terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Mouth of the World

Hoje até o ar anda cansado
Preciso de um enigma para pôr fim ao torpor
Não sei o que me deu
Não costumo estar assim...

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Belly button

O mundo seria um lugar muito mais feliz se eu pensasse apenas no meu umbigo. Quando achamos que temos uma alma grandiosa mas a imensidão da mesma esbarra nos limites da nossa humanidade estamos sempre na iminência de cobrar, de exigir, de querer mais. Dos outros, dos próximos, dos distantes, de nós mesmos. Seria melhor se nos rendêssemos à nossa insignificância biológica e satisfizéssemos as necessidades mais primárias. Acabou-se o lirismo, a poesia, a grandeza humana. É como dizes, minha amiga, o amor é um atelier de tempos livres. Um campo de férias. Reconheço que estás certa. Infelizmente.

Human kindness

Entre um papa generoso que compara o aquecimento global aos muitos homossexuais coming out of the closet, um superior povo judaico que elimina radicais islâmicos correndo o risco de levar uns civis inocentes como danos colaterais, e um governo que salva os seus compinchas bancários da banca rota... venha o diabo e escolha. A bondade humana está na falência e ninguém tem um plano de contingência para nos fazer acreditar no amor e altruísmo humanos. No meio de toda esta insanidade e crise de valores, os portugueses que ainda têm direito a algum crédito fogem para as ilhas - os mais pobres, para a Madeira, os mais afortunados, para as Caraíbas. Aos que recusam fugir (ou lhes falta o pilim para isso) resta-lhes um milagre ou uma carraspana de fim de ano para esquecer as desgraças. Voto na segunda. Sempre desconfiei dos pastorinhos.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Inexplainable




There must be some reasons for not feeling peaceful or satisfied. With the exception of a house, which I would very much would like to be able to call my own, I can say I have almost all I've always wanted. I guess the "almost" makes all the difference because I have violent thoughts running through my head. If someone says "Isn't that lovely?" or even "Do you want to have something to eat?" I just want to open wide and bite their heads off.


quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

I f... hate Christmas

O meu Natal sempre foi a mesma coisa e não vejo forma de animar isto. A família deita-se com as galinhas, o bacalhau é para jantar a horas inglesas, os stocks de meias e cuecas são renovados e há quem beba sempre de mais da conta. Acabo a jogar minesweeper porque não tenho pachorra para aguentar filmes natalícios para menos de 4 anos, todos dobrados a português. O Natal é das crianças, já sabemos. E o que acontece aos pobres coitados com famílias taciturnas, sem putos e obrigados a gramar isto? Deitam-se cedo ou vêem o Alien pela nonagésima vez. Este ano nem a árvore de Natal teve direito a sair da garagem. Para o ano, viajo para um qualquer país asiático onde o menino Jesus nunca meteu os pés e os Cruzados não tiveram oportunidade de espalhar esta fé consumista. Estou cansada de tantos aniversários. O "menino" que me desculpe mas não lhe organizo mais nenhuma festa.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Hunger

O filme de Steve McQueen é muito bom. É muito plástico, muito cru e muito violento. É uma história demasiadamente penosa e cruelmente real. Não consigo deixar de admirar quem se sacrifica por uma causa. Quem recusa levar comida à boca durante mais de 62 dias por uma identidade. Bobby Sands fê-lo por um pedacinho de país que não era nem terra de ninguém nem de Sua Majestade. Era um pedacinho irlandês. Negociado entre a República da Irlanda e o UK, mas originalmente irlandês. Os ingleses não devem gostar deste filme. Nem as pessoas susceptíveis. Eu gostei. Não sou inglesa nem susceptível, pelos vistos. É inovador na apresentação das personagens, na montagem, na fotografia. É sobre uma causa. A fome é só um meio para um fim. No fim, não há meio de termos apetite. Não há bela sem senão.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

The burden

This is a true story:

after almost fifty years together, after countless beatings and life threats(in case she left him), after inumerous lovers and possible bastards being born all over the country, after inumerous public humilliations, after thousands, thousands of hangovers and spending half oh his life drunk, the husband leaves the wife. He throws her out. After she had endured all of these tortures and sacrifices, he leaves her for another woman. He stops the drinking, the beating, the swearing. He shaves, he has a daily bath and he has new teeth. In a year or so, another woman gets a new man and the ever-faithful wife gets thrown out. Never once she was respected, loved, cherished. Ever.There's no bigger humilliation than this.

Clown

Sinto que o palhaço em mim está a ganhar força e imiscuir-se na minha personalidade séria, na minha imagem profissional. Sinto-o cada vez que dou aulas e vejo os meus alunos a rir. Há muitos casos complicados mas eu não costumo tê-los. Sou uma felizarda mas também sou uma pessoa feliz. Sou feliz e mal paga, mas esqueço o salário quando estou perto de adolescentes complicados e estranhos, cheios de borbulhas e pés enormes, com idiossincrasias de endoidecer qualquer pai são. Gosto dos putos. Divirto-me a ensiná-los. Nem sequer os passo todos mas eles divertem-se na mesma.
Curiosamente, quanto mais palhaço me sinto, mais me afasto do sentimento de compaixão. Acho que estou a sofrer mutações irreversíveis. Por enquanto não me preocupo. Quando sentir a tentação de colocar uma batatinha vermelha, sigo para a psicanálise.

My marks

- Então, que nota achas que mereces?
Aluno: "Sei lá, stora. Não sei."
- Que tal um cinco, hum?
Aluno: "Não, cinco não!"
- Afinal, sempre sabes o que fizeste por merecer.
Aluno: "Sei lá, um oito, o que a stora achar melhor."
- Vamos ver. (Segue-se uma ajuda preciosa para reflectir sobre o trabalho empreendido pelo próprio aluno ao longo do período, através das maravilhosas grelhas de registo).
No momento em que saem as notas:
"Fogo, a stora deu-me 8. Tive dois noves, vou à maioria das aulas, esforcei-me bué (por não adormecer), fiz os trabalhos de casa (2 em 15), fiz a apresentação oral (um texto copiado do Wikipedia) e a filha da puta dá-me um oito???? É preciso ter lata!"
Para alunos desesperados por justiça e igualdade no ensino, há um novo número de acompanhamento ao qual podem recorrer e deixar os dados do professor infractor que contribui para a retenção dos alunos e o atraso evolutivo do país nas estatísticas europeias:
TEACHERS' BUSTERS. Por favor deixa mensagem no atendedor electrónico de Miss Lulu Rodriguez. Não fiques para trás. Exige que te passem. É um direito que te assiste. És português, és europeu, tens direito a chegar ao ensino superior. Andar na escola é para todos. Tu não és diferente!

sábado, 13 de dezembro de 2008

It's raining eggs

A ministra parece ser mais sensível aos argumentos dos grupos sociais que arremessam ovos. Entre um professor que empunha um cartaz impecavelmente redigido e um aluno cujo discurso se compreende mal mas que tem meia dúzia de ovos e pontaria, a ministra opta por escutar o protesto do segundo.

