010
Women at forty
Ela- A minha irmã, agora, aos 40 é que decidiu ter uma filha. Mas é linda, não é? (mostra-me a fotografia no telemóvel).
Eu- É muito bonita. Parabéns! Sai a quem?
Ela- Ao pai não é! Pirou-se, acreditas? Mas vai ter que assumir responsabilidades.
Eu- Há tipos do pior... Nunca querem saber dos filhos. Estiveram juntos quanto tempo?
Ela- Um ano.
Eu- Andavam há quanto tempo quando a tua irmã ficou grávida?
Ela- Há uns 3 meses, acho eu.
Eu - Isso foi mesmo repentino. A tua irmã quis apressar-se, foi? Com a chegada dos 40 as mulheres começam a fazer contas ao relógio biológico.
Ela - Não. aconteceu e ela não sabe como.
Eu- A tua irmã tem um doutoramento em Matemática aplicada e não sabe fazer contas ao período fértil?
Ela- (Sorri) Provavelmente não. Ela diz que não sabe como aconteceu, o que é que queres?!
Eu- E ele quis?
Ela- Quis o quê?
Eu- A filha, que mais havia de ser!
Ela- Ele? Não! Achas? Queria que a minha irmã abortasse, o animal Coitada, passou uma gravidez terrível.
Eu - Acredito. O que é que ele fazia?
Ela - É vendedor imobiliário. Foi ele que lhe vendeu a casa.
Eu - Ela devia ver a filha como uma outra aquisição. Se ele não a "comprou" com ela, não te parece um pouco incoerente que agora também pague prestação?
Ela- Fogo, A. tu às vezes pareces um homem a pensar!
Eu- É muito bonita. Parabéns! Sai a quem?
Ela- Ao pai não é! Pirou-se, acreditas? Mas vai ter que assumir responsabilidades.
Eu- Há tipos do pior... Nunca querem saber dos filhos. Estiveram juntos quanto tempo?
Ela- Um ano.
Eu- Andavam há quanto tempo quando a tua irmã ficou grávida?
Ela- Há uns 3 meses, acho eu.
Eu - Isso foi mesmo repentino. A tua irmã quis apressar-se, foi? Com a chegada dos 40 as mulheres começam a fazer contas ao relógio biológico.
Ela - Não. aconteceu e ela não sabe como.
Eu- A tua irmã tem um doutoramento em Matemática aplicada e não sabe fazer contas ao período fértil?
Ela- (Sorri) Provavelmente não. Ela diz que não sabe como aconteceu, o que é que queres?!
Eu- E ele quis?
Ela- Quis o quê?
Eu- A filha, que mais havia de ser!
Ela- Ele? Não! Achas? Queria que a minha irmã abortasse, o animal Coitada, passou uma gravidez terrível.
Eu - Acredito. O que é que ele fazia?
Ela - É vendedor imobiliário. Foi ele que lhe vendeu a casa.
Eu - Ela devia ver a filha como uma outra aquisição. Se ele não a "comprou" com ela, não te parece um pouco incoerente que agora também pague prestação?
Ela- Fogo, A. tu às vezes pareces um homem a pensar!
segunda-feira, 3 de maio de 2010
After all
Afinal... é para a semana. Paciência.
Aquele rapaz com nome de pomada marcou um grande golo, há que dizê-lo.
Aquele rapaz com nome de pomada marcou um grande golo, há que dizê-lo.
domingo, 2 de maio de 2010
Today is the day
Hoje é o dia em que o Benfica ganha o campeonato no Dragão. Apesar das incompreensíveis decisões da arbitragem portuguesa, apesar dos amarelos inadmissíveis do Falcão, Bruno Alves (ai esse ainda joga... cuidado com as canelas, e os tomatinhos, e o queixinho...), apesar de pedras de calçada (se não forem lisboeta não tem a mesma elegância), apesar das bolas de golfe, apesar da tinta azul, apesar da raiva de um bando de selvagens que só estraga o espectáculo futebolístico. Hoje é o dia. Se não for hoje, ganha pá semana, carago. Tá reservado na mesma.
Nota: Se alguém quiser fazer comentários depreciativos sobre a minha paixão futebolística, responderei com um excerto do Rei Lear, ou outra qualquer obra shakespeariana. Beijinhos.
quinta-feira, 29 de abril de 2010
INDIE
XXXXXXXXXXXXXXX
Andava a resistir à tentação de comprar um cd de uma banda que me deixava de ouvido pendurado na Antena 3. Hoje cedi, depois de me chicotear até fazer sangue na celulite imaginária que tenho e lá comprei o cd. Pensei em fazer uma surpresa e, como tinha falhado os Florence and the Machine, achei que seria boa ideia ir ouvir esta banda nova-iorquina à Aula Magna. E não é que a m... dos bilhetes esgotaram numa semana, há uns dois meses?????? Venha de lá a porcaria do chicote outra vez!
sexta-feira, 23 de abril de 2010
Temptations
O V. gosta de ouvir a Antena 1. Eu sou mais de músicas mas rendo-me ao Hotel Babilónia. No sábado passado o Pedro Rolo Duarte disse que o melhor arroz byriani se comia num restaurante fantástico, uma pérola goesa escondida na Mouraria. O alarme soou logo. Adoro sugestões culinárias, ainda para mais das exóticas. Ontem descobrimos as Tentações de Goa. O jantar foi tão bom, tão orgásmico, tão prolífico em especiarias, tão especialmente simples e intenso que até me pediram em casamento.
