segunda-feira, 23 de novembro de 2009

School - moments

Professora na primeira aula depois do teste de História.
- Então, stora, corrigiu os testes? (perdura a ideia de que os professores anseiam por corrigir asneirada, até porque, bem vistas as coisas, não têm vida própria...)
- Não. A máquina de corrigir testes está avariada.
- Máquina de corrigir testes? Cóm é essa cena?
- Funciona mais ou menos como uma fotocopiadora. Colocamos os testes de um lado, inserimos os códigos da correcção e saem do outro lado, devidamente corrigidos.
- Meu, ganda cena. Onde é que se compra essa cena? É cara?
- Na Worten costuma haver mas custam 1000 euros.
- 1000 Euros, fónix (o publicitário que se lembrou disto devia ser chicoteado), bué da pasta!

Ao perceber que a ironia se havia tornado uma realidade perfeitamente lógica, a professora poupou-se a uma angústia maior e disse:

- É mentira, meus amigos. Estava a brincar convosco.
- Fogo, tava a ver, era muita cara pa ser verdade.


No dia da apresentação oral:
- Bem, meus amigos, vamos a isso. Comecemos por ordem alfabética.
- Stora, hoje é a apresentação oral?
- É, já ando a repetir esta data de há um mês para cá.
- Fogo! O qué qu'era mesmo pa fazer?!

Então explica-me lá o motivo desta falta disciplinar.
- Então, stora, eu pedi para ir à casa-de-banho...

- Sim, e o professor autorizou?
- Sim.
- Muito bem. E então o que se passou depois para que o professor da aula de substituição marcasse falta disciplinar?
- Então, fui à casa-de-banho e depois aproveitei e fui dar uma volta... e pronto. Cheguei mais tarde.
- Foste dar uma volta?! Uma volta?!
É nestas alturas que nos apetece deixar o antebraço pairar no ar e ao de leve, muito suavemente, deixar cair a palma da mão na nuca do indivíduo num poético calduço.

Directora de Turma telefona para Encarregada de Educação.
Round 1
- Sabe que a sua filha já tem muitas faltas e terá que fazer prova de recuperação a Geometria Descritiva?
- Sim, eu sei Dra. Não se preocupe.
- Sabe que a matéria é complicada, ela precisa de estudar.
- Ela está habituada. No ano passado fez várias provas de recuperação e passou a todas.
(Relembro que as provas de recuperação foram uma invenção que ajuda os alunos a limpar o cadastro das faltas. São realizadas depois de várias faltas INJUSTIFICADAS).
- Muito bem. A senhora foi informada e isso é o mais importante.

A aluna faz a prova. Não é aprovada. Directora de Turma questiona Direcção se a aluna pode ficar retida. Direcção aconselha professor da disciplina a dar mais uma oportunidade. Directora de Turma envia carta para casa informando Encarregada de Educação. Relembra a dificuldade da disciplina.

Aluna faz segunda prova. Não obtém aprovação.

Directora de Turma ao telefone com Encarregada de Educação. Round 2:
- Neste momento, depois de duas provas sem aprovação, a sua filha está reprovada por faltas à disciplina de Geometria Descritiva.
- Pois, mas não é justo! O professor da disciplina nem sequer deu aulas de explicação à miúda. Ela sentiu-se completamente perdida.

Single, widower, divorced...

Pois, ela bem tinha razão. O tipo é casado. Porra. Aparentemente, tem uma daquelas coisas que se chamam relações de cama, comida e roupa lavada. Um estado de comodismo calcário partilhado com a outra metade progenitora. Alguém que já gemeu de prazer no seu ouvido mas que agora é só "mãe dos seus filhos".
Quem é maior costuma também ser vacinado mas não significa que tenha mais juízo.
Loneliness is a fucked up place.
- E agora?
- Agora vamos ver. Não me quero envolver.
- Sabes bem que não travas antes de lá chegar... mas enfim, quero que estejas feliz. Estás feliz?
- Está tudo bem, amiga.
Um homem afasta-se tanto as sua rotina empedernida como o calcário do tambor da máquina.
Sabe-se lá porquê... as rotinas afogam a maioria das mulheres. Talvez se começarmos a jogar futsal à sexta com o mesmo grupo e depois nos embebedemos a falar de gajos acabemos por perceber o fascínio destes hábitos centenários. What do you say, ladies?

