quinta-feira, 29 de abril de 2010

INDIE


Indie, Indie, Indie. Napoli, Napoli, Napoli. Porque sim. Porque é bom. Porque é diferente. Porque é alternativo. Porque mistura géneros cinematográficos. Porque tem gente interessante. Porque dá vida a salas esquecidas. Porque tem longas e curtas e não tem pipocas em nenhuma delas.

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Andava a resistir à tentação de comprar um cd de uma banda que me deixava de ouvido pendurado na Antena 3. Hoje cedi, depois de me chicotear até fazer sangue na celulite imaginária que tenho e lá comprei o cd. Pensei em fazer uma surpresa e, como tinha falhado os Florence and the Machine, achei que seria boa ideia ir ouvir esta banda nova-iorquina à Aula Magna. E não é que a m... dos bilhetes esgotaram numa semana, há uns dois meses?????? Venha de lá a porcaria do chicote outra vez!

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Temptations

O V. gosta de ouvir a Antena 1. Eu sou mais de músicas mas rendo-me ao Hotel Babilónia. No sábado passado o Pedro Rolo Duarte disse que o melhor arroz byriani se comia num restaurante fantástico, uma pérola goesa escondida na Mouraria. O alarme soou logo. Adoro sugestões culinárias, ainda para mais das exóticas. Ontem descobrimos as Tentações de Goa. O jantar foi tão bom, tão orgásmico, tão prolífico em especiarias, tão especialmente simples e intenso que até me pediram em casamento.
Afinal, não passou de um equívoco. O pedido, porque a comida é uma perdição. Seja como for, já percebi porque são tantos os indianos. Esta comida só me dá vontade de regressar a casa, mergulhar nos lençóis e fazer filhos até à exaustão. Casada ou não.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Eruptions

Num mundo onde tudo é fast, um vulcão com mais impacto que o 9/11 ainda não tem a porra de uma abreviatura?! Jokul parece-me bem. Lembra-me o sombrio Dr. Jeckyl.

terça-feira, 13 de abril de 2010

A surprise

Fui ao Centro Cultural de Belém ver a exposição da Joana de Vasconcelos e acabei por descobrir uma história de vida bem mais interessante - Annemarie Schwarzenbach. Estes acasos é que tornam os centros culturais interessantes.

Dream on...

The spy

Os vizinhos começaram a discutir. Uma vez mais. Depois do jantar. Quando ele chega. As vozes altas e roucas, gastas de tanta ofensa. Os gritos e as interjeições atropelam-se com o esbracejar imaginário. Na televisão nada de jeito. A vizinha foi comprovar se a teoria do copo funcionava. Encostou a orelha à parede e o copo de whisky vazio definiu-lhe os impropérios através da parede. "Dei-te 16 anos da minha vida!", gritava ele; "Fartaste-te de comer do que era dele (sogro), não me venhas falar em dever obrigações" guinchava ela, à medida que a voz se afastava pelo apartamento. Ele mantinha-se numa espécie de escritório, paredes meias com a cozinha da escuta oportunista. "A guarda não pode ser conjunta. Vai e deixa-me trabalhar, que alguém tem que pôr dinheiro em casa" ele; "Tu és um inocente... "e afastava-se uma vez mais. O facto de obter mais informações do marido do que da mulher, prestes a deixarem de o ser, não ajudava a esclarecer a raiva. Se houvesse porrada chamaria a polícia, decidiu. Repetiam-se muitos pronomes "Tu, tu, tu, tu... ai, sim??? EU, eu, eu? Ai foi?" Tá bem, tá bem... A ti já te conheço de ginjeira!". Supunha que sim, depois de ouvir a história dos 16 anos. Nunca os viu nos elevadores. Nunca se cruzaram mas ouve-lhes as batalhas verbais em horário nobre. Esta última fluída, através do vidro.
Cansou-se de tanto ódio. Sentou-se no sofá com o comando numa mão, acariciando a cabeça dele com a outra. Passou uma hora. A batalha perdurava com sangue a sair-lhes das cordas vocais. Despojos de dezasseis anos que mais parecem um engano. Desligaram a televisão e foram deitar-se, afastando-se dos urros e ataques desferidos no apartamento ao lado. Fizeram amor e devolveram-lhes a amabilidade com gemidos. Aninharam-se um no outro e adormeceram com a certeza de não quererem acabar assim.