Afinal, não passou de um equívoco. O pedido, porque a comida é uma perdição. Seja como for, já percebi porque são tantos os indianos. Esta comida só me dá vontade de regressar a casa, mergulhar nos lençóis e fazer filhos até à exaustão. Casada ou não.
segunda-feira, 19 de abril de 2010
Eruptions
Num mundo onde tudo é fast, um vulcão com mais impacto que o 9/11 ainda não tem a porra de uma abreviatura?! Jokul parece-me bem. Lembra-me o sombrio Dr. Jeckyl.
terça-feira, 13 de abril de 2010
A surprise
Fui ao Centro Cultural de Belém ver a exposição da Joana de Vasconcelos e acabei por descobrir uma história de vida bem mais interessante - Annemarie Schwarzenbach. Estes acasos é que tornam os centros culturais interessantes.
The spy
Os vizinhos começaram a discutir. Uma vez mais. Depois do jantar. Quando ele chega. As vozes altas e roucas, gastas de tanta ofensa. Os gritos e as interjeições atropelam-se com o esbracejar imaginário. Na televisão nada de jeito. A vizinha foi comprovar se a teoria do copo funcionava. Encostou a orelha à parede e o copo de whisky vazio definiu-lhe os impropérios através da parede. "Dei-te 16 anos da minha vida!", gritava ele; "Fartaste-te de comer do que era dele (sogro), não me venhas falar em dever obrigações" guinchava ela, à medida que a voz se afastava pelo apartamento. Ele mantinha-se numa espécie de escritório, paredes meias com a cozinha da escuta oportunista. "A guarda não pode ser conjunta. Vai e deixa-me trabalhar, que alguém tem que pôr dinheiro em casa" ele; "Tu és um inocente... "e afastava-se uma vez mais. O facto de obter mais informações do marido do que da mulher, prestes a deixarem de o ser, não ajudava a esclarecer a raiva. Se houvesse porrada chamaria a polícia, decidiu. Repetiam-se muitos pronomes "Tu, tu, tu, tu... ai, sim??? EU, eu, eu? Ai foi?" Tá bem, tá bem... A ti já te conheço de ginjeira!". Supunha que sim, depois de ouvir a história dos 16 anos. Nunca os viu nos elevadores. Nunca se cruzaram mas ouve-lhes as batalhas verbais em horário nobre. Esta última fluída, através do vidro.
Cansou-se de tanto ódio. Sentou-se no sofá com o comando numa mão, acariciando a cabeça dele com a outra. Passou uma hora. A batalha perdurava com sangue a sair-lhes das cordas vocais. Despojos de dezasseis anos que mais parecem um engano. Desligaram a televisão e foram deitar-se, afastando-se dos urros e ataques desferidos no apartamento ao lado. Fizeram amor e devolveram-lhes a amabilidade com gemidos. Aninharam-se um no outro e adormeceram com a certeza de não quererem acabar assim.
Church at its best
Antes da Igreja ser o que é hoje, uma instituição limpa, digna e honrada, os padres podiam casar-se. Faziam-no, aliás, porque era normal que tal acontecesse. Os sacerdotes que ocupavam uma posição elevada na hierarquia usufruíam de algumas benesses e adquiriam bens por herança ou porque o Rei entendia atribuir-lhes mais algumas alvíssaras, dependendo da sua dedicação ao povo consumido pelas infestas pestes medievais. Quando o sacerdote morria, a sua riqueza era naturalmente herdada pelo primogénito, sendo que o segundo filho ficava geralmente remetido a uma vida de clausura e conhecimentos eruditos num qualquer mosteiro do centro da Europa. A Igreja agradecia mais um monge para alargar a voz das suas preces mas, agradeceria mais, claro, se a riqueza do filho primogénito fosse para engrandecer os bens de nosso Senhor. E assim nasceu o celibato.
Razões de gula económica inventaram uma repressão física para garantir que os bens dos sacerdotes não fossem herdados pela família deste. Não há qualquer explicação lógica relativamente à capacidade de devoção e entrega! Esta não é inversamente proporcional caso o padre constitua família. Coitados dos rebanhos protestantes se assim fosse. A grande verdade é esta.
A Igreja tornou-se uma espécie de máfia que lança poeira para os olhos dos devotos, assim como um líder futebolístico acusa o adversário de vitórias compradas no balneário. É uma espécie de Hitler que, para desviar a atenção dos seus verdadeiros intentos ou encobrimentos gravíssimos, culpa os judeus pela miséria económica do país, convencendo um povo ignorante e ávido de estabilidade económica.
Peço desculpa se exagerei nas comparações. Seria quase tão grave como dizer que a pedofilia está directamente relacionada com a homossexualidade...
O secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, estabelece uma relação entre pedofilia e homossexualidade, rejeitando uma ligação ao celibato a que estão submetidos os padres.
"Demonstraram muitos sociólogos, muitos psiquiatras, que não há uma relação entre celibato e pedofilia, mas muitos outros demonstraram, e disseram-mo recentemente, que há uma relação entre homossexualidade e pedofilia", declarou aos jornalistas Tarcisio Bertone, que se encontra em visita ao Chile.
