Há muito tempo que não via um filme de que gostasse tanto. Que me enchesse as medidas. Claro que precisamos ter em consideração tratar-se de um filme de um realizador cuja mente e língua fervilham de ideias e palavras, nem sempre aguentando a torrente criativa. Desta feita, algo deixou que a criatividade fluísse calma e articuladamente. Há sempre uns esguichos de sangue chocantes, uma violência aparentemente excessiva e umas personagens estranhas, quase deslocadas (quando vi o Mike Myers pensei que ganharia uns tons esverdeados ao longo do discurso). Todavia, tudo é devidamente pensado e as bombas são largadas a seu tempo, com glamour, com planos ousados mas nunca descabidos. Entre os momentos cómicos protagonizados em particular pelo discurso delicioso de Brad Pitt, pelas fabulosas expressões idiomáticas do provincianismo sulista (devidamente adaptadas e traduzidas, há que notar), as misturas linguísticas e os tradutores momentâneos, o perfeccionismo alemão levado ao extremo, a sua falta de humor óbvia, o charme blazé francês e o pragmatismo pouco polido dos americanos, para não falar nas esperas de suspense hitchcockiano absolutamente deliciosas, tenho que destacar, como ingrediente principal do filme, a interpretação do austríaco Christoph Waltz. BRILHANTE. Five stars. Apesar da sua duração, não olhei uma única vez para o relógio. Isso é bom sinal. Ah, é verdade. A banda sonora foi mais comedida, ficando-se maioritariamente por instrumentais muito, muito bons.
9 comentários:
Uau, estou abismaravilhado com a tua crítica! É uma das melhores que li até agora no teu tasco. :-o
Também estou ansioso por ir ver esse filme.
Quando o vir, aparecerei cá para mandar os meus bitaites. ;)
PS: Para que conste nos autos, sou um fã incondicional da filmografia de Tarantino, o qual é um exemplo vivo do realizador auto-didacta (não tem canudo e aprendeu tudo sobre cinema trabalhando em clubes de vídeo).
Tarantino volta a surpreender com mais um excelente argumento, e como já referiste, a interpretação de Christoph Waltz é genial. Ansiava mto ver este filme e valeu bem a pena!
;)
Obrigada, Maldonado. És um exagerado nos elogios mas suponho que seja parcialidade no que toca ao realizador ;).
Exagerado, eu?! :D
Já não se pode ser sincero perante o teu vasto talento? :)
Gostei do blog.
Quanto ao filme, pois ... achei que convinha ter um pouco mais de detalhe nas cenas de guerra (as quais em rigor não existem...o que é peculiar num filme de guerra). Achei um bom filme, com os diálogos bem fortes e as cenas bem cruéis...mas não me impressionou. Prefiro o Pulp Fiction...
Vi o filme ontem e adorei-o.
Fiquei abismaravilhado com a genial versatilidade de Tarantino.
Brevemente vai sair um post fresquinho e a estalar sobre o filme.
Dum modo geral a história e o casting surpreenderam-me pela positiva. Todo o filme é uma subtil homenagem aos clássicos europeus, sobretudo alemães. Tarantino é um cinéfilo inveterado! :)
Gostei desta pérola do tenente Aldo Raine: "we in the killin' Nazi business. And cousin, Business is a-boomin."
Obrigado, Pulha,
drop in any time you like.
Gostei.
Estar a ver este filme fez-me constantemente lembrar os comics com as suas pequenas histórias. Não me encheu as medidas com o 'Kill Bill' mas o homem sabe bem homenagear o cinema europeu. E tem alguns planos arrebatadores. A interpretação dos actores é fácil de descrever, uns são muitos bons, outros brilhantes...
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