segunda-feira, 26 de outubro de 2009

He is just so perfect

Mas isso foi há quanto tempo (pergunto eu),
Quatro anos (diz ela),
Mas perdeste-lhe o rasto ou o afastamente foi intencional (pergunto eu),
Ele desapareceu. Mas sei que agora é ele que me manda mensagens (diz ela, numa angústia crescente),
Mas o que quer o tipo contigo, aborrecer-te ou praticar sexo tântrico (pergunto eu para animá-la),
Ela solta uma gargalhada triste. Não sei (diz com um ar vazio sabendo que preferia ter a certeza que fosse a opção B),
Mas se tu o visses, A., ... o homem era mesmo perfeito, de cortar a respiração ( disse ela, erguendo o olhar e abrindo os olhos negros)
Perante o conceito de perfeição, que numa situação normal traria qualquer George Clooney à mente, a minha imaginação só conseguia ver-te à porta, de olhar estremunhado, com ramelas, naquela T-shirt cinzenta, com o calor da cama ainda nas mãos enquanto de forma cavalheiresca, esperas pelo meu elevador.
Perfection is a relative concept.

To listen really LOUD, dancing around shaking your arms wide and letting your legs feel the drums

The Flue, oh, the flue

1. Aparentemente os corredores de São Bento são propícios às correntes de ar. Isso ou os deputados são verdadeiramente um grupo de risco. Concordo. Têm todos um ar muito suspeito, de quem alberga doenças estranhas de contágio rápido.
2. Os bloquistas querem dar o exemplo e estão a adorar estar entre os grandes. Não vos cheira a fraqueza ideológica?
3. Somos todos burros para copiarmos os políticos ou somos iluminados por considerarmos a classe política essencial ao desenvolvimento do país? Deverei substituir desenvolvimento por "empobrecimento"?
4. Porque sãos os nossos deputados mais essenciais que a classe política britânica ou americana?


Estas verdades começam a ser tão lógicas como as bíblicas. Saramago, ó meu amigo Nobel, não quer arranjar outro cavalo de batalha, não? Não bata mais nos pinguins, vamos lá virar o canhão para os engravatados, bora. Vai ser porreiro, pá. Mas leva máscara que os gajos estão cheios de vírus e tu tiveste muito doentinho com uma penumonia. Já sabes, se ficas na corda bamba não tens quem reze por ti.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

DocLisboa

O tempo que este título aqui esteve sem nada resultou não só de uma qualquer virose que me atirou para umas urgências improvisadas no concelho de Sintra (livre-nos Deus ou qualquer outra entidade que gere as indisposições profundas e os vírus gastro-intestinais de adoecermos de madrugada neste país.. nada está operacional) mas também pela burocracia pela qual se orienta o meu local de trabalho. Chamemos-lhe uma dupla bactéria... Só quero ver se a nova ministra da educação não vai ser apenas mais uma "aventura", if you catch my drift.
Ora bem, com ou sem dores abdominais e calafrios, lá nos atirámos ao DocLisboa e este ano acertámos em cheio nas escolhas.
Letters from the Shadows - a esperança desfeita dos emigrantes africanos que, depois de enfrentarem desertos sem clemência, barcos inundados pela intempérie e pelo fedor dos corpos putrefactos que é preciso deitar no Mediterrâneo, chegam a uma Espanha que nada tem para lhes oferecer a não ser tardes vazias passadas na escadaria de uma igreja. Os "morens", como lhes chamam os catalães, têm aqui a oportunidade de mostrar a cara clandestina e esfomeada. Expõem a vergonha de nada conseguirem. Mostram à câmara a saudade dos pais e irmãos cujas caras já não reconhecem na memória. Mostram a miséria e a tristeza de estarem estagnados na escuridão. Foi interessante perceber que os emigrantes ilegais costumam ser explorados pelos seus conterrâneos, já instalados no país anfitrião. A raça humana decepciona-me cada vez mais. O realizador mandou cassetes VHS para as aldeias africanas com o testemunho dos seus filhos perdidos na boa Europa. Muito bom.
Acácio - uma brasileira, Marília Rocha, descobriu uma preciosidade. Acácio e a sua esposa. Trasmontanos de origem. Passaram parcelas de 3o anos (como Acácio lhes chama) em Portugal, Angola e Brasil. Acácio filmou e fotografou para os arquivos do governo na altura. Entrou na intimidade das tribos indígenas de Angola. Aproveitou e foi fazendo as filmagens também da sua família. Filmou o quotidiano dos mais tarde retornados. A San-Tropez dos portugueses antes da independência. Falam das imagens que vêem do Douro como se nunca de lá tivessem saído. O Português do Brasil pouco se nota nas suas conversas. A relação de mais de 50 anos deste casal deu azo a conversas deliciosas que, verdade seja dita, só mesmo vistas e ouvidas. Se alguma vez ficar disponível para download num site muito muito cultural perto de si, ... a não perder. Para ver no aconchego do lar com a chuva a bater na janela.
The Last Season - Shawaks: a história de uma tribo turca de pastores que passa o verão nas montanhas, com os rebanhos, os cavalos, as mulheres, os filhos, as tendas, a tralha toda. Regressa no Inverno para as casas de pedra, novamente com tudo. Tem paisagens fantásticas. Projecta-nos para um mundo completamente estranho. É bom saber que a Turquia tem muito mais que Istambul. Quando o ancião disse "As mulheres fizeram-se para se bater" achei que estavam muito bem fora da União Europeia. Foi um momento triste. Mas tudo o resto foi óptimo. Dos melhores festivais que por aí andam. Adoro este ritual de Outono.
Cansa comó caraças ir a todas. Mas vale a pena. A alma vem menos pequena.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Moments