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Inner growth

I've discovered I am as fragile as everyone else. I've also realized that I more easily take on some pain and blame than confront others. I am not a ghetto girl. I hate to argue. Even though I am right in doing so I have always dodged these situations as if I would inevitably fail before them. I am discovering that I can avoid this pattern and stand up for myself. Be more assertive. I might even kick some ass in the meantime. Interesting thing... I am enjoying the ride.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Mummy hates daddy

Ontem, numa reportagem da SIC, um pai lamentava os longos anos afastado dos seus filhos. Uma distância imposta pelo outro cônjuge. Perdeu o emprego porque a tristeza se instalou na sua forma de estar. Os dois rapazes eram duas botijas de oxigénio que o ligavam ao mundo. Procurou voltar a respirar. Entretanto casou mas continua a sofrer. A ex-mulher é exímia no chorrilho de acusações, na listagem de incumprimentos, no afastamento (a seu ver) absolutamente intencional e irresponsável do ex-marido. A educadora de infância dos miúdos conhecia os dois. Tomou o partido do pai. Eu não percebo muito de pessoas, mas o olhar doce do homem que continuou a procurar dar pensão de alimentos aos seus filhos ainda que desempregado e o frenesim destrutivo da mãe que sempre quis aumentar essa pensão (independentemente das condições financeiras do ex-marido), acusando também a nova madrasta de bater nos seus filhos... enfim, soa-me a discurso de mulher abandonada.
Esta síndrome chama-se "Alienação parental". É geralmente levada a cabo pelas mulheres mas não necessariamente assim. Os filhos são usados como armas de arremesso acabando por ser, quase sempre, as maiores vítimas em todo este processo. Há várias questões que me causam algum incómodo. Uma delas é: como podem duas pessoas que tiveram momentos de amor e intimidade, que conheceram os seus segredos mais íntimos, que conceberam seres por amor, de forma consciente, odiar-se tanto? Outra tem a ver com esses mesmos seres. Se esse é o maior amor de todos, se amamos incondicionalmente (ou quase), como podemos afastar os nossos filhos de quem eles tanto amam e lhes quer bem? Como pode um amor de um pai/ mãe ser inferior ao ódio que nutre por aquela pessoa que foi outrora a sua cara-metade? Como podemos nós estar equipados com ovários e testículos se não temos o software para lhes dar o devido uso? A teoria evolucionista tem que ser mais selectiva aqui. Se preciso for, programem-nos... para bem daqueles que pomos cá fora.

sábado, 14 de novembro de 2009

My freedom

Tenho muitas grelhas para inventar, fazer, imprimir, fotocopiar. Todas para provar o quão aplicada sou. Todas para mostrar a um qualquer elemento superior que mereço as migalhas com que me presenteiam cada mês. Todas para provar que não me engano quando atribuo uma classificação negativa. Todas para poder esfregar na cara dos papás quando vierem argumentar o comportamento dócil e querido do seu anjinho caseiro que julga entrar no Inferno de Dante ao cruzar os portões escolares. Todas para Inglês ver o quão boa secretária sou. Sei fazer cruzinhas, olhem para mim. Não sou isso que eu sou. Querem matar o meu conhecimento científico e a minha criatividade. Não deixo. E só para me vingar, mando as grelhas pá P... que as pariu e regojizo-me com a leitura de Status Anxiety do Alain de Bottom. Mai nada!

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Will we have a home run?