Ricardo Araújo Pereira em Visão

Depois de 30 anos de carreira, dedicados a educar os filhos dos outros, um professor com todas as pós-graduações, mestrados e/ou doutoramentos, auferirá, no máximo, de acordo com este novo Estatuto da Carreira Docente, de 1700 euros mensais. Para os CEOs do país esta é a módica quantia gasta nas mensalidades de ginásios e Armani suits, para além dos jantarzinhos no LX... Estou farta de ler acusações infundadas. Mas não tenho tempo para mais. Preciso corrigir testes. Mas daqui a pouco vou repor o meu stock de ovos.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Merry Xmas

Eu até gosto do Natal. É a festa da família, das crianças, de uma rena com nome de solteirão e de um velhote gordo de barbas que, feito voyeur, se esgueira por chaminés cinzentonas para presentear os meninos e que meninas que se portaram bem (eu devo estar na lista negra há vários natais). Todavia, e cada vez mais, sempre que como o bacalhau da consoada enquanto ponho de lado os grelos, sinto que deveria estar num outro local, a dar sopa aos pobres e a distribuir agasalhos pelos sem-abrigo. Cada vez mais acho as iluminações de natal uma mariquice pegada. Perdoem-me os fãs do Jingle Bells.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

I... thee wed and contaminate

Temos assim tanto medo de ficarmos sozinhos? Uma mulher francesa foi condenada a 15 anos de prisão por ter contaminado o seu marido com Sida. Após ler isto, passa-nos pela cabeça o adultério, o saltar a cerca, o medo de ser apanhada. A gaja andou no bem bom e foi tão vaca que ainda lixou a vida do tipo. Pensamento legítimo, tirando o vaca, mas as coisas tiveram outro outline. A senhora sabia que era portadora da doença e casou-se, carregando esse segredo consigo. O feliz casal teve um filho a quem, miraculosamente, não foi transmitido o vírus. Às vezes o acaso tem destas coisas, lixa uns mas passa ao lado de outros. O marido não teve a mesma sorte e lá está, com o sangue cheio do preconceito e estigma, sedento de vingança. Estamos no pleno direito de querer penalizar quem nos condenou a uma vida de comprimidos e cápsulas assim como a senhora estará no direito de se defender, se conseguir alegar algo que explique o egoísmo do seu acto. Seria, muito provavelmente, ridiculamente romântico da sua parte imaginar que partilhariam a mesma cama, mesa, ar, genes, depois da revelação: "Olha, o meu sangue tem esta coisa que me condena ao silêncio para poder viver no meio disto tudo e não à margem. Amar-me-ás da mesma forma se tivermos que comprar preservativos para o resto da vida?" Acho que a resposta do rapaz seria "Não". Se a amasse diria "sim". Se ela o amasse verdadeiramente, teria arriscado a solidão com a verdade.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Brains and ball


Women aren't upset with men enjoying football so much. They actually like their uncontrolled and unexplainable passions. In my personal case, it is my passion, not his. Nevertheless, women aren't archienemies of Sport TV. They would just like to discover men fans of ball and also of books, theatre, cinema and concerts other than Metallica (I know there are bright men banging their heads in concerts I just can't picture them in long greasy hair). It is such a rare thing as having a woman fan of literature and poetry who believes Maradona's and Messi's moves are a poetic way of expression. I understand why my colleagues found me strange and rare at college. Sorry, I am a woman but if there are any of these rare men around, I have a couple of friends in need. Please leave name and contact and I'll get back to you.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

My favourite fridge magnet


New Look

Tentei dar um novo look ao meu blog mas não consigo despir a "casinha" virtual que decorei. É como se já não fosse minha, se a pintar de verde ou se mudar o chão para uns castanhos mais quentes. Gostaria, sim, de colocar um sonzinho ambiente mas não sei como postar audios sem virem do youtube. Algum vizinho/a faz ideia de como ponho a porcaria de uma "aparelhagem" aqui na parede?

On Manuela Ferreira Leite

Under democracy one party always devotes its chief energies to trying to prove that the other party is unfit to rule - and both commonly succeed, and are right.

H.L. Mencken

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

The bridges of Madison County

For a hopeless romantic as I am, this film is the icing on the cake. It shows you that there is passion and an intense desire beyond wrinkles and time's decaying sentence. No matter how many times one sees it, every woman believes she made an acceptable choice, because she sacrificed herself for the family. However, everyone wishes she had fled with the wild "knight in shiny armour" (in this case, it's more of a shiny camera). One has to know what choice to make when someone tells us "A certainty like this, a person has once in a lifetime." I am not even going to comment on the actors performance because I am not entitled such honour.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Blogworldmaze

O mundo dos blogs é interminável. Precisamos entrar nele munidos de um fio de Ariadne para nos reconduzirmos ao ponto de partida, depois de nos termos perdido muitas vezes neste labirinto de pensamentos. Temos que partilhar informações e deixar recados nas portinhas virtuais dos vários habitantes desta blogosfera para receber presentinhos de volta, embora, deduzindo pelo que tenho lido, muitos venham envenenados. Somos todos uns belos de uns voyeurs, a espreitar o que vai na vida dos outros, no coração dos outros, a sondar a opinião dos outros. Descobrimos que partilhamos muita coisa e que há quem esteja em cantos opostos do labirinto. É um universo interessante embora nem tudo nos interesse. Gosto de quem escreve bem. Gosto de quem fala de si e ri de si mesmo. Gosto de quem não se lamenta infinitamente. Gosto de quem grita e ruge. Gosto de quem tem carácter. Não consigo espreitar para lá do salão. Acidentalmente fui parar à casinha de alguém que tinha fotos pessoais. De umas férias, num qualquer resort. Sei porque não fui para jornalista. Não consigo espreitar a intimidade dos outros, a não ser que seja um outro que conheça, que me interesse, e que me abra os seus álbuns de fotografias e a porta do quarto. Alguém cujo cheiro eu conheça, cujo sorriso seja físico mais do que estampado numa fotografia no ecrã. Não gosto de invadir e sempre que encontro estas fotos, que estão ali, à vontade de quem estiver perdido e sem objectivo, como manequins numa montra, fico com a mesma sensação que tenho quando abro a porta de um WC público e está uma senhora desnudada, ainda a mijar: "Mer...., desculpe, desculpe". Passa-me logo a vontade do xixi.

domingo, 16 de novembro de 2008

Lion Head Under Water

A propósito das afirmações do treinador do Sporting depois da derrota com o líder do campeonato, Leixões - Momento de pausa. Tempo para reflexão. ...líder do campeonato, Leixões. (Adoro estas surpresas.) - "Agora não vamos meter a cabeça num buraco." Cuidado, Sr. Paulo Bento. É enfiar a cabeça do leão no buraco para "afogar" ainda mais as suas mágoas ou é para esconder o seu penteado de avestruz na areia? Se for pela segunda opção, atire-se ao buraco! Já não há quem aguente o risco ao meio. Usando traquilamente palavras suas: "Já mete nojo".

Burnt out

"Time, quality time is what matters. Fucking quality time.". O meu cérebro queimou um fusível. Não consigo encaixar mais. A minha tolerância foi para as urtigas. Estou oficially and positively pissed off. Só consigo falar aos gritos portanto é melhor nem falar com ninguém!

