Passei a ter mais apreço por Hollywood, ou melhor, pela Academia que consegue reconhecer num filme estrangeiro aquilo que deixou de fazer há muito: contar belas histórias de amor. Tudo sem beijos deslambidos, explosões exageradas e argumentos descabidos. Como se não bastasse, ainda conseguem colocar-lhes uma linguagem brejeira plausível (talvez porque os Fuck só me lembrem músicas de hip-hop) e um sentido de humor muito latino. El secreto de sus ojos é também um filme de amor intenso, das vidas que invejamos, das várias formas de manifestar sentimentos profundos por alguém, por mais estranhas e tortuosas que sejam, de paixões doentias, dos malefícios da ditadura e de como esganou, desviou e desfez a vida dos argentinos. A beleza que nos fica dos olhares intensos e dos amores por cumprir, depressa se desmorona quando saímos do King, única sala de jeito em que o filme está a ser exibido, e percebemos que o nosso imaginário apaixonado nada tem a ver com a realidade.
Filmes sobre amores assim só fazem mal. Abstenham-se.
2 comentários:
miúda. tu quando estás triste ficas a magoar-te sem remédio e estendes, meio aturdida, sobre a pequena e humana benção de amar, um je ne sais pas quoi desolador. e, no entanto, não trocarias uma vírgula do que vives por outra vida de celulóide, nãa.bjo graaande
Pois não.
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