domingo, 30 de janeiro de 2011

Voting

"No Sudão do Sul, 99 por cento escolheram a independência".

Talvez quando nos incendiarem as casas, matarem as nossas famílias e oprimirem a nossa voz, os tugas se decidam a ir às urnas.
Alguma coisa me diz que só com a chegada do Clooney é que ficariam mesmo sensibilizados e arredariam o rabo do sofá. Mas é só um palpite.

Surprise, surprise

No outro dia, no rádio, ouvi duas coisas que me fizeram acreditar que ainda há esperança neste mundo:
1. David Luís manter-se-á no Benfica até ao final da época.
2. Há 30 anos, o actual Papa Bento XVI, na altura um teólogo com nome semelhante a cão perigoso, assinou um documento oficial, juntamente com outros teólogos, em que questionava a relevância do celibato na hierarquia católica. Tinha 42 anos. Agora, que lhe passou a pujança, já não se lembra de questionar nada. Mas valeu. Gostei de ver, Bento. Gostei de ver.

A matter of faith

Numa entrevista a Inês Pedrosa:
Jornalista: Afirmou uma vez que "As relações nascem, por vezes, mortas por falta de fé". O que quer dizer com isto?
Inês Pedrosa: O amor é frágil, é delicado e difícil de compatibilizar com o quotidiano, com as contas, as pantufas, a rotina. O mais triste é ver muita gente com medo de amar demais. Gente que não quer ficar nas mãos do outro, que não quer perder o controlo. O amor exige coragem e respeito. O amor é muito importante, porque é a fonte da sabedoria. O que se perde em amor, perde-se em conhecimento.

Hereafter and Love and other drugs

Gostaria de ter gostado do filme do Clint Eastwood mas não superou as minhas expectativas. A ideia base pode ser etérea, alvo de todas as conjecturas e pensamentos. Mas a estrutura narrativa e a ligação entre actores não me seduziu. Falta-lhe plenitude. Eu achei. Quase toda a gente adorou. Desta vez, sou como a crítica francesa. Escolho as minorias. Quanto ao Love and other drugs, adorei. Bem escrito, boas piadas, excelentes actores. Gostei. Até da forma como o Viagra entra. Maybe because I am into light things. Nothing heavy. Had too much of that.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Hungry


Because I am eating too many biscuits... I might as well empty the jar. Then break it before it fills again.

Listen but don't go for it

Pó cara$%#/?, put#%#&#"& que os pariu, desgraçados, miseráveis, sacanas de m"#$$&, estes gajos que escrevem canções destas pelas quais uma gaja se apaixona, porque é tudo MENTIRA. Ouviram? mentira. Fat, fat, obscene, imense, huge, greasy, beautiful, extraordinarily, hopeful LIES.

Presidents

Um trabalhador, numa fábrica de aço dos Estados Unidos da América, afirmou uma vez, aquando a escolha de Bush (filho) para o segundo mandato e a possibilidade de Clinton regressar para um terceiro mandato:
- I would trust Bush with my daughter and Clinton with my job.
Hoje, ao olhar para aquelas carinhas tristes no boletim de voto, não me apeteceu confiar a minha vida a ninguém. Votei e dobrei muito o papelinho. Ao enfiá-lo na urna, a senhora da mesa exclamou "Ai, assim não!" "Assim, como?" perguntei. "Mais dobrado" respondeu-me. Questionei-a se me anulariam o voto se fosse assim. "Não, claro que não". Nesse caso, nas próximas eleições, faço um origami. O Cavaco teria ficado lindo na proa de um barquinho, o Nobre na popa, o Alegre a quilha e o Coelho uns remos, para animar a coisa.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Bath

- Ouve lá, estás com um aspecto um bocadinho ranhoso.
- Achas mesmo? Que observação tão feminina! Tou-te a estranhar, Manel.
- Não me confundas com uma borboleta mas esse cabelo já levava uma esfregadela com champô!
- Eu sei. Tens razão.
- Cortaram-te a água no bairro, foi?
- Não. Se tomar banho agora não me vou lembrar do cheiro dela na minha pele, é só por isso.

Friday afternoon


They were just enjoying the sunshine and the cold wind approaching. A nice hot chocolate and good conversations about cinema and love. Some music as well.

- What's wrong? You were always so brave. It's not a failure. It's just you looking for something. Being true to yourself.

- You're right. I have always been true to what I believe and to what my heart says.

- Curiously enough, I can hear your head louder than ever... It is strange.