Ela está numa indecisão há umas semanas. Ele parece querer uma investida fugaz. Simpatiza com ela mas não avança. Deixa-lhe mensagens dúbias, polissémicas, que tanto pode ser de um profissionalismo bem-humorado ou de um avanço disfarçado pela sua intimidade. Ela responde com um isco interrogativo na esperança que ele morda. Ele responde voltando ao modo "neutro". Tudo na mesma. Não F... nem sai de cima. Uma mulher não tem tempo para esperar.
Ela foi dar uma caminhada para desanuviar. O jejum de carinho e afecto deixa as hormonas à beira da explosão. Cama precisa-se. Ele liga-lhe:
Ele: Preciso de umas coisas da tua empresa. (Quero ver-te... ou não)
Ela: Quando queres que veja isso contigo? (Quando te vais atirar... é esta semana?)
Ele: Estás ofegante... O que estás a fazer? (Pergunta vaga...)
Ela: A dar uma caminhada, estou furiosa. Tive um dia muito cansativo. (Pensa: "Podias ser tu a cansa-me e eu não estaria tão aborrecida com o mundo todo mas não te decides.")
Ele: Não fiques assim e blá blá blá.... (Resposta delicada ou não sei se me preocupo contigo...)
Ela: Bem, quando queres que veja isso?
Ele: Hoje? Pode ser? (Será que quer fazer a maratona...)
Ela: Teria que regressar à empresa e fica muito longe. (Tens cá um sentido de oportunidade, pá) Pode ser o meu sócio a fazer isso.
Ele: Preferia que fosses tu. (E ela já a achar que é motivo de chacota ou que ele tem uns silicones suplentes. Não percebe este arranca e recua.)
Ela: OK, amanhã de manhã. (Pensa: Não sei se me apetece produzir-me. Estou a ficar cansada de decotes infrutíferos.)
É este o drama das mulheres independentes e autónomas. As mensagens de telemóvel são mais um elemento para juntar a um monólogo de duas partes. Ninguém se entende. A meu ver, que não passa de mera opinião, temos todos medo de falhar. Acobardamo-nos perante a NEGA/ TAMPA/ RECUSA, o que lhe quiserem chamar. Convirá sempre avançar para qualquer coisa parecida com uma abordagem íntima sem ser forçada. Temos que saber o terreno que pisamos antes que o cérebro fantasie demasiado e acabemos em areias movediças.
A minha sugestão: E que tal sairmos os dois? Sem trabalho à mistura. Parece-te bem? Há sempre 50% chance it works out. Se não for o caso, seguem com a vossa vida. Sem falsas ilusões. Ela acha que eu vou directa ao assunto...

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Women's things


Na sexta-feira decidi cortar o cabelo. So far so good. Faço-o muitas vezes. Inovar é bom. Gosto de quebrar a rotina em tudo. Até no meu couro cabeludo. Dá-lhe aí uma tesourada, disse à minha cabeleireira de há muitos anos. Não leva caro, corta bem, e eu não vou lá muitas vezes. Tem um senão. Tem a mania que sabe tudo. Sim, compreendo. A expert nos fiozinhos capilares é a menina mas o cabelo é meu.

Eu - Muda o corte mas deixa os jeitinhos selvagens, please. Estou fartinha de me ver assim.

Ela - Já não vinhas cá há muito tempo. O teu cabelo precisa é de um tratamento. Está muito fraco.

Eu - (merda, lá vou ter que convencê-la que só quero isto porque não me apetece perder tempo e, muito menos, gastar dinheiro) Sim, noutra altura. Agora não.

Ela - Agora não porquê? Não demora muito. Fica nutrido e pesado. Vais adorar. E nem sequer é caro.

Eu (quase convencida) - Pesado? O meu cabelo é muito fininho? Isso não é uma miragem? Não perco estes meus jeitinhos selvagens, pois não?

Ela - Não confias em mim? Eu percebo do meu trabalho.



Eu... cedi. Lá fiquei com uma máscara como se o mundo fosse acabar e o falecido Saddam lançasse uma bomba bioquímica na minha pretty round tiny head. Ficou direitinho com uma leve sensação de cimento plastificado... Convenci-me que o corte e a lavagem do dia seguinte devolveriam ao meu aspecto leve e solto a frescura de outrora. Fui sair com umas amigas sempre angustiada por ter aquela imagem de Índia Americana na cabeça mas com um look muito ocidental em tudo o resto. Estava doida para que chegasse ao dia seguinte. E chegou. Voltei lá para finalizar o tratamento. Cortou demais. O cabelo ficou liso. Passei-me.