Church at its best

Antes da Igreja ser o que é hoje, uma instituição limpa, digna e honrada, os padres podiam casar-se. Faziam-no, aliás, porque era normal que tal acontecesse. Os sacerdotes que ocupavam uma posição elevada na hierarquia usufruíam de algumas benesses e adquiriam bens por herança ou porque o Rei entendia atribuir-lhes mais algumas alvíssaras, dependendo da sua dedicação ao povo consumido pelas infestas pestes medievais. Quando o sacerdote morria, a sua riqueza era naturalmente herdada pelo primogénito, sendo que o segundo filho ficava geralmente remetido a uma vida de clausura e conhecimentos eruditos num qualquer mosteiro do centro da Europa. A Igreja agradecia mais um monge para alargar a voz das suas preces mas, agradeceria mais, claro, se a riqueza do filho primogénito fosse para engrandecer os bens de nosso Senhor. E assim nasceu o celibato.
Razões de gula económica inventaram uma repressão física para garantir que os bens dos sacerdotes não fossem herdados pela família deste. Não há qualquer explicação lógica relativamente à capacidade de devoção e entrega! Esta não é inversamente proporcional caso o padre constitua família. Coitados dos rebanhos protestantes se assim fosse. A grande verdade é esta.
A Igreja tornou-se uma espécie de máfia que lança poeira para os olhos dos devotos, assim como um líder futebolístico acusa o adversário de vitórias compradas no balneário. É uma espécie de Hitler que, para desviar a atenção dos seus verdadeiros intentos ou encobrimentos gravíssimos, culpa os judeus pela miséria económica do país, convencendo um povo ignorante e ávido de estabilidade económica.
Peço desculpa se exagerei nas comparações. Seria quase tão grave como dizer que a pedofilia está directamente relacionada com a homossexualidade...
O secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, estabelece uma relação entre pedofilia e homossexualidade, rejeitando uma ligação ao celibato a que estão submetidos os padres.
"Demonstraram muitos sociólogos, muitos psiquiatras, que não há uma relação entre celibato e pedofilia, mas muitos outros demonstraram, e disseram-mo recentemente, que há uma relação entre homossexualidade e pedofilia", declarou aos jornalistas Tarcisio Bertone, que se encontra em visita ao Chile.
"Isto é verdade, este é o problema", sublinha o número dois do Vaticano, citado pela agência EFE, quando questionado sobre se a suspensão do celibato ajudaria a acabar com os casos de abusos sexuais a menores cometidos por sacerdotes.
in Expresso.
Eu conheço pelo menos dois pedófilos. Um convidava-me a visitar a casa dele mostrando-me brinquedos para lá da janela ao mesmo tempo que me mostrava outras coisas. Um muro e uma estrada separava-nos. Isso e algumas pedras que eu lhe atirei e que lhe partiram a janela da cozinha. Não lhe consegui acertar. Eu tinha sete anos. É um homem solitário. Não se lhe conhecem aventuras com homens nem mulheres. O outro é casado. A mulher está acamada. Ele gostava de levar meninas para a praia para as ensinar a nadar. A forma como gostava de agarrar as meninas não estava nos manuais de natação.
As crianças que foram mais do que avisadas pelos pais ( que têm noção que há por aí muito tarado), topavam-nos de imediato. Eu fui uma delas.
Algumas das pessoas mais importantes da minha vida são homossexuais. São, mas só por acaso. Podiam ser heterossexuais, into bondage ou afins.
Fazem-me muito feliz. Adoro-os. Um dia os meus filhos chamar-lhes-ão tios e tias.
Permitir que associações destas sejam feitas publicamente é tão vergonhoso como o agitar uma boneca e uma flauta do outro lado da rua, juntamente com outros pendiricalhos, para que uma inocente de fato vermelho com pequenos barquinhos se deixe iludir pela mentira. Merdas destas metem-me nojo. P... que os pariu a todos.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

How to spot a homophobic

-Viste a Oprah ontem?
- Não, porquê?
- Estava lá aquela da cabelo curtinho, loira, que tem um programa que te faz rir muito...
- A Ellen Degeneres?
- Sim, essa. Deu o casamento dela. Ela era o homem, ia vestida de homem porque a namorada ia linda, vestida de noiva... vão dar isto para a televisão... devem pensar que fazem uma linda figura...
Silêncio.

Se fosse há uns dois anos, cansava-me, usava da minha melhor retórica, até ficar sem voz. Hoje:

- Hoje não almoço com vocês, mãe, ok?
- Ok.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Hi, sweety, how are you?