BIMBI

Reconheço que sou um bocadinho marota... pronto. Gosto de piadinhas picantes e de "abandalhar" as conversas monótonas. No fundo, gosto de apimentar o mundo quando o sinto demasiado cinzento à minha volta. Não quero com isto dizer que desgosto da comida tradicional, mas não me nego a umas boas especiarias indianas ou a uns chilli mexicanos. Ontem, num jantar de aniversário de um amigo, arrisquei demasiado. Conheço muito bem este amigo e a namorada. Dou-me bem com os dois. Ele não é nada politicamente correcto no que toca à linguagem e o "sexo" está lá sempre. Farto-me de rir com ele. Ontem, a maioria das convidadas femininas estava ou grávida, ou grávida e com filhos, ou com filho recém-nascido, ou com várias crianças.... Last time I checked - no, no babies, no, no pregnancy. No início parecia que a conversa iria variar, quiçá eventualmente abordar áreas como futebol, política, status quo... Na vertente masculina sim, os homens sabem sempre contar piadas interessantes e rir de si mesmos. Como já se sabe, não deixam de ser egoístas depois de serem pais. Sê-lo-ão menos, mas o seu umbigo continuará a ser, bem no âmago, o centro do seu mundo. Mas as mulheres.... as mulheres! Eu quero ter filhos, a sério, quero muito, mas quero continuar a gostar de mim e a interessar-me por outros assuntos para além das fraldas e da "mustela". Anyway, quando uma das intervenientes já quase chorava depois de referir que tinha feito um corte no dedinho do filho enquanto lhe cortava as unhas (já viram bem o tamanho das unhas dos recém-nascidos? Não é mais prático colocar-lhes umas luvas até saber onde começa a unha e acaba o dedo?) comecei a sentir-me enjoada. É a chamada gravidez por osmose. Depois disso, a conversa só podia seguir uma direcção - cozinha. Lá vem a comida, a queixa de que os homens não ajudam, não colaboram (não são todos assim :)) e a maravilha da BIMBI! A BIMBI faz, acontece, produz verdadeiras maravilhas da culinária, e ao introduzir este robôt na nossa vida é como ter uma versão compacta e pouco dispendiosa do Jamie Oliver na nossa cozinha. Nessa altura, quando eu a Ana (com dois filhos saudáveis e bem criados mas, apesar disso, não tão obcecada pela maternidade) já estávamos quase a dormitar na mesa, eu pergunto, num grupo só de mulheres: "Será que não há uma BIMBI versão vibrador... assim daqueles que faça tudo?". A Ana e a Inês partiram-se a rir, mas eu senti que tinha ofendido a maternidade e o frágil sentimento de quem deixa de ter desejo sexual. Eu não sei se quero ficar assim. Tenho medo, tenho muito medo.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Blindness I

A expectativa é grande. O livro tem poucos referentes culturais, históricos ou até individuais. Não sei se no cinema, com a limitação inerente ao conceito criativo do realizador, vamos conseguir "ver" as mesmas coisas, o mesmo impacto, a mesma dimensão humana e, simultaneamente, selvagem. Let us wait and see.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Someone sees it

Aparentemente, são os programas noticiosos estrangeiros que se apercebem da realidade. Os nossos jornalistas limitam-se a entrevistar uma Ministra empedernida e autista (não querendo ofender quem tem a doença, porque esses ouvem, de facto, melhor) sem investigarem a falsidade das suas afirmações. Isto começa a parecer-me um novo Estado Novo. Será que devo emigrar o quanto antes?

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Grey's Anatomy

Eu gosto desta série. Eu gosto da confusão de cama, da confusão de bisturis, do profissionalismo médico que não deu espaço ao amadurecer sentimental. Gosto de ver aquela cambada de adolescentes tão perfeitos na sua arte de "corte e costura" mas tão imberbes ao amor. Gosto do racionalismo presente na análise dos seus sentimentos, como se de um diagnóstico terminal se tratasse. Dizia a Dr. Torres, a matulona latina, para o seu marido George, o interno com ar de Gummy Bear, : "I don't want to but the only thing I can think of is having a being inside of me for 9 months. I don't want to think of it but it is banging on my brain whatever I do and wherever I go. I don't want it but at the moment, I don't seem to want anything else". Não devemos subestimar o relógio biológico. Afinal, as nossas entranhas e os nossos antepassados perpetuadores da espécie têm uma maior influência no nosso organismo do que aquela que poderíamos imaginar. O que acho mais interessante nestas séries médicas é a abertura relativamente ao que vai lá dentro - tratam o coração como um órgão: nu e sem rodeios.

domingo, 9 de novembro de 2008

Protest

Can anyone tell me how can a government ignore 120 thousand teachers protesting - on a Saturday - in the streets of Lisbon?
Are these 120,000 people all lazy, irresponsible and unwilling to be assessed teachers? Then probably, all the reporters, policemen, tv anchormen and even some government elements who critised them had lazy, irresponsible and ridiculous teachers...
There is usually the idea, which I believe to be right, that if all the students and parents complain about the same teacher, then there must be something wrong with the teacher, because not all students are wrong. What is the conclusing we get from 120,000 teachers and one minister? Maybe a despotic sovereign... Louis XIV comes to my mind, although the hairdo is slightly less exotic.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Venus and Serena

Julguei que as irmãs Williams estariam muito satisfeitas depois da vitória retumbante do Senador Barack Obama, já que é o primeiro afro-americano (ainda que muito Oreo e chocolat coloured) na Casa Branca. Engano-me. As manas Williams, que gritam que se desunham cada vez que batem com a raquete na bola, são tertemunhas de jeovás e como tal não podem votar. I guess Jehovah is not into democracy... if he were, one might imagine him long gone from office, there in Heaven.

Obama Mamma

When I asked my students today: "What do you think about Obama's victory?", they replied "It's great, but before getting to the White House the man is going to be killed!". It is a historical day but hopefully the dark events in American history won't repeat themselves.

sábado, 1 de novembro de 2008

What are the odds?

Ontem fomos ver um filme muito interessante. Meio ficção, meio documentário, sobre uma turma de um colégio em Paris. Uma turma muito problemática, muito agitada, muito heterogénea, muito violenta. E sobre o coitado do professor, que tanto faz, que tanto aguenta, de quem tanta gente se ri. Porque é fácil estar sentado e rir quando não é aquele o nosso trabalho. Houve momentos em que a raiva e angústia que aqueles actores procuravam retratar me foram tão presentes que até me apeteceu berrar.
Para além disto, quais são as probabilidades de estar ladeada por dois líderes políticos? Poucas. Do lado direito, contrariamente ao esperado, tínhamos o Louçã, e do meu lado esquerdo, António Costa. Não sei se aprenderam alguma coisa com aquelas imagens. A esposa do Presidente da Câmara estava muito divertida. Quiçá por não ter que aguentar perguntas indiscretas e agressões verbais no seu local de trabalho. Tudo me leva a crer que estes senhores e muitos outros serão a favor da nova proposta de lei relativamente à inexistência de "chumbos" até ao 9º ano. Segundo o Vitor, vamos importar um modelo sueco. Já agora, por que não importamos os suecos também? Porque esses trabalham, estudam e merecem passar. Com mais leis assim, giras e construtivas, profundamente didácticas, no futuro teremos jovens como estes da "turma" francesa mas nas empresas privadas e no funcionalismo público. Sinceramente, não entendo como podemos ser tão cegos, ignorantes e incrivelmente ingénuos. Pensemos nos Portugueses sem regras e/ou penalizações por um instante... Quem se dava sequer ao trabalho de colocar o cinto de segurança antes de haver multas pesadas?