Fui procurar outra cabeleireira, gastei uma pequena fortuna em produtos e infernizei todos à minha volta com o meu desespero momentâneo. Nada a fazer para recuperar as ondas e os caracóis indisciplinados que tão bem me caracterizam. No sábado detestei. No domingo recorri a todos os auxiliares secundários comummente chamados de ganchos e pregadeiras para resistir à humilhação pública. Palavras amorosas aplacavam a minha ira "Sabes que se estivesse muito mau eu dir-to-ia, amor. E não está. Tens é que o usar apanhado." I am so fucked...A minha sensualidade escoou-se pelo cano juntamente com o cabelo perdido.

Regresso ao trabalho. A pergunta inevitável de quem acha que os professores são seres entediantes sem vida própria:

-A professora cortou o cabelo?

(If I could tell you to fuck off for having reminded me of my painful and temporary but far too long disaster I would....)

- Não.

- Ah.

(Go figure. They always buy it).

Another one... Bem, stora, com esse corte parece uma miúda. Desculpe mas tenho que dizer. Muito gira. (Agora é que eu chumbo o gajo se ele não conseguir fazê-lo sozinho...).

Enfim. Depois de muito esfregar, de muitas aplicações de muito secador e algumas asneiras e vitupérios ofensivos e de uma promessa irreversível - nunca mais lá volto - começo a habituar-me a este corte muito Audrey Hepburn. Acho que vou comprar umas luvas pretas pelo cotovelo e tomar o pequeno-almoço a Nova Iorque. Só para me animar.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Long time love

Eileen and her husband Bob went for counseling after 25 years of marriage.When asked what the problem was, Eileen went into a passionate, painful tirade listing every problem they had ever had in the 25 years they had been married. She went on and on and on: neglect, lack of intimacy, emptiness, loneliness, feeling unloved and unlovable, an entire laundry list of unmet needs she had endured over the course of their marriage.
Finally, after allowing this to go on for a sufficient length of time, the therapist got up, walked around the desk and after asking Eileen to stand, embraced her, unbuttoned her blouse and bra, put his hands on her breasts and massaged them thoroughly, while kissing her passionately as her husband Bob watched with a raised eyebrow!
Eileen shut up, buttoned up her blouse, and quietly sat down while basking in the glow of being highly aroused.The therapist turned to Bob and said, 'This is what your wife needs at least three times a week.. Can you do this?'Bob thought for a moment and replied, 'Well, I can drop her off here on Mondays and Wednesdays, but on Fridays, I play golf.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Autumn and music

Deve ser do frio. Talvez seja por lhe chamarem a rentrée. Entro numa loja de música Melhor, num supermercado de consumo cultural. Acabaram-se as belas lojinhas de especialidade. Mataram a minha tão querida Valentim de Carvalho no Campo Grande. Antes de apanhar o autocarro descobria umas preciosidades. Foi lá que descobri a Calcanhotto e o seu "Marítimo". Era ela uma miúda. E eu também. Esteticamente mais pobre mas paradoxoalmente mais sensível.
Agora, sem os escaparates elitistas das lojas de música vejo-me obrigada a partilhar o meu espaço com maníacos dos jogos informáticos e famílias obesas fãs incondicionais dos plasmas king-size. É tudo ao molho e fé no discernimento e bom-gosto. Entro numa Fnac e oiço umas coisas. Nesta época, sabe-se lá porquê, há muitos nascimentos musicais. Alguns mais interessantes que outros. Editors, Muse, David Fonseca, Michael Bublé, Kings of Convenience, etc, etc... Apetece-me trazê-los a todos para casa. Essencialmente porque as multidões que encontro me tiram a vontade de ouvi-los o suficiente para poder escolher com a devida calma. Cantinhos especiais precisam-se.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Cinammon

Porque gosto da sinestesia. Porque também gosto da especiaria. Aconselha-se nos pastéis de nata ainda que contra-indicada para o coração. Porque apela aos sentidos.