- I know. I don't really like it either. It's just that my heart has been calling the shots for too much time... and I guess I am tired of the bumpy ride. That's all.

Then they asked for a beer and spoke about good books and photography.

New singer

Há umas semanas apaixonei-me por esta versão e por esta cantora. MAria Gadu. Gosto da forma como canta "me desmilinguí..."



quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

You're the woman for the job

Quando nos começam a elogiar do nada, reforçando a negrito a palavra perfil como se tivéssemos nascidos predestinados a desempenhar aquela função, há que desconfiar. Estamos efectivamente a ser fu&%$"d de uma forma descarada, que é como quem diz, como não me apetece fazer esse trabalho, atiro-te às feras. Tens carninha tesa, aguentas. Adoro reuniões assim. Profissionais.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Golden Globes 2011

O Social Network arrecadou o globo para melhor filme e outras categorias. Foi o grande vencedor. Ora venha de lá o botãozinho para clicar:


Photos


As fotografias imortalizam sorrisos, mais ou menos sentidos. As fotografias fazem-nos sentir saudades dos cheiros e toques que nos inflamaram as entranhas. As fotografias activam lembraças enterradas e dores recentes. Seja como for, gosto de as percorrer, revisitar como escolhas conscientes. Trazem-me à memória coisas simples, canduras, loucuras, ventos agrestes e areias quentes. Apesar de sorrir muito, tenho poucas que me mostrem a alma. Apesar das sombras, do grão, das mal focadas, dos olhos vermelhos, gosto de todas. Mesmo daquelas que recusei.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Moments

No outro dia conversava com uma amiga sobre a lembrança constante que ela tem do ex-namorado. Hoje, outra colega tinha sido trocada por uma espanhola. Doía-lhe há quase um ano.
Caraças. Achava que só as mulheres eram recolectoras e que os homens se limitavam a caçar um grande mamute. Cansavam-se, depois enterravam-se no sofá, agarradinhos ao comando, comendo a carne farta à mão de semear e engordavam até à crise dos cinquenta (até essas vêm mais tarde). Afinal, são os antigos caçadores que agora coleccionam cartinhas. Damas de copas. E outras vão ficando para trás, de copas partidas.
O pior deste cenário neo-histórico é que as mulheres, num misto de eterno deslumbramento e inocência, esperam pelo regresso do caçador, quando a fruta colhida apodrecer. Alimentam-se da esperança que elas próprias criam e do imenso coração que as impele a aguardar... por uma coisa que no seu entender foi perfeita, acreditando que eles estão perdidos num engano momentâneo e que voltarão ao trilho certo. Hoje apercebi-me que as mulheres são seres incansáveis. Amantes incansáveis, donas de uma esperança incomensurável que só lhes lixa a vida. Mesmo assim e também por isso, admiro-as profundamente.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

The fall

É importante perceber que não controlamos tudo. Rendermo-nos à evidência de que a vida nos prega rasteiras violentas. Caímos espraiados no chão, vazios. Ecoamos pela calçada e amaldiçoamos a banana que pisámos. Vociferamos palavrões para dentro. Esperamos ter passado despercebidos para evitar dores maiores. Erguemos o corpo desenxabido. Confirmamos as nódoas negras, apalpando a pele dorida. Sacudimos a poeira e a sujidade das roupas finas. De a alma andrajosa e rota continuamos em frente, como se nada fosse.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Voyeurism

Sometimes we pick up a book and pry into someone's inner secrets. We discover brilliant minds at the age of sixteen and complex worlds we never thought possible. Diving into an intricate woman's diary, sharing her most deepest torments and beautiful visions takes us away from our barren insipid reality. As I lingered through Sunsan Sontag's diary, I realized someone else was prying into my reading, as if the words absorving me were part of my intimacy. Someone else was being as voyeuristic as me. When I caught the spy red-handed, he blushed and dove back into his book. I got up and left at page 101.
"Quem inventou o casamento era um engenhoso torturador. É uma instituição devotada ao entorpecimento dos sentidos. O objectivo absoluto do casamento é a repetição. O melhor que pode aspirar é a criação de fortes dependências mútuas.
As discussões acabam por se tornar irrelevantes, a menos que um dos dois esteja sempre preparado para as levar por diante - isto é, a acabar o casamento. Por isso, depois do primeiro ano, deixa-se de "fazer as pazes" depois de discutir - recai-se num furioso silêncio, que passa a silêncio normal e depois tudo recomeça novamente."

Susan Sontag, Renascer, Diários e Apontamentos