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

My left and right feet

Podia escrever um texto sobre "o meu pé esquerdo". É mais gordinho que o direito mas eu sou, como tantos outros, assimétrica e distante do padrão de beleza que se quer certinho. Mas a verdade é que gosto de assimetrias. A rotina, a simetria, a manutenção inalterável do status quo entendia-me, daí que me sinta confortável com a minha "beleza". Chateia-me o número que calço: 34. Ao que parece sou a descendente viva da Cinderela. Não sou muito dada a sapatinhos de cristal mas levo jeito para perder os meus se estes não forem de um modelito seguro, que se enrosca no pé de forma a não o largar mais. Adoro sapatos altos, sexy, abertos... daqueles que podemos atirar para o lado antes de nos atirarmos para a cama. Hoje calcei uns desses. Lindos, clássicos e discretos (sempre com uma pitada de "assimetria")... mas entre o algodão que serve para encher a biqueira e a palmilha que serve para os tornar mais aconchegantes, ainda perco um destes na escadaria do trabalho. A chatice é que sou eu que depois venho a conduzir a abóbora.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Nouvelle Vague

They are back. Again. If you have the chance don't miss them for the world. Superb. This is just an example - "heart of glass"; "don't go"; "dance with me"... so many others.

Humble

Os jovens de hoje desconhecem a nobreza de se ser humilde. Têm pouco na carteira mas muita arrogância no peito e estupidez na conversa. Continuo a acreditar no mesmo. Vem de casa. São poucas as ovelhas tresmalhadas e muitos os rebanhos com pastores de caca. Sou totalmente contra os estalos mas cada vez mais dou razão aos pais que deram aos rebentos um tabefe na altura certa. Este momento serviu para desabafar... hoje o dia não foi fácil. De forma a manter a boa educação e deixar imperar o bom senso, apanha o blog por tabela. Sorry, my virtual friend.
E isto não foi nada... no aconchego do lar só me saem asneiras porcas. As paredes por aqui não têm ouvidos, fortunately.

Infertile

No outro dia achei interessante uma manifestação sobre a vontade de se ter filhos por parte de muitos casais "inférteis" ou com grande dificuldade em tê-los. Desfilaram em frente à Assembleia da República com carrinhos de bebés... vazios. Os tratamentos para tornar as mulheres e os homens mais férteis são demasiado caros para não serem comparticipados pelo estado. As três primeiras tentativas de fertilização in vitro na França são comparticipadas desde os anos 80. Fico logo estarrecida com estas comparações. Estamos a tornar-nos no país mais envelhecido da Europa, mas apenas quando os infantários estiverem às moscas e as escolas cheias de professores desdentados a olhar para cadeiras vazias, o Estado vai talvez, quiçá, eventualmente, ajudar os ventres das Portuguesas a ganharem mais vida, e a vida destas a ganhar mais alento. Quer queiramos quer não, não poder ter filhos deve ser tão doloroso para o homem como para mulher (pelo menos, no caso de quem os deseja) mas a esterilidade na mulher é quase sinónimo de sentença de morte. As outras têm, as outras mulheres podem e eu não, eu não... O "ventre seco" acaba por ser superado, com ajuda, com carinho do companheiro, com uma eventual adopção mas nunca passa a sensação de falha, insucesso. Para quem é importante sentir a bênção e uma dádiva destas, ouvir de um médico "é estéril" deve ser quase como um cancro. Nesta caso não se trata da presença de algo maligno, mas a eterna ausência de algo precioso. Estou solidária com estes casais embora não tenha nenhum carrinho vazio para lhes emprestar.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Wild Drivers

Hoje de manhã fui a dormir para o trabalho. Como seria de esperar, as linhas brancas que separam as faixas esfumaram-se e, como o percurso ainda não faz parte do meu organismo, não fui generosa nem previdente, acabando por entupir umas arteriazitas. As mulheres esbracejam e lançam vitupérios a toda a gente. Até vi uma senhora cheia de pressa que parou para descompor um senhor que lhe entupia a faixa. Pergunto-me: conseguiu avançar mais ou perder mais tempo? Ganhou o quê? Resposta: um par de cornos que o educado senhor lhe mandou. Ah, o trânsito matinal! Há momentos em que, apesar das minhas desculpas ensonadas, tenho medo que alguém saia de um veículo em andamento para me partir o vidro com o pé e enfiar o punho no meu novo sorriso. E como me custou os olhos da cara o arranjo deste esmalte, vou ter mais cuidado nas minhas manhãs para não me atravessar no caminho de mais um português tenso de noite mal dormida, ou manhã mal desperta.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

The phenomenon

A minha mãe quer ir à corrida da Mulher Contra o Cancro, na Expo, no dia 9 de Novembro. Acho a atitude louvável, assim como a iniciativa. Venho de uma família cheia de energia, por isso, nada melhor do que queimar algumas calorias. Todavia, eu sei que a minha mãe quer inscrever-se porque ele vai. Ele, o fenómeno. O Tony, o Tony Carreira. Este homem tem mais fãs do que os U2! A pontezinha de madeira da Expo vai abaixo quando o pelotão "tony" passar atracado ao cantor. Eu já perdi a conta à quantidade de bilhetes que comprei na net para concertos do senhor. E nunca fui a nenhum.
Quem sabe, a título de estudo sociológico, não me aventuro pelas multidões perfumadas, de vozes límpidas e peito farto, e fico-me a olhar e a ouvir "o menino da aldeia". Na realidade tenho medo. Tenho medo de gostar tanto dele que depois me sinta impelida a segui-lo até ao fim do mundo. Nunca devemos subestimar estes fenómenos. Elas regressam dos concertos muito felizes, com a alma leve e o coração cheio.
A única coisa que me levará a inscrever numa corrida, em princípio sobre uma ponte, uma vez mais, é poder estar ao lado do Primeiro. Para me encostar ao Primeiro. Para derrubar o Primeiro. Para ver a queda no Tejo e sonhar com um futuro brilhante. Mas enquanto isso não acontece, sou capaz de ir a um concerto para fingir que está tudo bem. Mas Tony ainda não. Não estou preparada. Sigur Rós, maybe.

domingo, 19 de outubro de 2008

Lisbon's DocFest

Com uma excelente programação, da qual se destacam os documentários do Wiseman (os de há muito e os mais recentes) e a temática das novas famílias e das identidades em conflito, o doclisboa é como uma mulher sedutora que escolhe um decote generoso e uma saia que convida ao bambalear do corpo e ao aumentar do desejo. A grande porcaria é que não é papável por qualquer um. E é assim. Não consigo "papar" tanta coisa boa. A não ser que me balde ao trabalho... humm...
NOTA: desculpem-me ignorar o corpo masculino, mas enfim, apesar de fabulosos e desejáveis, vocês, homens, quando se bambaleiam demasiado jogam sempre na equipa contrária. O corpo feminino reúne o consenso de ambos os géneros.

One of my favourite

Tenho uma grande constipação,
E toda a gente sabe como as grandes constipações
Alteram todo o sistema do universo
Zangam-nos contra a vida
E fazem espirrar até à metafísica.
Tenho o dia perdido cheio de me assoar.
Dói-me a cabeça indistintamente.