O Descascador de Canela

Se eu fosse um descascador de canela
deitar-me-ia na tua cama
e deixaria o pó amarelo da casca
na tua almofada.
Os teus seios e os teus ombros cheirariam a canela
nunca mais poderias passar no mercado
sem a profissão dos meus dedos
flutuando por cima de ti. O cego tropeçaria
certo de quem se aproximava
mesmo que tomasses banho
na chuva das calhas, na monção.
Aqui no cimo da coxa
neste macio pasto
vizinho do teu cabelo
ou do sulco
que te divide as costas. Este tornozelo.
Serás conhecida entre os estranhos
como a mulher do descascador de canela.
Só a custo te podia ver
antes do casamento
nunca te toquei
- a tua mãe nariguda, os teus irmãos tão brutos.
Enterrei as minhas mãos
em açafrão, disfarcei-as com
alcatrão de tabaco
ajudei os apicultores a colher o mel…
Uma vez que estávamos a nadar
toquei-te na água
e os nossos corpos permaneceram livres,
podias segurar-me e ser cega de cheiro
Saltaste a margem e disseste
isto é como tu tocas as outras mulheres
a mulher do cortador de relva, a filha do queimador de limão
E procuraste nas tuas mãos
o perfume desaparecido
e soubeste
como é bom
ser a filha do queimador de lima
deixada sem marca
como se lhe tivessem falado no acto do amor
como se ferida sem o prazer de uma cicatriz
Roçaste o teu ventre nas minhas mãos
no ar seco e disseste
sou a mulher do descascador
de canela. Cheira-me.


Michael Ondaatje

Idols or why would I like to be Manuel

Há uns anos, quando era muito lírica e idealista, quando achava que podia corrigir a maldade dos outros e racionalizar a inveja do vizinho, achava o programa Ídolos um verdadeiro disparate. Acima de tudo, custava-me muito olhar para aquelas criaturas indefesas que eram publicamente humilhadas, acabando por servir de entretenimento a famílias inteiras por esse Portugal fora. Até mesmo às suas, que há quem se ria dos seus próprios genes. Reivindicava justiça. Não entendia como isto podia ser entretenimento. Hoje, agora que sou mais burgessa e insensível, farto-me de rir com o programa. O que mudou? Bem, primeiro que tudo a minha ilusão e segundo, apercebi-me da representatividade sociológica dos cromos. A inteligência passou a ser categorizada: há a emocional, a espacial (bato com o dedo mindinho nos móveis, esta não tenho. Burra), a musical, etc e tal e coisa. Uma verdade absoluta é que todos somos capazes de chegar muito longe. Todos somos inteligentes. Ai de quem decida retirar aos jovens de hoje esta crença. A humildade, infelizmente, na minha perspectiva boçal, tem os dias contados. Desta forma, cremos todos na grandeza que temos sem que tenhamos dado provas ou feito qualquer esforço para obtê-la. Logo, é perfeitamente lógico que saibamos cantar. Logo, toca de arriscar porque acreditamos no nosso inner hidden talent. Somos todos tão talentosos quanto inteligentes. TODOS. Basta querer. Hoje em dia é tudo tão fácil e absolutamente garantido que não há especialistas. Há pessoas que insistem que sabem mas ignoram que TODA A GENTE é entendida em QUALQUER matéria.
Por isso, quando vejo o Manuel grunhir para uma qualquer croma que esteve a madrugada toda ao frio por se julgar quase tão boa como a Beyoncé "Não cantas a ponta de um corno", rio, rio muito. Só tenho pena de não poder exercer essa autoridade déspota no meu trabalho "Não fazes a ponta dum corno, pá! Julgas que vais passar? Faz-te mas é à vida que tens idade para isso... Calão."