sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Precious

Estava ansiosa para ver este filme.
É, de facto, verdadeiramente bom.
Não sei se consigo tirar uma só lição de vida disto. Nem consegui chorar de tanta vergonha. Da vida perfeita que tenho perante os exemplos de perversão inominável.
O filme é sobre os excessos. É gordo como a maravilhosa protagonista. Obeso em maldade e ignorância, em exemplos miseráveis da condição humana. A gordura indigesta não nos incomoda a visão tanto quanto nos revolta as entranhas. Apesar de tudo, do chorrilho interminável de podridão e maus-tratos, a beleza permanece na grandiosa alma de uma protagonista brilhante, que se ergue no meio da pestilência e desamor e nos pequenos exemplos de bondade que lhe vão dando alento.
Quanto às actrizes, ainda não conheço as nomeadas para melhor actriz secundária mas se a Mo'nique não arrecada a estatueta, não sei quem a levará para casa. Indescritivelmente repugnante. Um desempenho de uma vida. Suponho que precisasse de um longo período para vestir uma roupagem tão vil.
Até a Mariah Carey, que sempre foi para mim duas bolas de basquet com uma voz estridente, tem uma presença bonita, sem regos exuberantes ou maquilhagem abonecada.
Se puderem ver, não percam. Absolutely precious. Ainda há obras-primas. Puras e duras. Sem artifícios and with a low budget. Para quem pensa que a criatividade cinematográfica está adormecida basta procurar inspiração na bestialidade humana. Somos uma fonte inesgotável. Infelizmente.

5 comentários:

via disse...

é bom, muuuuito bom, e não referiste aquele caso...surpreendente, a prof. bjos

Rui disse...

e ninguém contou o fim do filme, ainda... fixe...

Cassandra disse...

Já está tudo escaldado dos previous comments ;). Agora não quero perder o Homem Singular. Gostei muito da apresentação. A ver vamos.

J. Maldonado disse...

Mais outra crítica cinematográfica brilhante...
Tu tens mesmo jeito. ;)

Cassandra disse...

Via: no comments. Já falámos sobre a prof. Bela em todos os sentidos.

Maldonado: se eu fosse brilhante, convidavam-me para escrever para um jornal ou revista. Quando tal acontecesse (hipoteticamente falando) não me saíria uma palavra. eheheh.