terça-feira, 29 de setembro de 2009

Democratic people

A política, para mim (que sou uma ignorante na matéria) é feita por um grupo de pessoas com o intuito de servir um grupo gigantesco de pessoas. Quando falo de política a sério, falo de democracia. É sempre mais complexo governar quando o povo é inteligente. É exigível que se saiba dialogar.
Eu tenho ideologias mas são tão variadas que nem sempre me identifico com um só partido. Voto nas pessoas, não consigo achar que um partido me satisfaz plenamente. Tenho alguma dificuldade em compreender como tantos portugueses acreditam no Eng. José Sócrates. Não confundamos a cor ou a facção com as pessoas. É o "Engenheiro" que não me inspira o mínimo de confiança. Os seus comportamentos, atitudes e medidas devem partir, quero acreditar, de uma visão liberal honesta e vincada. Todavia, a forma como são implementadas, a forma como o resultado das mesmas é condicionado para que seja um êxito retumbante contra toda e qualquer conjuntura (antes de poder ser analisado, corrigido e poder ser, de facto, um êxito verdadeiramente retumbante) faz-me pensar apenas em demagogia e sede de poder. A forma como se preocupa tanto com a sua imagem e o seu êxito pessoal, independentemente do modelo que passa para os jovens eleitores, chega a causar-me vómitos... A alternativa é bem pior, confesso. Gostaria de ter a certeza que a esquerda não se está a tornar numa oligarquia não só insensível às críticas inteligentes mas também sedenta por, demagogicamente, seduzir um povo cada vez mais ignorante. Há quem valha a pena. Infelizmente, as máquinas partidárias são assim mesmo. Como os adolescentes em idade parva. Tens que andar com os betos, caso contrário, és um cromo e ninguém te garante a reforma numa empresa rentável que já pertenceu ao Estado.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

And now

Perante o cenário imprevisível que politicamente encontro pela frente, agravado pela quase certeza da inalteração do status quo de podridão, ponho-lhe em cima a ressaca de um casamento no sul do país e o calor infernal com que tenho de trabalhar...e prontos, só me apetece ouvir isto.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Creative writing

Lá me decidi a acompanhar uma amiga minha para um mini-curso de escrita criativa. Logo para abrir a sessão, 15 minutos para escrever um parágrafo-anzol. Eu, pescadora, o leitor, o peixinho que se deve seduzir com informações relativas ao género, tom, personagens, dilemas, espaço e tempo. Fiquei com a sensação de contar o livro todo num só parágrafo e isso é demasiado frustrante. É mais ou menos como a ejaculação precoce. Decidi não falar sobre sexo, por uma questão de educação e decoro. Não queria cair na banalidade fácil. Despachei o policial para o lado porque era demasiado óbvio. Nunca sofri tanto em 15 minutos. Isto foi o que consegui:
Estava na hora de mandar entrar o paciente seguinte. Era preciso sugar o cigarro fervorosamente para aguentar uma hora de sofrimento alheio. Cada vez mais lhe pesavam aquelas confissões abruptas no sofá branco que o Pedro comprara para o consultório. Maria discordara do sócio. O vermelho tradicional, quase chaise longue, aproximava-se mais das várias loucuras que ali buscavam remédio rápido a custo elevado. Respirou fundo. Deixou que a nicotina a invadisse. Esperou um pouco. Numa displicência adolescente, atirou a beata para a rua, ignorando os transeuntes. Olhou para os automobilistas encarcerados na capital, em hora de ponta, regressando a casa. Invejou-os. Dali a pouco, depois de despachar a suicida reincidente, também ela iria para o outro lado do rio. Pousaria o seu corpo esguio na poltrona da sala, guardaria as mãos finas do Miguel nas suas, sempre gélidas, e contar-lhe-ia tudo. Deitou uma baforada de fumo e fechou a janela.
Comentários: singelo, inatacável. Faltam-lhe loopings.
Talvez se dissesse que ela se deitara nua com o sócio no sofá branco pescaria o leitor, o que acham? Mas seria sempre sexo... logo no primeiro parágrafo. Que loopings sugerem? Aguardo propostas.

sábado, 19 de setembro de 2009

Change

Nunca, em momento algum da minha vida, me apeteceu mudar tanto de emprego como agora. Num momento de crise, aceito sugestões relativamente a negócios divertidos e que requiram um investimento relativamente aceitável, se puder utilizar este adjectivo tão polissémico. Estou numa fase demasiado pessimista para conceber cenários economicamente idílicos.
A hipótese ensino não se coloca de forma alguma. Ensino público então... don't bother.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Happy Birthday

Hoje foi um bom dia. A minha mãe fez anos. Bebemos uma garrafa de vinho ao jantar e apesar da informalidade da situação - já nos conhecemos desde sempre - a refeição esteve recheada de momentos descontraídos e pacíficos, característicos de um envelhecimento despretencioso e com algum humor. Ajudou o facto de nos termos embebedado. Eu, a minha mãe, e a minha avó de 87 anos. Todas com a mesma garrafa.

