domingo, 20 de junho de 2010

Nobel


A única coisa que posso dizer é que ao ler O Memorial do Convento, aos dezasseis anos, chorei baba e ranho com o final. Há momentos em que ainda me lembro da cena em que Blimunda e Baltazar se catam. Digo cena porque para mim os seus livros eram fílmicos. A pontuação, ou a falta dela, é para separar os leitores dos enchedores de estantes.


O gajo tinha um feitio tramado mas uma obra fabulosa.

Que ele aceite espalhar as suas cinzas na terra que foi incapaz de fazer a separação entre o homem e a obra denota alguma grandeza, mesmo na morte. (É para fazer as pazes com o Criador Não Existente:).

4 comentários:

J. Maldonado disse...

Confesso-te que não era fã do estilo de Saramago, que achava intragável, precisamente pela ausência de pontuação. Contudo, reconheço-lhe mérito literário e intelectual.
Saramago, mais do que um escritor talentoso, era um crítico dos preconceitos existentes na nossa sociedade, o que lhe valeu o ódio de estimação da direita e da Igreja, que não lhe perdoaram o facto de ter questionado os dogmas do catolicismo.
Curiosamente disseram-me que, ao contrário do que parecia em público, Saramago era um homem afectuoso e cordial.
RIP Saramago!

via disse...

gosto deste novo visual. saramago é uma perda que nos entristece.bjo

Cassandra disse...

Maldonado:
a pontuação existe. Está é homegeneizada:) Apenas vírgulas.
Sim, não tinha papas na língua. Começa pelo Ensaio sobre a Cegueira. Convém que não tenhas visto o filme.

Via,
sim. Entristece muito. Tens que me emprestar o Caim. Beijo.

Anónimo disse...

o escritor das situações limite, com muita crítica social e posicionamentos contestáveis.
detestado por alguns, adorado por muitos.
não mais vou ter a oportunidade de dizer "não consegui avançar no livro X" (alguns não consegui mesmo) "adorei o livro Y, incomparável, inovador".
L.