Não estarei bem se não me deitar na cama.
Nunca estive bem senão deitando-me no universo.
Que grande constipação física!
Preciso de verdade e de aspirina.

Álvaro de Campos

domingo, 12 de outubro de 2008

I want to get married


Vamos imaginar que nunca passei pela experiência encantadora e profundamente ilusória do matrimónio. Vamos fingir que adorava vestir-me de noiva (deve ter sido das poucas vezes em que me senti verdadeiramente especial, desculpem-me a franqueza.) Vamos supor que quero convidar os meus amigos e amigas para testemunhar o meu voto de compreensão e amor eternos, no civil claro, porque a Igreja mete-me medo. Vamos conceber que os anos de convivência, partilha, sorrisos são prova de que algo bom foi construído por duas pessoas que estabeleceram laços para a vida e que agora os querem ver oficializados. Vamos imaginar que a minha namorada quer o mesmo. E agora - imaginando que sou homossexual - imaginemos que não posso fazer nada disto porque gosto de mamas e rabos femininos. O Estado nada tem a ver com o que faço com o meu corpo, as minhas mãos, a minha boca. Quem eu toco, quem eu beijo, a quem dou prazer, quem me dá prazer. Uns não são mais e outros menos. Que pensarão os gregos, para quem a homossexualidade masculina era sinónimo de admiração e grandeza do ente amado, que deram corpo à ideia desta democracia? This wasn't supposed to turn out this way, was it? (Mas em grego, claro).

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

"Want to speak your language"


Isto é o que se chama uma compositora e escritora.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Perfect relationships

A vida tem-me dado a conhecer algumas coisas dispensáveis, como a mesquinhez e crueldade humanas, mas também me tem ensinado algumas verdades absolutas. Uma delas é a impossibilidade na obtenção de relações perfeitas. There is no such thing as a perfect relationship. Os casais que eu considerava serem perfeitos, são-no meramente porque nos encontramos divididos por uma mesa de restaurante e pelas convenções do social. Quando entramos na intimidade do casal, ou uma das partes decide partilhar connosco as suas angústias, apercebemo-nos que as relações perduram em função das concessões que as partes estão dispostas a fazer, ou na similitude existente entre elas. Passo a explicar: quando achamos que os nossos pais têm um relacionamento perfeito, não conhecemos o nosso pai ou mãe na crueza e egoísmo da sua juventude. Talvez por isso mesmo as concessões tenham sido fáceis de fazer e o temperamento fácil de moldar. O "eu" era muito fresquinho não só para ter o egoísmo vincado como também para fechar portas ao altruísmo. Hoje, eles são outros, porque a vida os educou juntos, e os preparou para a constante presença do outro. Até o sofrimento passou a ser um dado adquirido.
Todavia, pode também dar-se o caso de as duas partes do casal terem as mesmas preferências e gostarem da "fazer as mesmas coisas" juntos. Como os amigos fazem só que este tem o bónus do sexo. Não há que fazer muita concessão porque encontramos um par que partilha dos mesmos interesses. "Os opostos só se atraem" para as aventuras fugazes, para os affairs clandestinos, porque ninguém se imagina casado e a ressonar ao lado do "oposto". O "oposto" é alguém com quem nos envolvemos mas com quem não convivemos.
Na generalidade, as relações atingem momentos de serenidade, rotina, quente e frio mas nunca são perfeitas. Não são relações sanguíneas. São negócios de compra e venda onde algumas delas até envolvem dinheiro "Gostaste do anel que te comprei querida?" "Adorei. Até comprei uma lingerie sexy. Hoje tens direito a tudo!".
O problema destes "negócios" advém de estarmos perante uma relação homem-mulher (falo da que conheço, embora o feedback que obtenho das relações homossexuais não seja muito diferente) e as partes envolvidas, sendo diferentes como são, quererão coisas diferentes. As mulheres querem afectos, reconhecimento, compensações. Os homens não acreditam que seja algo imperativo porque se a outra parte do negócio não se queixa, corre tudo sobre rodas. Os homens, como seres machos e com a herança da individualidade e independência que a sociedade lhes deixou, são naturalmente egoístas. As mulheres, infelizmente dotadas de ovários, foram abençoadas com o dom do altruísmo. A não ser que haja muita paciência de parte a parte, ou então, muito racionalmente, uma troca financeira, os negócios tenderão a falir. As relações perfeitas são uma utopia e, à medida que a sociedade torna as mulheres cada vez mais masculinas na forma de agir, as partes deixarão de se moldar e adaptar porque o seu umbigo roubou o lugar ao coração.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Sadness

Today I was taken by an infinite and hopeless sadness which comes from I don't know where and which can be solved I don't know how... It's as if I am submerged in an icy lake desperately gasping for the surface.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

It's there but it doesn't show

Should a student be accessed on account of what he appears to know or what he proves to know? Life cannot lie on first impressions for ever. It's like a science. Facts and proofs are permanent. All the rest might be a mistake.

"True Love"

True Love

True love. Is it normal
is it serious, is it practical?
What does the world get from two people
who exist in a world of their own?
Placed on the same pedestal for no good reason,
drawn randomly from millions but convinced
it had to happen this way - in reward for what?
For nothing.
The light descends from nowhere.
Why on these two and not on others?
Doesn't this outrage justice? Yes it does.
Doesn't it disrupt our painstakingly erected principles,
and cast the moral from the peak? Yes on both accounts.
Look at the happy couple.
Couldn't they at least try to hide it,
fake a little depression for their friends' sake?
Listen to them laughing - its an insult.
The language they use - deceptively clear.
And their little celebrations, rituals,
the elaborate mutual routines -
it's obviously a plot behind the human race's back!
It's hard even to guess how far things might go
if people start to follow their example.
What could religion and poetry count on?
What would be remembered? What renounced?
Who'd want to stay within bounds?
True love. Is it really necessary?
Tact and common sense tell us to pass over it in silence,
like a scandal in Life's highest circles.
Perfectly good children are born without its help.
It couldn't populate the planet in a million years,
it comes along so rarely.
Let the people who never find true love
keep saying that there's no such thing.
Their faith will make it easier for them to live and die.
--
Wislawa Szymborska

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Grey hair

Quando me arrancaram o primeiro cabelo branco aos 24 anos, estava longe de acreditar que "por cada um que arrancares, nascerão sete". Aparentemente, nascem gerações e gerações infinitas de clones branquinhos que povoam as cabeças nas zonas mais ou menos expostas. Infelizmente, os meus gostam de dar nas vistas. Eu, pobre coitada, vaidosa sim mas sem grande paciência para manicures, cabeleireiros e estranhos a mexerem-me nos pezinhos, deparo-me com o dilema de "pintar ou não pintar" o fraco couro cabeludo que herdei. Este exibicionismo de pureza ao lado dos meus olhos, muito escuros, envelhece-me a alma e, pior que tudo, faz-me mesmo parecer mais velha. Com tanto relatório, acta e matriz com que me entreter, tenho agora que empreender uma luta com o tempo que, certo está, irei perder certamente. Mas o último a rir é quem ri melhor e nem que tenha que os rapar ou voltar aos tempos de Maria-Rapaz, hei-de vencer estes palerminhas que insistem em povoar o meu lindo "casco".