Hardness

Há coisas extremamente duras: o aço, um diamante e conhecermo-nos a nós próprios.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Anything new...

Nesta altura, ando tão assoberbada de trabalho burocrático que a minha veia criativa anda completamente adormecida. As escolas adoram isto, melhor, os professores que se refugiam nos cargos de poder porque a sua vida sexual é inexistente ou muito enfadonha adoram massacrar os seus subalternos com tabelas, tabelinhas, grelhas, reuniões para discutir o tamanho das borbulhas dos meninos e os planos que se poderão elaborar para recuperar casos geralmente perdidos. Eu faço parte dos que têm uma vida sexual interessante, o que me lixa logo. Assim, as únicas coisas que posso chamar lufadas de ar fresco são: o curso de escrita criativa que estou prestes a começar (tenho que fazer a maldita transferência... ando a esquecer-me!), o novo vídeo da Shakira e o programa do Gato Fedorento. A Shakira consegue mostrar grande parte do seu grande e sensualíssimo órgão chamado pele (já estava tudo a abrir a boca...) sem ser vulgar. Aquele so called vestido é muito mais giro que qualquer colecção da Fátima Lopes, mas para qualquer gaja normal com uma vida profissional activa caber numa coisa daquelas sem uma preguinha de fora precisaria de pelo menos um ginasiosinho particular. Também gosto do outfit da jaula. Faz-me lembrar a Brigitte Bardot. Não só pela roupa e cabelo mas também pela luta infatigável pelos direitos dos animaizinhos enjaulados. Qual não seria o homem decente que adoraria afagar a juba desta colombiana? E as mulheres decentes? Upa, upa.
Quanto ao Ricardo Araújo Pereira (porque ele é o Big Smelly Cat), quem mais neste país conseguiria que o Primeiro-Ministro português se assemelhasse a um verdadeiro ser humano por breves momentos? E o fizesse revelar sentido de humor? Este rapazinho tem talento. Devia candidatar-se à política. Este país teria muito mais piada.

domingo, 6 de setembro de 2009

Untitled

The demand to be loved is the greatest of all arrogant presumptions.
Friedrich Nietzsche.

CALL ME A PRESUMPTUOUS BASTERD.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Breasts

Quando estamos em convalescença e aproveitamos para seleccionar o que há de qualidade na imensidão de canais mais ou menos entediantes oferecidas por MEOS, ZONS e afins, deparamono-nos, raramente, com algumas curiosidades. Numa pequena rubrica sobre moda, explicava-se como se deve medir o tamanho do peito de uma mulher. É uma arte complicada, a medição dos peitos femininos. Deve medir-se primeiramente o tamanho do tronco. Toca de pegar numa fita métrica e rodá-la por volta das ditas cujas. Após o delicado procedimento, que deverá ser feito pela própria senhora para evitar convites indecorosos, deve medir-se novamente, desta feita, por baixo do braço e acima dos bicos das mamas. A diferença entre a primeira e segunda medidas é o tamanho da copa. A diferença entre copas é de 2 cm, isto é, 12 - copa A // 14 - copa B// e por aí adiante. Qual não foi a minha surpresa ao saber que as copas vão até à letra F mas, em Portugal, excepcionalmente (ao que parece) vai até à letra G. Suponho que para medir estas maminhas generosas serão precisas umas prateleiras ou uns apoios resistentes, para mantê-las devidamente hirtas. Talvez umas gruas G! G, pá! Umas com tanto e outras com tão pouco.
Eu meço as minhas a olho. Nunca me engano.
Quanto à medição masculina do peitinho do género oposto, sugiro o encaixe manual. Cabe na mãozinha então é perfeita. Sobra da mãozinha, pegam-se com uns abraços. É mais pequena que a mãozinha masculina, amputam-se uns dedos:). Não vale a pena seguir para o silicone. É muito doloroso. See you soon.

Barcelona

One can't help its beauty, its food, its people, its architecture and its multiculturality. Loved, more than ever.

At the hospital


E lá fui eu. Não estava particularmente nervosa. Acho que estava mais calma que toda a gente cá em casa. Lá fui pelo meu pé, encaminhada pela enfermeira para me mandarem esperar por mais 40 minutos. Cheguei às oito e meia. Eram dez para a uma. Só conseguia pensar em comida. Pataniscas de bacalhau com arrozinho de tomate. Lá fiquei. A mais jovem de um grupo de cardíacos masculinos, com mais de 60 anos, vestidos com os seus pijaminhos de calções e devidamente calçados com os chinelinhos oferecidos pela cunhada no Natal passado, para o caso de se dar um internamento. Há que estar bem calçado, é verdade. Eu levei o meu pijama mais colorido e juvenil. Há que estar apresentável e animada para combater o espírito de éter e o dramatismo de estar acamado indefinidamente. Além disso, todos os outros que tinha no roupeiro eram demasiado sexys para aquilo que me esperava.