"Isto é verdade, este é o problema", sublinha o número dois do Vaticano, citado pela agência EFE, quando questionado sobre se a suspensão do celibato ajudaria a acabar com os casos de abusos sexuais a menores cometidos por sacerdotes.
"Demonstraram muitos sociólogos, muitos psiquiatras, que não há uma relação entre celibato e pedofilia, mas muitos outros demonstraram, e disseram-mo recentemente, que há uma relação entre homossexualidade e pedofilia", declarou aos jornalistas Tarcisio Bertone, que se encontra em visita ao Chile.
"Isto é verdade, este é o problema", sublinha o número dois do Vaticano, citado pela agência EFE, quando questionado sobre se a suspensão do celibato ajudaria a acabar com os casos de abusos sexuais a menores cometidos por sacerdotes.
in Expresso.
Eu conheço pelo menos dois pedófilos. Um convidava-me a visitar a casa dele mostrando-me brinquedos para lá da janela ao mesmo tempo que me mostrava outras coisas. Um muro e uma estrada separava-nos. Isso e algumas pedras que eu lhe atirei e que lhe partiram a janela da cozinha. Não lhe consegui acertar. Eu tinha sete anos. É um homem solitário. Não se lhe conhecem aventuras com homens nem mulheres. O outro é casado. A mulher está acamada. Ele gostava de levar meninas para a praia para as ensinar a nadar. A forma como gostava de agarrar as meninas não estava nos manuais de natação.
As crianças que foram mais do que avisadas pelos pais ( que têm noção que há por aí muito tarado), topavam-nos de imediato. Eu fui uma delas.
Algumas das pessoas mais importantes da minha vida são homossexuais. São, mas só por acaso. Podiam ser heterossexuais, into bondage ou afins.
Fazem-me muito feliz. Adoro-os. Um dia os meus filhos chamar-lhes-ão tios e tias.
Permitir que associações destas sejam feitas publicamente é tão vergonhoso como o agitar uma boneca e uma flauta do outro lado da rua, juntamente com outros pendiricalhos, para que uma inocente de fato vermelho com pequenos barquinhos se deixe iludir pela mentira. Merdas destas metem-me nojo. P... que os pariu a todos.
quinta-feira, 8 de abril de 2010
How to spot a homophobic
-Viste a Oprah ontem?
- Não, porquê?
- Estava lá aquela da cabelo curtinho, loira, que tem um programa que te faz rir muito...
- A Ellen Degeneres?
- Sim, essa. Deu o casamento dela. Ela era o homem, ia vestida de homem porque a namorada ia linda, vestida de noiva... vão dar isto para a televisão... devem pensar que fazem uma linda figura...
Silêncio.
Se fosse há uns dois anos, cansava-me, usava da minha melhor retórica, até ficar sem voz. Hoje:
- Hoje não almoço com vocês, mãe, ok?
- Ok.
- Não, porquê?
- Estava lá aquela da cabelo curtinho, loira, que tem um programa que te faz rir muito...
- A Ellen Degeneres?
- Sim, essa. Deu o casamento dela. Ela era o homem, ia vestida de homem porque a namorada ia linda, vestida de noiva... vão dar isto para a televisão... devem pensar que fazem uma linda figura...
Silêncio.
Se fosse há uns dois anos, cansava-me, usava da minha melhor retórica, até ficar sem voz. Hoje:
- Hoje não almoço com vocês, mãe, ok?
- Ok.
segunda-feira, 5 de abril de 2010
Hi, sweety, how are you?
Uma das minhas melhores amigas ligou-me para relembrarmos tempos da faculdade. Perguntei-lhe imediatamente se alguém tinha morrido porque aparentemente parece ser esse o único motivo para que, infelizmente, nos reunamos com alguma frequência. Com tantas formas de nos ligarmos tecnologicamente, estamos mais afastadas que durante as férias na faculdade. "Não, está tudo vivo", respondeu-me. Aliás, o motivo do seu telefonema tinha a ver com vida. Uma nova. A segunda gravidez. Tento sempre mostrar o meu maior entusiasmo quando digo "Parabéns, que bom!", mas, não sabendo muito bem porquê, acho que um mar de enjoos matinais e de boa comida espraiada na sanita me parece motivo de alguma infelicidade. Isso, e a minha racionalidade que me indica que em tempos de crise avançar para o segundo filho é uma espécie de suicídio. Provavelmente, um dia, irei perceber a frase "curtir a minha gravidez" sem me imaginar um boneco de neve feliz, com manchas na testa e mamas XXL... quando deixar de ser egoísta e de pensar que viverei numa eterna juventude, com metade do mundo ainda para conhecer. Para já, tento parecer o mais entusiasmada possível. Adoro-a e percebo a sua felicidade. "Que bom, querida. Pode ser que seja um gajo. Tanta "sobrinha" começa a ser demais." disse-lhe, assim, como quem fica delirante com a coisa.
domingo, 4 de abril de 2010
Small things
Ontem fui tomar um copo ao casino de Lisboa com uma amiga. Estas noites estão frias demais para andar a cirandar pelo centro da cidade, por isso ficamo-nos pelas zonas periféricas, onde o carro e o aquecimento circulam mais livremente.