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

I like this sentence

"The only difference between beautiful and kitsch is time".

Precarity

One of my dearest friends who has always been blessed with a maternal side to her would very much like to have another child. Last time we had lunch, this was what we talked about:
Eu- "Pois, logo vemos. E tu, vais ficar só pela Maria?"
Ela -"Fogo, Xana, não imaginas as vezes que ela me pede uma irmã!
Eu- "Não queres para já?"
Ela - "Não é essa a questão. Eu adorava. O João também. Mas se tivesse outro filho, tinha que pôr o ... a render. Se calhar púnhamos os dois."
Eu - "Quem achas que seria alvo de maior cobiça: your or your husband's ass?"
Eu e Ela - "eheheheheh, hoje em dia, marcha tudo, ehehehehehe."
Moral da história: Perante a força do sistema e a ruína dos sonhos, passa uma borracha nas tristezas humanas com algumas gargalhadas.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Massacre

Um puto teve um dia lixado. Gosta de armas. Acha que os colegas de escola são uns cromos que o discriminam. Antigamente, estes tipos superavam estes problemas. Passava-lhes o acne, encontravam uma profissão porreirita e uns anos depois, ninguém se lembrava de que tinha sido um cromo. Agora, esta situação, que deveria ser temporária, revela-se fatal. They either kill or get killed. E em vez de se ficarem pela metáfora ou se limitarem a ignorar, os gajos levam as coisas à letra e toca de matar os colegas na escola. Estes putos comem uns cereais muito estranhos ao pequeno-almoço...

Dr Kindness

Ontem, na RTP, houve um programa de 30 minutos que deu a conhecer 3 histórias muito interessantes: Ana Free, a menina que se evidenciou através do Youtube, uma portuguesa emigrada no Canadá que tem feito maravilhas em prol da cultura e das Artes na cidade de Toronto e um médico de Lisboa. Médicos podem haver muitos mas poucos serão como este. Todas as sextas-feiras lá rumava o senhor a Idanha-a-Nova para fazer visitas domiciliárias a velhotes que resistem à última chamada. Abdica do seu consultório em Lisboa e dos pacientes pouco adoentados mas muito cheirosos e endinheirados para se fazer à estrada, durante umas 2/3 horas para escutar os gemidos e os queixumes de quem tem corações palpitantes. Alguns têm mesmo problemas cardíacos. Outros sofrem de doenças que nos atacarão a todos na velhice: abandono por parte das famílias, rotina, falta de dentes, vontade de chorar cada vez que se lembram de nós, perda de memória... solidão. A gentileza e humildade com que este senhor tratava estes velhotes comoveu-me. Esta bondade de quem se sente abençoado e privilegiado é rara mas deveria servir de exemplo. Não só para os médicos ávaros e excessivamente ambiciosos, ocupados com as elevadas receitas resultantes das esporádicas visitas ao consultório privado, mas também para todos nós. Afinal, vamos todos chegar a velhos. Sooner than you think. Eu só espero não ter que usar "Lindor". É humilhante, specially if one needs to ask a nurse or an auxiliar to clean our ass.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

To be worth it

We are all special. We deserve to be loved. Each and every one of us. We are entitled to get some love in return if we love someone. For that person to be there for us. For us to be there when that person needs it. If someone is immune to his or her lover's suffering, then that person cannot love and will never be able to. No matter how painful this seems one needs to grow apart. You need to grow apart if it hurts you. As you well said "o amor vence barreiras". If the barriers are still there... then something is missing. I know it is mindgobbling but do what your heart tells you to. Break all the dishes if it tells you to. Scream if it tells you to. Take it all of your chest because it will darken your soul if it stays there.
P.S.- É preciso notar, my friend, que eu nem sempre sigo os meus conselhos, apesar de achar que até são adequados.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

New School Year

I am starting a new year. In a great school this time. So everyone says.
As usual, there is a big mess in the first week so I am obliged to do what most Portuguese people do when this happens: "desenrascar-me". I manage. I always do. However, it is not a nice feeling. It's as if you're in the middle of the ocean, after a ship wreck. The only thing is, everyone else is in the lifeboats and I'm in the water. It takes a while before someone gives you a hand and saves you from hipothermia. Until then, I swim, and swim and swim...

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Fire

This is one of the old classy songs I immediately fell in love with. It reminds me of the urge I normally have to take a certain shirt off... and then the sleeveless thing you usually wear under it:))

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Silence

Sometimes there are questions we don't ask because there is a bigger comfort in not having them answered.

The poligraph test

Depois da silly season, aparecem os programas revolucionários para cativar as audiências televisivas, ainda ensimesmadas devido ao marasmo do tempo quente. "O Momento da Verdade" é um desses programas. Alguém que esteja disposto a sujeitar-se à revelação dos seus pecados mais negros em troca de uns tostões. O primeiro "pedaço de carne" para canhão era um jovem tropa. Depois de comprometer o seu emprego de motorista do exército ao afirmar já ter conduzido bêbedo, começam as perguntas para atestar a "pedra e cal" da relação amorosa. Depois de responder verdadeiramente às seguintes perguntas:"Acha aborrecida a relação com a sua mulher?"; "Já pagou para ter sexo no último ano?"; "Não usa preservativo nas outras relações que teve para além da Márcia (esposa devidamente humilhada em público já que estava presente e era constantemente interpelada pela king size head, Teresa Guilherme)? veio o golpe de misericórdia: "Teve relações com mais de 15 mulheres desde que está com a sua mulher?". Houve quem cancelasse a pergunta (um dos amigos), uma modalidade possível no jogo. Não imagino qual seria a resposta... se queriam evitar a pergunta. Anyway... mais tarde, e depois de muito humilhada a figura da esposa passiva, perguntam ao moço "Depois de tudo, ainda acredita que o seu casamento resultará?". Quando o rapazito responde "sim", o público exulta, a mulher sente arder no peito a chama da paixão e em casa os acomodados do sofá esquecem as traições, o sexo profundamente inseguro, tudo porque o jovem deita umas lagriminhas e expia os seus pecados. What can I say... I suppose it would be the exact same reaction had it been her sitting on the lying detector chair. What do you all think? I wonder if the law would consider it murder if she shot him at the end of the show? If it ended the show, she would be killing two birds with one stone...and doing us all a favour.

domingo, 31 de agosto de 2008

Accessories for it all


Há certas línguas traiçoeiras, como é o caso do castalhano, quando comparadas ao português. Poderia ser basco, dado a fotografia ter sido tirada nesta belíssima parte de Espanha, mas não. Seja como for, esclareço. É uma loja de roupas. Deixo à imaginação dos cibernautas os modelitos expostos.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Tom Hanks

No programa da Oprah, a propósito dos muitos papéis que o mega-actor americano, Tom Hanks já fez, Julia Roberts pergunta-lhe, atendendo ao seu aspecto durante as filmagens do "Náufrago" (todo sujo, com uma barba gigantesca e rastas) - "How did you make out with your wife, Rita?". Depois de algumas risadas, Tom Hanks diz: "That woman has loved me fat, skinny, baldy, hairy, dirty, sick, beardy... . That woman loves me! I am a lucky man."