O que me esperava era mais complexo e penoso do que havia imaginado. Deitada numa cama de operações, com um pano leve e uma camada anti radioactiva protectora em cima, aguardei a chegada de dois técnicos, o médico responsável e uma enfermeira. Anestesiaram-me a coxa e o pescoço com uma solução alcoólica que não só me deixou zonza como me encheu as nádegas de calor. I was definitely on fire. Infelizmente, não estava em condições de gritar para o médico "Ó, Sr. Doutor, se faz favor, sopre ou vá buscar um extintor!!". Aguentei até passar. A determinada altura já não me lembrava disso, porque o médico me estava a furar o pescoço e a coxa com catéteres e a enfiar tubo até ao coração. Não é fácil sentir a presença de fios alienígenas ao longo do corpo que vão disparando choques eléctricos para encontrar um circuito avariado. Encontraram o circuito e corrigiram-no. Isto durou cerca de duas horas. Intermináveis. Estive sempre consciente, esforçando-me por pensar que iria sair dali prestes a beber uns copos. Via os fios dentro de mim nos monitores ao lado. Tentei abstrair-me olhando para os quadradrinhos reluzentes das lâmpadas do tecto. Não eram muito inspiradoras. Tentei a música de fundo: "Loui..." dos Vaya Con Dios...Pior ainda... Se pensasse nas coisas boas que tenho na vida, dava-me logo para a lagriminha e dado que nem sequer conseguia coçar o nariz ou a nádega, tentei prestar atenção à conversa entre os médicos e os técnicos. Apesar da grande simpatia inicial, apelidando-me de princesa e fazendo piadas sobre a minha tez morena, naquele momento eu não passava mais do que um pedacinho de carne com o motor avariado e eles os grandes especialistas que me iriam pôr a funcionar de novo. E assim foi. Um êxito. Depois de tentarem uma modalidade nova para apanhar a minha taquicardia invasiva, a enfermeira lembrou-se de perguntar se eu precisava de alguma coisa. Quando a minha nuca já quase não tinha sensibilidade e o meu pescoço doía como se uma agulha de malha estivesse lá enfiada, é claro que precisava de uma mãozinha, if you please.

Depois de muitos cuidados para evitar que me esvaísse em sangue e de atarem a minha coxa como um salsichão, lá me enviaram para o recobro e daí para a enfermaria. Devo dizer que todos os enfermeiros e auxiliares da secção de cardiologia do Hospital de Santa Marta são extremamente amáveis e pacientes. Agradeço-lhes a simpatia e delicadeza. A verdade é que também não sou rapariga de me queixar. Além disso tenho uma mãe fantástica e um D. Juan, mais que atencioso, e de fazer virar a cabeça das meninas enfermeiras. No final de contas só espero não voltar lá tão cedo.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Bastards

Há muito tempo que não via um filme de que gostasse tanto. Que me enchesse as medidas. Claro que precisamos ter em consideração tratar-se de um filme de um realizador cuja mente e língua fervilham de ideias e palavras, nem sempre aguentando a torrente criativa. Desta feita, algo deixou que a criatividade fluísse calma e articuladamente. Há sempre uns esguichos de sangue chocantes, uma violência aparentemente excessiva e umas personagens estranhas, quase deslocadas (quando vi o Mike Myers pensei que ganharia uns tons esverdeados ao longo do discurso). Todavia, tudo é devidamente pensado e as bombas são largadas a seu tempo, com glamour, com planos ousados mas nunca descabidos. Entre os momentos cómicos protagonizados em particular pelo discurso delicioso de Brad Pitt, pelas fabulosas expressões idiomáticas do provincianismo sulista (devidamente adaptadas e traduzidas, há que notar), as misturas linguísticas e os tradutores momentâneos, o perfeccionismo alemão levado ao extremo, a sua falta de humor óbvia, o charme blazé francês e o pragmatismo pouco polido dos americanos, para não falar nas esperas de suspense hitchcockiano absolutamente deliciosas, tenho que destacar, como ingrediente principal do filme, a interpretação do austríaco Christoph Waltz. BRILHANTE. Five stars. Apesar da sua duração, não olhei uma única vez para o relógio. Isso é bom sinal. Ah, é verdade. A banda sonora foi mais comedida, ficando-se maioritariamente por instrumentais muito, muito bons.