Aquele bar que roda é engraçado. A música era boa. Uma cantora de meio jazz, meio bossa nova, meio blues. Bons músicos. A cada canção finda, nada de aplausos. Um vazio de regojizo, um chorrilho de conversas e risadas paralelas.
A banda retirou-se e surgiu uma jovem elegante e musculada com uns longos cabelos encaracolados. Desceu uma corda grossa do tecto e ela ao encaminhar-se para ela, liberta-se do véu que lhe enrola os seios e deixa-se ficar assim, com calças pretas justas, uma tatuagem longa e espinhosa nas costas e umas belas tetinhas empoleiradas. E foi vê-los e vê-las a chegar. A senhora era dotada de grande ginástica, sim senhora, sabia como prender uma corda grossa entre as pernas, sabia mexer os belos cabelos ondulados, mas aquilo que ela sabia verdadeiramente era o poder das suas mamitas. À medida que o bar rodava, eu, de costas, conseguia ver o público entusiasmado. Elas, admirando a ginástica e as curvas, curvando as sobrancelhas e num laivo inconsciente de inveja, afirmando " A tatuagem é mesmo feia". Eles, novos, paravam logo. Abriam as bocas num sorriso inocente e impulsivo, de homens das cavernas que ainda não provaram o suficiente de jovens presas. Os mais velhos tentavam disfarçar o entusiasmo. Ou bebendo para apaziguar a fleuma, ou rodando o braço em torno da companheira indicando-lhe que está entusiasmado para o resto da noite. Ela olha-o, pouco agradecida. Imagina que não será por si o entusiasmo e estupidamente, rosna-lhe com alguma indiferença. O palco vai rodando. A jovem desce. Todos aplaudem efusivamente. Parecia um concerto da Diana Krall. O que faz um par de mamas... Um homem jovem ainda se mantém, em pé, expectante, com a boca escancarada a mastigar uma pastilha revolto, como se isso pudesse apaziguar o sangue palpitante que o invadiu de repente. Enfim. Mamas.
sábado, 3 de abril de 2010
Happiness
Coisas que um homem terá dificuldade em compreender:
Créme preventión - Channel - 95 Euros
Eau de Parfum Insolence - 85 Euros
Vestido beje Sacoor - 75 Euros
Sandálias castanhas Red Oak - 115 Euros
Brincos Satellite Pedra Dura - 60 Euros.
Infelizmente, também a minha conta bancária tem dificuldade em encaixar estes conceitos e valores. Por isso é que continuou tudo nas prateleiras e nas montras.
Seja como for, vim com umas lindas maçãs e pescoço perfumados e rejuvenescidos.
quinta-feira, 25 de março de 2010
Do you want to go grizzly?
A RADAR faz-me ouvir estas coisas. Sinto-me como se redescobrisse uns novos Beatles. Uns mais alternativos e menos bafientos. Gosto. Não sei bem porquê. Como se isso interessasse...
terça-feira, 23 de março de 2010
Innocence
Lara. 3 anos. Chora antes de tomar banho. Ao mesmo tempo que a ama a arrasta docemente para a banheira, grita "Eu quero que o Pedro vaia!". Pedro, dois anos e meio, vem atrás dela. Penso:" Fogo, tão cedo já com tanto pudor..."
A ama exclama: "não sejas assim, Lara". A outra ama pergunta o que se passa. "Ela quer que o Pedro a veja a tomar banho e ele não quer. Está ali na sala. Não quer vir." E Lara grita da banheira "quero que o Pedro vaia! Pedro!".
A ama exclama: "não sejas assim, Lara". A outra ama pergunta o que se passa. "Ela quer que o Pedro a veja a tomar banho e ele não quer. Está ali na sala. Não quer vir." E Lara grita da banheira "quero que o Pedro vaia! Pedro!".
Somos tão inocentemente loucos antes da catequese...saudades.
quinta-feira, 18 de março de 2010
terça-feira, 16 de março de 2010
sexta-feira, 12 de março de 2010
Just odd
Não vos parece estranho que um aluno possa transitar sempre de ano com negativa a Português ou a Matemática ( as duas juntas é que não)?
Não vos parece estranho que apesar de reprovar nas provas de recuperação, um aluno do básico, dentro da escolaridade obrigatória, possa e deva ir às aulas mesmo que nada faça, reprove sistematicamente ou nem sequer compareça às horas marcadas para a realização da prova em questão (fora do horário lectivo do professor)?
Não vos parece estranho que um aluno mande um professor para o cara..... porque não ficou satisfeito com a nota do teste?
Não vos parece estranho que um aluno pergunte se pode atender o telemóvel e sair da sala porque é o pai e pode ser urgente?
Não vos parece ainda mais estranho estranho que um pai ameace um professor por não ter deixado o filho daquele atender o telemóvel DURANTE A AULA?
Não vos parece estranho que um professor seja pressionado para passar todos os alunos dos cursos profissionais por questões meramente estatísticas e económicas?
Não vos parece estranho que uma professora oiça de um aluno do 7º ano - que mandou para a rua por muito mau comportamento - "Suck my dick", com um à vontade de chulo que ganha destaque na MTV?