Mornings

Há manhãs em que levantar não me custa nada. Hoje, por conta do ligeiro martini de ontem, a última coisa que queria era ter um cão a ganir fechado numa caixa (plano B - depois de ser incapaz de o afastar da minha cama). Por isso levantei-me e trouxe-o comigo. Conclusão: Xanax canino dava jeito.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

David Gray

One of my favourite albums ever was written and produced by a single man in his attic after two less successful albuns - "White Ladder" by David Gray. These are two songs from the album being the most famous one, which I have left aside this time "Babylon". There are some great verses wihtout being at all pretentious. Have a listen. "This year's love" is one of my favourite, ever.

The Games

Apercebo-me da pressão que colocam nos atletas olímpicos mas seria ridículo afirmar que os portugueses estão desiludidos ou que os resultados não corresponderam às expectativas. Como dizia o meu amigo do peito, "só há desilusão quando as pessoas têm uma ilusão...e nenhum português estava iludido quanto ao que se esperava, pois não?". A imprensa inflamou a questão e, na época de silly season, há que dar incendiar mais do que as matas e pinhais portugueses (já viram como há poucos fogos, basta a imprensa não divulgar nenhum e logo os pirómanos esfriam , e se está ventinho). Quando comparamos as bolsas dos atletas olímpicos - 1500 euros - isto para os medalhados, para os outros fica entre 1000 e 5000, ao que cada futebolista ganhou quando foi ao mundial da Coreia- Japão, com o fabuloso seleccionador António Oliveira - 12 mil contos - mesmo não tendo jogado (é pá... se era para estar sentado no banco levavam-me!) percebemos a discrepância. E ainda queremos que estes atletas estejam ao nível dos States, da China, da Alemanha que investem muito mais nos seus, independentemente da modalidade. Muitos Tugas têm que fazer mais que isto para sobreviver, e ainda querem que venham medalhados. As pessoas querem sempre mais. Estou parcialmente do lado dos atletas. O parcialmente é pela prestação hesitante e frouxa de Naíde Gomes (achei que ela ia parar para ver onde estava a linha branca!!) e para o seu colega do lançamento do peso, qualquer coisa Fortes. Segundo declarações do próprio "A prova não correu lá muito bem... era cedo, isto de manhã custa mais e eu de manhã estou bem é na caminha". Assim não dá, pá. Há que, pelo menos, salvaguardar o discurso brioso. O pessoal não vai à China para ficar na caminha!!. Mas enfim, é este o povo que temos. Reflecte bem o espírito. E depois há excepções. É sempre a sofrer, Vanessa! És a MAIÓR!!!

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

A book that made me laugh

Permite umas belas gargalhadas para quem gosta do nonsense britânico. Eu ri bastante. Muito visual. Lê-se rapidamente: Wilt, Tom Sharp.

domingo, 17 de agosto de 2008

Teacher's never ending holidays

É verdade, sim senhor. Nós, professores de todos os ciclos e ensinos temos muitas férias. Mais que a maioria dos portugueses. Nomeadamente nas férias grandes. Todavia, não estamos parados quando não damos aulas. Nas férias do Natal, Páscoa, Carnaval e afins temos notas para atribuir, exames para corrigir, avaliações a fazer, reuniões de grupo, departamento, reuniões de conselho pedagógico e todos os trabalhos adicionais ligados ao funcionamento de uma escola. Nas férias grandes, temos geralmente o Agosto por nossa conta, o que nem sempre é proveitoso dado que não podemos usufruir dos preços acessíveis das épocas baixas... nem sonhar com férias no Brasil ou nas Caraíbas, ou no Peru, ou na Argentina, na altura em que é verão nestas regiões do globo (como se houvesse ordenado para tal). Eu entendo a visão global da maioria dos portugueses. Mas não me importaria de trocar de lugar com um comum mortal que pode gozar os seus fins-de-semana livremente sem testes para corrigir, aulas para preparar ou relatórios para elaborar. Fazer como a maioria das pessoas que chega a casa e desliga... para se dedicar à família, aos amigos, a um hobby que adora. Também trocaria o meu ordenado e a minha segurança profissional de bom grado. Quem convive e vive com professores apercebe-se disto. Quem nos vê à distância facilmente nos rotula de parasitas. Infelizmente, são muitos que nos vêem assim, à distância, que nos atiram com o juízo de valor mais fácil e imediato. Nós somos um excelente bode expiatório. Toda a gente acha que pode ser professor. Aconselho-vos a experimentar. Quem sabe passam a ver com maior clareza, apercebendo-se de que, como todas as outras profissões, não é chapa 5. Eu opto por continuar por talento e gosto. Não é certamente pelas férias nem pelo ordenado miserável.

domingo, 10 de agosto de 2008

Let the games begin

Before anyhting else, the first medal of the Beijing Olympic Games should go to China for the opening ceremony. I bow before them. Não volto a um restaurante chinês tão depressa (gosto dos cães para companhia, eheh) mas fiquei de boca aberta com aquela organização. Ainda andam por ali resquícios do Mao :)). Mas desta feita, não foi nada mau.

Misunderstandings

Liéges, Bélgica, em 2005. Há momentos em que é melhor nem traduzir nada.

The X-Files

Há muitos anos, quando ainda era uma miúda, enfim... já uma adolescente, fiquei absolutamente viciada e encantada pela série "Ficheiros Secretos". Houve tempos em que os meus parâmetros de homem de sonho se aproximavam da loucura e mistério da personagem Fox Mulder. Como fã incondicional, que organizava as saídas e tempos de estudo fora do horário de exibição da série na televisão portuguesa, não podia deixar de ver o segundo filme da série. Antes das críticas, antes das previews, antes até de qualquer apresentação noutro cinema. Não sabia o que esperar. No caso dos X-Files one always hopes the unexpected. Contrariamente ao espanto e incredulidade habituais, regados por uma dose de estranheza... saí da sala mal disposta com tanto cliché, previsibilidade, tiradas forçadas e um argumento de pedir a devolução do ticket money. Foi uma facada nas costas... like Caesar's sentence, os fãs esperavam uma miséria destas de qualquer série... menos dos X-Files.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Bye bye, love

Estava por aqui, espraiada na minha cadeirinha de escritório, agarrada ao comando - porque agora, depois da instalação disto, o comando é MEO - a fazer zapping, e parei-me no festival do Sudoeste. Aquele pessoal parece estar mesmo a divertir-se. Fazem muito bem. Eu não sou lá muito dado às formiguinhas no meu saco cama, nem ao som de vómitos nos vizinhos da tenda ou lado, ou outros sons, já que falamos disso. Mas gostei de rever os Clã. Adoro a presença, voz e carisma daquela Manuela Azevedo. Veste-se e usa uns penteados muito, muito à frente. Nem parece ser uma moça que tirou Direito. Gostei de rever esta parte do concerto deste ano, principalmente esta música que tem uma letra muito interessante. Em homenagem a todas as mulheres, e alguns homens, que percebem que não estão a fazer nada ao lado do apêndice com quem estão há muito. Não interessa se é tarde ou cedo, não interessa se o investimento foi muito, interessa acreditar que vale a pena o risco. Que nós valemos a pena o risco. E que há quem esteja lá fora que o valha da mesma forma. Sem rancor, sem ressentimentos. À procura de algo melhor, que nos faça mais felizes e completos. .

