sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Will we have a home run?

Ela está numa indecisão há umas semanas. Ele parece querer uma investida fugaz. Simpatiza com ela mas não avança. Deixa-lhe mensagens dúbias, polissémicas, que tanto pode ser de um profissionalismo bem-humorado ou de um avanço disfarçado pela sua intimidade. Ela responde com um isco interrogativo na esperança que ele morda. Ele responde voltando ao modo "neutro". Tudo na mesma. Não F... nem sai de cima. Uma mulher não tem tempo para esperar.
Ela foi dar uma caminhada para desanuviar. O jejum de carinho e afecto deixa as hormonas à beira da explosão. Cama precisa-se. Ele liga-lhe:
Ele: Preciso de umas coisas da tua empresa. (Quero ver-te... ou não)
Ela: Quando queres que veja isso contigo? (Quando te vais atirar... é esta semana?)
Ele: Estás ofegante... O que estás a fazer? (Pergunta vaga...)
Ela: A dar uma caminhada, estou furiosa. Tive um dia muito cansativo. (Pensa: "Podias ser tu a cansa-me e eu não estaria tão aborrecida com o mundo todo mas não te decides.")
Ele: Não fiques assim e blá blá blá.... (Resposta delicada ou não sei se me preocupo contigo...)
Ela: Bem, quando queres que veja isso?
Ele: Hoje? Pode ser? (Será que quer fazer a maratona...)
Ela: Teria que regressar à empresa e fica muito longe. (Tens cá um sentido de oportunidade, pá) Pode ser o meu sócio a fazer isso.
Ele: Preferia que fosses tu. (E ela já a achar que é motivo de chacota ou que ele tem uns silicones suplentes. Não percebe este arranca e recua.)
Ela: OK, amanhã de manhã. (Pensa: Não sei se me apetece produzir-me. Estou a ficar cansada de decotes infrutíferos.)
É este o drama das mulheres independentes e autónomas. As mensagens de telemóvel são mais um elemento para juntar a um monólogo de duas partes. Ninguém se entende. A meu ver, que não passa de mera opinião, temos todos medo de falhar. Acobardamo-nos perante a NEGA/ TAMPA/ RECUSA, o que lhe quiserem chamar. Convirá sempre avançar para qualquer coisa parecida com uma abordagem íntima sem ser forçada. Temos que saber o terreno que pisamos antes que o cérebro fantasie demasiado e acabemos em areias movediças.
A minha sugestão: E que tal sairmos os dois? Sem trabalho à mistura. Parece-te bem? Há sempre 50% chance it works out. Se não for o caso, seguem com a vossa vida. Sem falsas ilusões. Ela acha que eu vou directa ao assunto...

6 comentários:

Apple disse...

Concordo absolutamnte!!Revejo aqui episódios pouco edificantes da existência actual...um horror, portanto...A incerteza é o que nos mata...

Apple disse...

P.S. gosto das tuas músicas :)

Cassandra disse...

Thanks, Apple.
A incerteza é terrível. Mais vale atirarmo-nos de cabeça e esclarecer tudo de uma vez. Os galos que nos enfeitam a testa de tanta cabeçada esquecem-se depressa:)

J. Maldonado disse...

Vocês também pecam por não serem explícitas... ;)

Cassandra disse...

Maldonado: se formos muito explícitas, corremos o risco de sermos interpretadas como muito "masculinas" ou, quiçá, um desafio pouco interessante. Para alguns, uma mulher muito directa tira o entusiasmo da sedução. É tudo muito relativo. Mas aí está a piada:)) One never knows.

J. Maldonado disse...

@Cassandra:
Essa má interpretação só surge na mente distorcida dos homens conservadores, vulgo machões.
Pessoalmente não vejo mal nenhum em uma mulher me dizer na cara que quer foder comigo, até é mais sexy... ;)
Estamos no séc. XXI e no Ocidente democrático, que eu saiba...