Não vos parece estranho que um professor seja acusado de incompetência e fragilidade mal afirme que a má formação pode EVENTUALMENTE estar relacionada com a educação dada pelos pais?
Não vos parece estranho que um professor se suicide porque os alunos os atormentam, ofendem e desrespeitam todos os dias?
Eu sou professora e sou feliz. Cada vez mais acho que, perante a conjuntura actual, a estranha sou eu.
quarta-feira, 10 de março de 2010
segunda-feira, 8 de março de 2010
Just speak...
Os pais de hoje não têm tempo para falar com os filhos.
Os pais de hoje levam os filhos aos psicólogos para que falem com eles.
Os psicólogos traduzem a linguagem do silêncio dos filhos para os pais.
Depois da hora de conversa confidencial, os pais pagam para ouvir o discurso indirecto dos filhos pela boca dos especialistas e levam o receituário para curar as suas maleitas.
Depois de um mês de silêncio, voltam para que alguém ligeiramente mais estranho volte a escutar os seus filhos e perceba porque estão tão silenciosos e desmotivados.
Falam, traduzem e apresentam o recibo. É uma linguagem de ricos, para crianças ricamente silenciosas.
Os coitados que não têm tradutores, atiram-se ao rio ou enforcam-se com fios da electricidade.
Vivemos na Torre de Babel dos afectos.
quinta-feira, 4 de março de 2010
Women having lunch
Eu - E então ela vestiu exactamente o que não devia para um primeiro encontro: uma blusa comprida que lhe escondia as curvas, com estampados mortiços lembrando os festivais de paz e amor, com uma longa camisola de licra branca, que enrolava os seios fartos como crepe chinês. A rematar, umas calças rosa-bebé com bainhas enroladas para fora... Ele estava impecável e, claro, ficou imediatamente relutante. Acho que foram as calcinhas enroladas, honestamente.
Ela - Uma mulher não pode esconder aquilo que ela é. Coitada da rapariga! Ele tem mais é que a aceitar na plenitude da sua personalidade caso contrário não a merece.
Eu - ... Vives em que planeta?!
Descobri hoje que as mulheres ainda sonham. Sonham com homens atenciosos, carinhosos, que as façam rir, que lhes afaguem os cabelos, que lhes cozinhem pratos gourmet, que oiçam as suas queixas diárias, que lhes digam que elas são maravilhosas e lindas, apesar dos olhos papudos e dos cabelos brancos a envelhecerem-lhes as frontes. A maioria das mulheres que habita este universo onírico está sozinha. Por acaso, por acidente, porque escolheram o caminho da esquerda com medo daquilo a que o da direita levaria. Acreditam que o amor virá resgatá-las do seu palácio empedernido e gasto, com promessas de fidelidade eterna e de cumplicidade imediata. Entretanto, enquanto o cavaleiro não se põe a caminho, deixam-se estar, assim, bafientas nos seus modos e trajes, falando de trabalho e de coisas comezinhas, donas de uma inocência tardia e de um recato despropositado. Mas bem lá no fundo sonham. Anseiam por quem lhes mude os hábitos e ponha fim à sua deriva. E assim vão ficando. À espera...
E nenhuma delas pega na porra de um remo para seguir viagem!
domingo, 28 de fevereiro de 2010
A single man
Um filme genuinamente belo. Um quadro pulsante de cor e design. Uma sessão fotográfica em movimento. Uma procura incessante de ângulos certos. Um zoom de bocas, olhos, rabos. Uma escolha fabulosa de objectos e de época.
Este filme é uma novidade cinematográfica. Uma homenagem à imagem e ao olho perfeito do designer Tom Ford. Todavia, ignoraria a componente narrativa se reduzisse esta breve epifania à sua mera beleza visual (e auditiva, que a banda sonora só a engrandece). Fez-me lembrar Ulisses de James Joyce. Um simples dia na vida de um homem que, em momento algum, se torna enfadonho ou penoso para o espectador. Os vários planos dos relógios agigantam a dor do protagonista e preparam-nos para um final aparentemente inevitável. Mas é só aparentemente, porque as várias circunstâncias e os elementos em torno do homem vão delineando uma outra história... ou não.
Ficamos expectantes e deliciados. Somos manobrados com requinte, pormenor e sofisticação. Adoro quando um cineasta faz isto. Tudo isto ao mesmo tempo que me conta uma história de amor. Ninguém resiste a uma história de amor. Principalmente tão bem pintada. Sem excessos. Sem defeitos. Simplesmente perfeita. Como se não bastasse, está cheia de pessoas belas. De embalagens belas, sem que a beleza queira dizer muito perante as lembranças do passado.
Quanto à interpretação de Colin Firth - 5 estrelas. Já o disse anteriormente mas reafirmo. O que um actor transmite em silêncio é demasiado difícil para estar ao alcance de todos. O embaraço e a angústia saem tão naturalmente dos olhos deste actor que me esqueci de todas as comédias românticas que já fez. A não perder. A ignorar pelos/as homofóbicos/as e/ ou sem sentido estético because it might not be understood. It just might.
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
Predictions, mere predictions
São estes os cientistas malucos... Para quê tantos avanços e conhecimentos sobre a natureza. Avançamos para cima dela, coitada, sem apelo nem agravo. A mãe natureza dá uma sacudidela e enfim... é a tragédia que vimos.