Numa discussão sobre ética na política entre alunos:
- Eu gosto do Sócrates.
- Gostas? Porquê?
- Ele põe os professores na linha. Há muitos cheios de mania. Ele mostra a eles como é!



Aula de secundário. Aluno de um curso profissional a mandar mensagens no telemóvel. 20 anos.
Professor: - Por favor, entregue-me o telemóvel. Sabe como funciona o regulamento interno. Depois, irá buscá-lo à direcção.
Aluno: - O telemóvel não dou. Era só o que faltava. Prefiro ir para a rua.
Professor: - Nesse caso, faça favor. Uma coisa ou outra.
Aluno: - Prá rua também não vou. Fogo.


Conversa entre Directores de Turma do Básico:
A : Fiz cerca de 5 provas de recuperação e aluna não conseguiu aprovação a nenhuma. Já não sabia o que fazer.
B: E as faltas? Não as tiravas?
A: Como, se ela não conseguia passar na prova mais básica? Depois acabou por tirar negativa no final do ano...
B: Outra coisa não seria de esperar!
A: Sim... e passou.
Viva a educação inclusiva. Como dizia a minha amiga Sílvia, se a humanidade fosse toda inteligente não seriam necessárias regras e normas que nos orientassem. Mas devemos continuar a acreditar que sim. Somos todos geniais. Isso e o Isaltino está na prisão a cumprir a sua pena.

domingo, 11 de outubro de 2009

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Serralves

Fui a Serralves. O V. levou-me lá. Um pedido recente para diminuir uma vergonha antiga. Os jardins são lindos. Os quadros da Paula Rego também. Há uma escultura do Rui Chafes que achei fabulosa, feita em ferro mas com ar de papelão preto. Tirando isso, fico com a terrível sensação de que todas as instalações são uma incógnita. Tenho que tirar o chapéu às peças que me surpreendem pela originalidade. Não posso necessariamente falar de talento, de esforço, de atenção ao detalhe. Apenas digo "é diferente" e penso cá para comigo "que giro, porque é que nunca me lembrei de nada assim?". Provavelmente porque não tenho alma de artista... nem atrevimento para tal, for that matter. Outras há que são tão inacreditavelmente vazias de significado - talvez isso seja, por si só, uma mensagem - que perder muito tempo a olhar para elas é validar a sua presença naquele belo espaço branco e amplo. Quando encontro quadro brancos com a tela dobrada a meio, preciso ter a certeza de que tem mesmo um quadradinho identificador do lado esquerdo para perder um olhar precioso com a dita obra de arte. A determinada altura, eram tantas as tábuas, as areias, os quadros brancos, o alcatrão, que dei por mim a olhar para os extintores e para os quadros avermelhados com as mangueira escondidas como possíveis instalações. Só conseguia catalogar a minha ignorância quando, no lugar da suposta etiqueta, lá estava a parede. Branca. Sem nada. Provavelmente também ela seria uma obra de arte. Fazê-las assim direitinhas e bem rebocadas já há poucos.
Muitos anos passaram desde que Duchamps inverteu o urinol e o conceito de arte. Seria de esperar que a evolução artística também conseguisse fazer coisas diferentes no que toca à arte contemporânea. A verdade é que devo ser eu que não consigo deixar de ver o artista como um talentoso, um ser especial, diferente dos demais. Ainda bem que os bilhetes eram grátis este fim-de-semana. Caso contrário, sentir-me-ia defraudada.