Uma das minhas melhores amigas ligou-me para relembrarmos tempos da faculdade. Perguntei-lhe imediatamente se alguém tinha morrido porque aparentemente parece ser esse o único motivo para que, infelizmente, nos reunamos com alguma frequência. Com tantas formas de nos ligarmos tecnologicamente, estamos mais afastadas que durante as férias na faculdade. "Não, está tudo vivo", respondeu-me. Aliás, o motivo do seu telefonema tinha a ver com vida. Uma nova. A segunda gravidez. Tento sempre mostrar o meu maior entusiasmo quando digo "Parabéns, que bom!", mas, não sabendo muito bem porquê, acho que um mar de enjoos matinais e de boa comida espraiada na sanita me parece motivo de alguma infelicidade. Isso, e a minha racionalidade que me indica que em tempos de crise avançar para o segundo filho é uma espécie de suicídio. Provavelmente, um dia, irei perceber a frase "curtir a minha gravidez" sem me imaginar um boneco de neve feliz, com manchas na testa e mamas XXL... quando deixar de ser egoísta e de pensar que viverei numa eterna juventude, com metade do mundo ainda para conhecer. Para já, tento parecer o mais entusiasmada possível. Adoro-a e percebo a sua felicidade. "Que bom, querida. Pode ser que seja um gajo. Tanta "sobrinha" começa a ser demais." disse-lhe, assim, como quem fica delirante com a coisa.

New sounds

domingo, 4 de abril de 2010

"You tore my heart"

Small things

Ontem fui tomar um copo ao casino de Lisboa com uma amiga. Estas noites estão frias demais para andar a cirandar pelo centro da cidade, por isso ficamo-nos pelas zonas periféricas, onde o carro e o aquecimento circulam mais livremente.
Aquele bar que roda é engraçado. A música era boa. Uma cantora de meio jazz, meio bossa nova, meio blues. Bons músicos. A cada canção finda, nada de aplausos. Um vazio de regojizo, um chorrilho de conversas e risadas paralelas.
A banda retirou-se e surgiu uma jovem elegante e musculada com uns longos cabelos encaracolados. Desceu uma corda grossa do tecto e ela ao encaminhar-se para ela, liberta-se do véu que lhe enrola os seios e deixa-se ficar assim, com calças pretas justas, uma tatuagem longa e espinhosa nas costas e umas belas tetinhas empoleiradas. E foi vê-los e vê-las a chegar. A senhora era dotada de grande ginástica, sim senhora, sabia como prender uma corda grossa entre as pernas, sabia mexer os belos cabelos ondulados, mas aquilo que ela sabia verdadeiramente era o poder das suas mamitas. À medida que o bar rodava, eu, de costas, conseguia ver o público entusiasmado. Elas, admirando a ginástica e as curvas, curvando as sobrancelhas e num laivo inconsciente de inveja, afirmando " A tatuagem é mesmo feia". Eles, novos, paravam logo. Abriam as bocas num sorriso inocente e impulsivo, de homens das cavernas que ainda não provaram o suficiente de jovens presas. Os mais velhos tentavam disfarçar o entusiasmo. Ou bebendo para apaziguar a fleuma, ou rodando o braço em torno da companheira indicando-lhe que está entusiasmado para o resto da noite. Ela olha-o, pouco agradecida. Imagina que não será por si o entusiasmo e estupidamente, rosna-lhe com alguma indiferença. O palco vai rodando. A jovem desce. Todos aplaudem efusivamente. Parecia um concerto da Diana Krall. O que faz um par de mamas... Um homem jovem ainda se mantém, em pé, expectante, com a boca escancarada a mastigar uma pastilha revolto, como se isso pudesse apaziguar o sangue palpitante que o invadiu de repente. Enfim. Mamas.

sábado, 3 de abril de 2010

Happiness


Coisas que um homem terá dificuldade em compreender:

Créme preventión - Channel - 95 Euros

Eau de Parfum Insolence - 85 Euros

Vestido beje Sacoor - 75 Euros

Sandálias castanhas Red Oak - 115 Euros

Brincos Satellite Pedra Dura - 60 Euros.

Infelizmente, também a minha conta bancária tem dificuldade em encaixar estes conceitos e valores. Por isso é que continuou tudo nas prateleiras e nas montras.
Seja como for, vim com umas lindas maçãs e pescoço perfumados e rejuvenescidos.