Aparecem muito ocupados nas limpezas, os governantes. São incansáveis. Tarde demais. Mas incansáveis. Eu daria ouvidos aos malucos... better safe than sorry.
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
Precious
Estava ansiosa para ver este filme.
É, de facto, verdadeiramente bom.
Não sei se consigo tirar uma só lição de vida disto. Nem consegui chorar de tanta vergonha. Da vida perfeita que tenho perante os exemplos de perversão inominável.
O filme é sobre os excessos. É gordo como a maravilhosa protagonista. Obeso em maldade e ignorância, em exemplos miseráveis da condição humana. A gordura indigesta não nos incomoda a visão tanto quanto nos revolta as entranhas. Apesar de tudo, do chorrilho interminável de podridão e maus-tratos, a beleza permanece na grandiosa alma de uma protagonista brilhante, que se ergue no meio da pestilência e desamor e nos pequenos exemplos de bondade que lhe vão dando alento.
Quanto às actrizes, ainda não conheço as nomeadas para melhor actriz secundária mas se a Mo'nique não arrecada a estatueta, não sei quem a levará para casa. Indescritivelmente repugnante. Um desempenho de uma vida. Suponho que precisasse de um longo período para vestir uma roupagem tão vil.
Até a Mariah Carey, que sempre foi para mim duas bolas de basquet com uma voz estridente, tem uma presença bonita, sem regos exuberantes ou maquilhagem abonecada.
Se puderem ver, não percam. Absolutely precious. Ainda há obras-primas. Puras e duras. Sem artifícios and with a low budget. Para quem pensa que a criatividade cinematográfica está adormecida basta procurar inspiração na bestialidade humana. Somos uma fonte inesgotável. Infelizmente.
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
Love - a definition
Sempre fui uma adepta das paixões. Revoltosas. Intensas. De roupa rasgada e empurrões contra a parede. Não sou apologista da violência mas o poema do Rilke "Vaza-me os olhos" é de uma intensidade que todos ansiamos viver.
Ou não. Gosto da temperatura a que o meu sangue ferve agora. Não o quero nem mais frio nem mais quente. Esta placidez amorosa em que me encontro não me torna apática, passiva ou amena. Faz de mim uma mulher segura, intensa, plena. Fervo reservada e longamente. Acho que é aquilo a que chamam amor. Certezas nunca as tenho mas nunca tive tão poucas dúvidas. Os meus sorrisos dizem tudo mas achei que gostarias de ler estas palavras. Sempre tens mais sorrisos para a troca.
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
School moments (aftermath)
Colega 1 (Directora de Turma)- Já lhes fizeste um teste para recuperar o módulo?
Colega2 - Já. Até tenho vergonha da simplicidade do mesmo. Mas a verdade é que nem assim. Não posso passar os gajos, pá. Vêm para as aulas apenas para olhar para o vazio e tagarelar e não me sabem identificar países do Reino Unido. A maioria disse-me que no lugar do País de Gales ficava o Brasil. O BRASIL, T. Estes miúdos são maiores de idade, porque não vão trabalhar?
Colega 1- Não vale a pena queimares a pestana por causa disso... Sabes, já perguntaram lá de cima que estratégias irias criar para que os alunos recuperassem... fizeram questão de me chegar essa informação.
Colega 2- desculpa-me o bad french mas que merda de estratégias poderei eu criar perante este cenário de tábua rasa?????? Eu pergunto "How are you?" e a resposta que obtenho é "Não vale a pena, stora, não percebo nada!" E o México é um país do UK, sabias??????
Colega 1- Eu sei, A,. Eu sei. Mas ontem reunimos com os tipos do Ministério e eles indicaram especificamente que estes cursos deverão ter 100% de sucesso.
Colega2 - Pedes-me que vá contra tudo aquilo em que acredito e que me define como professora.
Colega1- Tu é que sabes, minha querida, sabes que estes cursos dão dinheiro à escola...pensa na guerra que vais comprar!
Colega2- (Suspiro). Eu sei. Quando não conseguisse remar contra a maré, disse que sairia de cena...nunca pensei que chegasse tão cedo.
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
School moments
Teste de inglês - CEF (maravilhosos cursos de apoio à família. Os alunos não aprendem a apoiar a família. A escola é o que o faz, ao deixá-los andar ali até ao nono ano... para ter um diplomazinho. É o que pertence).
Qual o singular de tomatoes?
Tomatão!
Aluno: Stora, como é se diz "jogar"?
Professora, que já desistiu de repetir que os verbos estão assinalados abaixo, para relembrar os mais "esquecidos": Jogas aqueles jogos da FIFA, na playstation?
Aluno: ya, claro.
Professora: Muito bem, como se diz "jogador"?
Aluno: Essa é fácil "player" mas eu perguntei como se diz "jogar", stora!
Mesma turma - aula de Psicologia:
Professora: T. Vire-se para a frente!
T. - A C. está a mostrar-me as mamas, stora!
Professora: faça-me um favor e ganhe juízo, menina.
T. - Mas é ela que me está a chamar, professora. Eu estava calada.
Professora: Estou a perder a paciência!
