terça-feira, 10 de novembro de 2009

Women's things


Na sexta-feira decidi cortar o cabelo. So far so good. Faço-o muitas vezes. Inovar é bom. Gosto de quebrar a rotina em tudo. Até no meu couro cabeludo. Dá-lhe aí uma tesourada, disse à minha cabeleireira de há muitos anos. Não leva caro, corta bem, e eu não vou lá muitas vezes. Tem um senão. Tem a mania que sabe tudo. Sim, compreendo. A expert nos fiozinhos capilares é a menina mas o cabelo é meu.

Eu - Muda o corte mas deixa os jeitinhos selvagens, please. Estou fartinha de me ver assim.

Ela - Já não vinhas cá há muito tempo. O teu cabelo precisa é de um tratamento. Está muito fraco.

Eu - (merda, lá vou ter que convencê-la que só quero isto porque não me apetece perder tempo e, muito menos, gastar dinheiro) Sim, noutra altura. Agora não.

Ela - Agora não porquê? Não demora muito. Fica nutrido e pesado. Vais adorar. E nem sequer é caro.

Eu (quase convencida) - Pesado? O meu cabelo é muito fininho? Isso não é uma miragem? Não perco estes meus jeitinhos selvagens, pois não?

Ela - Não confias em mim? Eu percebo do meu trabalho.



Eu... cedi. Lá fiquei com uma máscara como se o mundo fosse acabar e o falecido Saddam lançasse uma bomba bioquímica na minha pretty round tiny head. Ficou direitinho com uma leve sensação de cimento plastificado... Convenci-me que o corte e a lavagem do dia seguinte devolveriam ao meu aspecto leve e solto a frescura de outrora. Fui sair com umas amigas sempre angustiada por ter aquela imagem de Índia Americana na cabeça mas com um look muito ocidental em tudo o resto. Estava doida para que chegasse ao dia seguinte. E chegou. Voltei lá para finalizar o tratamento. Cortou demais. O cabelo ficou liso. Passei-me.

Fui procurar outra cabeleireira, gastei uma pequena fortuna em produtos e infernizei todos à minha volta com o meu desespero momentâneo. Nada a fazer para recuperar as ondas e os caracóis indisciplinados que tão bem me caracterizam. No sábado detestei. No domingo recorri a todos os auxiliares secundários comummente chamados de ganchos e pregadeiras para resistir à humilhação pública. Palavras amorosas aplacavam a minha ira "Sabes que se estivesse muito mau eu dir-to-ia, amor. E não está. Tens é que o usar apanhado." I am so fucked...A minha sensualidade escoou-se pelo cano juntamente com o cabelo perdido.

Regresso ao trabalho. A pergunta inevitável de quem acha que os professores são seres entediantes sem vida própria:

-A professora cortou o cabelo?

(If I could tell you to fuck off for having reminded me of my painful and temporary but far too long disaster I would....)

- Não.

- Ah.

(Go figure. They always buy it).

Another one... Bem, stora, com esse corte parece uma miúda. Desculpe mas tenho que dizer. Muito gira. (Agora é que eu chumbo o gajo se ele não conseguir fazê-lo sozinho...).

Enfim. Depois de muito esfregar, de muitas aplicações de muito secador e algumas asneiras e vitupérios ofensivos e de uma promessa irreversível - nunca mais lá volto - começo a habituar-me a este corte muito Audrey Hepburn. Acho que vou comprar umas luvas pretas pelo cotovelo e tomar o pequeno-almoço a Nova Iorque. Só para me animar.

10 comentários:

J. Maldonado disse...

Vai por mim, as mulheres ficam muito sexys com cabelo curto, inclusive à Audrey Hepdburn... ;)
Algumas até ficam sexys carecas (vide Sinead O' Connor e Demi Moore).
Tudo depende do conjunto de cada uma...

Cassandra disse...

I guess so.

Apple disse...

Também tive impetos desses no sábado passado.O meu cabelo não tem uns jeitinhos selvagens,todo ele é uma massa de caracóis com vida própria. Naquela tarde disse à cabeleireira: "dá-lhe tesoura..." e ela deu...Tal como tu achei que quando o lavasse e lhe desse o tratamento habitual de creme e espuma, a coisa ficaria a gosto. Pois...esta manhã não se parecia com nada. Sai com ele apanhado, com mts ganchos para conseguir manter tudo orientado, estava giro com um ar de desalinho propositado, um misto de negligé chic ;) a questão é q não posso andar com o cabelo apanhado todos os dias até voltar a ter os meus caracóis a bombar.um horror, portanto, uma tragédia que homem algum, por mais amoroso que seja e por maior empatia que queira demonstrar, poderá alguma vez perceber!!

p.s."oh stora tá gira e parece uma miúda" não me parece um mau comentário.

p.s.2 A Audrey Hepburn é, na minha opinião uma das mulheres mais bonitas e elegantes de sempre :)

Mario Sergio Machado disse...

Hepburn... linda de morrer

via disse...

estás gira, não foi uma tragédia foi mais um acontecimento supreendente!bjo

Cusco & Cusca disse...

A forma delicada como dizem "jeitinhos selvagens" até faz parecer a palha de aço loura do Abel "Abominável Homem das Neves" Xavier num peluche fofo e atraente.

Cusco & Cusca disse...

Lindas de morrer são as mulheres dos "homens bomba". É por isso que usam burka.

Cassandra disse...

Apple:
percebo-te bem. Há que aguentar e ir lavando, lavando, lavando. Seja como for, há sempre aquelas colegas de trabalho, simpaáááticas, que aproveitam para dizer "gostava mais como estava antes", quando poucas palavras trocam connosco ao longo dos vários dias em que nos vemos. Go figure.

Cassandra disse...

Analfabeto:
há lenços que podem remediar. Daí a andar escondida da sociedade é outra conversa. Antes pouco satisfeita do que às escuras.

Cassandra disse...

Via,

minha amiga, é sempre importante a tua opinião por isso vou aguentar de sorriso aberto, como sempre.