T. - Eu não pedi para me mostrarem as mamas!
C. - Se calhar querias que te mostrasse o buraco!
Professora: Vamos lá sair, menina.
C. sai, batendo violentamente com a porta e resmungando "Já não se pode dizer nada!"
(Freud would love this).
Professora: Por amor de Deus, parece que não têm dois dedos de testa!
Ao virar-se, vê uma aluna, com ar sério e empenhado, com os dedos encostados à testa, a tentar medi-la...
Qual o singular de tomatoes?
Tomatão!
Aluno: Stora, como é se diz "jogar"?
Professora, que já desistiu de repetir que os verbos estão assinalados abaixo, para relembrar os mais "esquecidos": Jogas aqueles jogos da FIFA, na playstation?
Aluno: ya, claro.
Professora: Muito bem, como se diz "jogador"?
Aluno: Essa é fácil "player" mas eu perguntei como se diz "jogar", stora!
Mesma turma - aula de Psicologia:
Professora: T. Vire-se para a frente!
T. - A C. está a mostrar-me as mamas, stora!
Professora: faça-me um favor e ganhe juízo, menina.
T. - Mas é ela que me está a chamar, professora. Eu estava calada.
Professora: Estou a perder a paciência!
T. - Eu não pedi para me mostrarem as mamas!
C. - Se calhar querias que te mostrasse o buraco!
Professora: Vamos lá sair, menina.
C. sai, batendo violentamente com a porta e resmungando "Já não se pode dizer nada!"
(Freud would love this).
Professora: Por amor de Deus, parece que não têm dois dedos de testa!
Ao virar-se, vê uma aluna, com ar sério e empenhado, com os dedos encostados à testa, a tentar medi-la...
Para quem se interrogava sobre a necessidade de disciplinas como "Área de Projecto" e "Formação Cívica", que retiraram horas às disciplinas de Geografia e História no ensino básico, aqui vai um exemplo.
Teste 3 para recuperar o obrigatório. Cursos profissionais de secundário. Financiados pelos contribuintes.
Exercício de escolha múltipla. Ilhas britânicas. Diferentes países assinalados com setas e 3 hipóteses - (Escócia, England... todos os outros) sendo que as outras duas hipóteses eram tão longínquas e disparatadas como Brasil e Paris (Eu sei, eu sei... can you get any lower than that?). Nova geografia mundial alterada após o sismo no Haiti: País de Gales = África do Sul; Escócia: Nova Zelândia; Irlanda do Norte=América; Inglaterra: Paris (os franceses iriam adorar esta heresia e República da Irlanda = México. The only thing left for the teacher to do is either cry or stop paying taxes.
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
The Whores
Numa era de descrédito e perseguição vorazes há quem ainda tenha tomates para escrever publicamente o que a maioria do país sente.
Eu nasci depois do 25 de Abril. Julguei-me detentora de uma liberdade inebriante. Estou profundamente desiludida. Com a maioria dos dirigentes políticos nem preciso mencionar mas, e sobretudo, com este povo. Perante situações destas como não ficais indignados, todos vós? Revolta-se-me o estômago e regurgitam-se-me as entranhas com tamanho cheiro a podridão, a céu aberto, terra humedecida de viscosidades várias gerida por uma ética endinheirada, puta disfarçada que se revela a cada escuta mas que nem por isso deixa de comer mais clientes. E as putas à volta das putas recrutam as virgens ignorantes com o cheiro de perfumes caros, gravatas de seda, almoços regados com o Chardonnay e fumados com Cohibas.
No meio de tanta putaria barata, empacotadas como senhoras finas, há um jornalista neutro, com tomates que recusa prostitui-se. Lamentamos. Neste país quem não f$#% acaba f&%$%&.
domingo, 31 de janeiro de 2010
School moments
Enquanto professora explica exercício a uma aluna do secundário, esta comenta:
Aluna: A Stora não deve fazer nada em casa.
Teacher: Ah não? Então porquê?
Aluna: Por causa da suas unhas. São o máximo!
Teacher: Claro que não faço. Tenho 3 criados que me fazem todo o trabalho pesado. Nem sequer têm nome. Chamo-os por números. "Olhe, número um, ponha a roupa na máquina, número dois, prepare o jantar dos miúdos".
Aluna: Uau, isso é que é viver, stora.
Teacher: Minha querida... esqueça tudo o que acabei de dizer...
Teacher: Estive a planear levar-vos ao cinema com a professora de História, para enriquecermos a vossa cultura geral e debatermos assuntos socialmente polémicos.
Aluno: Vamos ver "A Princesa"?
Teacher: "A Princesa?" (pensa... não me digam que saiu mais uma bosta sobre a Lady Di e eu não soube de nada)
Aluno: "A Princesa e o Sapo".
Teacher: Vocês estão preocupados em não serem pais adolescentes e querem ir ver A PRINCESA E O SAPO? God....
Teacher: Com que então faltou à prova de recuperação de Português, não foi?
Aluno: Foi.
Teacher: Justificação?
Aluno: Como ia fazer prova achei melhor não aparecer. Não ia conseguir fazer nada, mesmo.
Aluna: A Stora não deve fazer nada em casa.
Teacher: Ah não? Então porquê?
Aluna: Por causa da suas unhas. São o máximo!
Teacher: Claro que não faço. Tenho 3 criados que me fazem todo o trabalho pesado. Nem sequer têm nome. Chamo-os por números. "Olhe, número um, ponha a roupa na máquina, número dois, prepare o jantar dos miúdos".
Aluna: Uau, isso é que é viver, stora.
Teacher: Minha querida... esqueça tudo o que acabei de dizer...
Teacher: Estive a planear levar-vos ao cinema com a professora de História, para enriquecermos a vossa cultura geral e debatermos assuntos socialmente polémicos.
Aluno: Vamos ver "A Princesa"?
Teacher: "A Princesa?" (pensa... não me digam que saiu mais uma bosta sobre a Lady Di e eu não soube de nada)
Aluno: "A Princesa e o Sapo".
Teacher: Vocês estão preocupados em não serem pais adolescentes e querem ir ver A PRINCESA E O SAPO? God....
Teacher: Com que então faltou à prova de recuperação de Português, não foi?
Aluno: Foi.
Teacher: Justificação?
Aluno: Como ia fazer prova achei melhor não aparecer. Não ia conseguir fazer nada, mesmo.
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
Envy
Como eu te invejo, João, seja lá quem fores....
http://aeiou.expresso.pt/largar-tudo-para-ir-dar-uma-volta-ao-mundo=f560640
http://aeiou.expresso.pt/largar-tudo-para-ir-dar-uma-volta-ao-mundo=f560640
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
Excuses...
Ela - Tenho que arranjar um gajo. Isto assim não dá.
Eu - Anuncia-te no Facebook ou noutro site qualquer. Ninguém resiste a uma boa publicidade.
Ela- Não, tenho que arranjar um gajo para ver se esqueço aquele ... que merda....
Eu - Tu estás a fantasiar, sabes bem. Não tens motivos para o querer de volta principalmente depois de tantos "falhanços"...
Ela - Essas coisas podem curar-se!
Eu - Claro. Que carro é que ele conduz?
Ela - Um Mercedes!
Eu - Não achas que pode querer compensar alguma coisa?
Ela - Fogo, tu és terrível.
Eu - És minha amiga e andas sob um efeito de uma droga que é a tua própria imaginação. Além disso, recusas-te a aceitar o óbvio.
Ela - Não, eu só preciso de estar frente-a-frente com ele para saber o que quer de mim!
Eu - Frente-a-frente, de lado, em formato cambalhota. Queres é estar com ele... Melhor, queres que ele te coce a virilha....
Ela - Consegues ser mais explícita?
E desata a rir à gargalhada.
Agora, em casa, já deve estar pedrada outra vez. O amor tem destas coisas.
Eu - Anuncia-te no Facebook ou noutro site qualquer. Ninguém resiste a uma boa publicidade.
Ela- Não, tenho que arranjar um gajo para ver se esqueço aquele ... que merda....
Eu - Tu estás a fantasiar, sabes bem. Não tens motivos para o querer de volta principalmente depois de tantos "falhanços"...
Ela - Essas coisas podem curar-se!
Eu - Claro. Que carro é que ele conduz?
Ela - Um Mercedes!
Eu - Não achas que pode querer compensar alguma coisa?
Ela - Fogo, tu és terrível.
Eu - És minha amiga e andas sob um efeito de uma droga que é a tua própria imaginação. Além disso, recusas-te a aceitar o óbvio.
Ela - Não, eu só preciso de estar frente-a-frente com ele para saber o que quer de mim!
Eu - Frente-a-frente, de lado, em formato cambalhota. Queres é estar com ele... Melhor, queres que ele te coce a virilha....
Ela - Consegues ser mais explícita?
E desata a rir à gargalhada.
Agora, em casa, já deve estar pedrada outra vez. O amor tem destas coisas.
domingo, 24 de janeiro de 2010
Up in the air
Vi e gostei. Simples. Bem construído. Nada de fenomenal. Acho que a Vera Farmiga deve ter sido nomeada para o Globo de Ouro pela cena do laço. Os homens da sala até suspiraram. Para as mulheres, o filme foi um eterno suspiro - doce, profundo como aqueles olhos achocolatados. O Clooney é mesmo bom. É bom vestido. É bom para levar às festas e dar-nos beijos no pescoço para deixar as amigas roídas de inveja. É bom bêbedo, tristonho, irritado. (Desculpem-me o devaneio mas não deixo de ser gaja). Por acaso, também é muito bom actor. Tem dos melhores silêncios do cinema actual. Os silêncios não são fáceis de pôr no ecrã. Demasiados olhos concentrados numa face (e que face! eheh não resisto). Anyway, é um filme de época. Desta época. A dos desempregados e deprimidos. Diz-nos que devemos contentar-nos com as coisas boas que temos. Sendo que essas coisas serão a família. Os individualistas estão tramados. A não ser que tenham um bom emprego. Logo, o filme só será deprimente para alguns. Tem diálogos interessantes. Uma surpresa boa no enredo (não vou contar senão estrago a tirada). Uma nova actriz igualmente interessante. A banda sonora enjoou-me um bocadinho. Parece "Juno" revisitado. Neste caso, sem qualquer justificação tirando o facto de o realizador ser o mesmo. Vê-se bastante bem, no geral. É isto que se quer do cinema.
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