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Defying death

Tenho o meu coração solidário com o pobre alpinista italiano que ainda falta resgatar, o sobrevivente restante de uma tragédia que se abateu sob a forma de avalancha sobre a corajosa expedição de alpinistas que escalava o K2. A verdade é que, por mais solidário e penoso que seja o meu sentimento, quem faz cócegas nos pés do Altíssimo, arrisca-se a levar uma sacudidela.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Surf try outs

Este fim-de-semana dei as primeiras braçadas no universo desportivo do surf. Para quem estava convencida que os meninos vestidos de borracha se limitavam a dar banho à minhoca, levei uma bela tareia que alterou a minha perspectiva. A prancha, contrariamente à visão que tinha de mirone na areia, não é nossa amiga. Na realidade, a filha da mãe da tábua quer fugir debaixo de nós e a minha barriga deu-se a muito esforço para domar aquele pedaço de fibra. Para além disso, "furar" as ondas exige muita prática e jeitinho. Como não tenho nada de ambos, limitava-me a baixar a cabeça e esperar que a tábua obedecesse ao comando... Enfim, a rapariga não estava para modas. Resultado: duas nódoas negras, dores infinitas na barriga, água no ouvido direito e uns esticões dos membros superiores e inferiores, que as ondas de S. Julião parecem animais selvagens. Para a próxima, levo uma longboard (bem mais domável) e limito-me a remar na espuminha. Gosto de mar mas não sou suícida.

And there goes the beer

Há momentos em que acho estranho o radicalismo do Vitor no que toca ao serviço apresentado nos restaurantes. Ontem, teria de concordar com ele. Num jantar de amigos na cervejaria Trindade, antes de ver a peça de uma outra amiga nas ruínas do Convento do Carmo (muito boa mas levem mantinha, que as ruínas não inlcuem telhado), fomos alvo do descuido e nervosismo da empregada espanhola, ou argentina, ou... não sei. Anyway, no momento em que traz as imperiais, deixa cair a bandeja em cima do vestido da tipa que estava no início da mesa... eu. Informo que a casa-de-banho do restaurante não tem secador. Passando ao bifinho, a carne não era das melhores. A empregada retirou bebidas da mesa que ainda estavam por acabar. Passei todo o jantar com medo da cerveja seguinte. Escusado será dizer que o vestido não secou, e devidamente marinada com imperial, fui "congelar" as pernas para o Convento do Carmo. O que é feito do verdadeiro serviço e atendimento à Portuguesa? O meu vestido era uma pechincha... mas se não fosse, duvido que me dessem outro. Falta cavalheirismo e o assumir das falhas por parte do patrão. Para evitar "acidentes" destes, seria melhor escolher bons profissionais que, talvez para poupar uns trocos, são, com grande pena dos clientes, preteridos nos nossos restaurantes.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Aren't we healthy...


Numa época de perseguição ao vícios pouco saudáveis - os fumadores passaram a personas non-gratas, acantonados nas bermas das esquinas ou nos cantinhos profusamente ventosos dos restaurantes - fui recrutada para uma acção de formação sobre "Estilos de Vida Saudáveis" na Faculdade de Motricidade Humana de Lisboa.



Concordo com a necessidade de incutir nos jovens e até nos mais crescidinhos uma ideologia alimentar que dê predominância às frutas, legumes, peixe fresco e coisinhas saudáveis. Eu tento praticá-la o mais que posso. Só sou mesmo adepta da fast-food quando viajo para fora. Quando o único sítio onde posso e quero gastar dinheiro para almoçar nos Champs Elisées é o MacDonald's. Só não percebo as hipóteses que esta ideologia tem de vingar quando a fast-food é a mais barata e, de acordo com a permissão de muitas autarquias, a mais próxima dos centros de entretenimento. Também não vejo o governo muito interessado em mudar o status quo porque a comida escolar não é das mais apetecíveis e saudáveis. Os pais também não ajudam.



Vejamos este raciocínio: se eu não posso trabalhar para a Organização Mundial de Saúde por ser fumadora e, eventualmente, os meus pulmões alcatroados obrigarem, no futuro, a um despesismo evitável por parte do Estado, porque pode uma criança, com peso a mais, comer num restaurante de fast-food, que a alicia através de ofertas lúdicas, se no futuro ver-se-á obrigada a colocar uma banda gástrica, ou até mesmo uma orquestra, que implica um despesismo idêntico ou superior?


Todavia, por esta ordem de ideias, não tardará muito, seremos todos como os Vitorianos: limpos, imaculados, regrados, obedientes mas uns tarados, excêntricos e dados a vícios obscuros na intimidade. Eu gosto de mim assim. Tenho os meus vícios, mas são privados. Gosto do livre arbítrio e do respeito pelos outros. Gostaria que esta febre puritana, que teve origens em marés americanas, se desvanecesse rapidamente... Temo que assim não seja.


Voltando à acção de formação. Depois de ser massacrada com índices de massas corporais, pregas adiposas, bombas calóricas e afins, a única coisa que tinha vontade de fazer ao sair de lá era atirar-me a um pastel de nata ou um croissant como se não houvesse amanhã. Felizmente, não gosto de bispos ou mil-folhas que, de acordo com os especialistas, requerem 1h e30 de corrida para desaparecer das nossas curvas.

I demand a new house

Estava a pensar cá para comigo que, chegada a esta bela idade, ainda só plantei uma árvore, escrevi uns rabiscos e nem ameaça de criancinhas no futuro próximo. Custa-me, acima de tudo, as dificuldades para comprar uma casa. Perante as recentes ocorrências no famoso e animado bairro da Quinta da Fonte, e atendendo à minha distante ascendência cigana (ainda estou para descobrir se a minha tetra-avó fugiu numa carroça), acho que só me resta uma alternativa: acampar em frente à Câmara de Sintra, de caçadeira em punho e EXIGIR, repito, EXIGIR, uma casa. Não é uma nova. É uma minha. E até nem me importo de pagar uma renda 10 vezes mais elevada que os meus "familiares distantes" de Loures. Prometo que não vou comprar Playstations, DVDs nem vender contrabando na feira. Também não me estou a ver a esvaziar cartuchos na vizinhança, por isso, acho que até merecia uma forcinha. SENÃO, eu e o mê Lello entramos a matar.
P.S.- Estou certa que o Exmo. Sr. Seara iria gostar de me ver acampada à frente da Câmara. Para além disso, nos intervalos da espera, eu sempre podia ir comer umas queijadas ou uns travesseiros à Piriquita.

terça-feira, 22 de julho de 2008

The Heavy Weights



Da minha grande paixão, que me transporta sempre, sempre para outro lugar, deixo-vos com a arte magistral da fotógrafa Anne Leibovitz e com os actores e (rapazes, não desesperem) actrizes que tornam isto possível.


No more tradition

A festa da minha aldeia está a dar as últimas. Já foi uma das maiores festas do concelho de Sintra. Agora, como todas as tradições populares que tendem a desvanecer-se perante este anonimato que é rei e senhor dos tempos modernos, é feita da boa vontade de alguns populares para uns míseros dias em honra de Nossa Senhora de Fátima. Em boa verdade, a santa dispensaria esta honra que fura os tímpanos dos residentes durante uns dias, com a barulheira ensurdecedora de carrosséis e carrinhos de choque, para além dos concertos com os bons artistas portugueses. A santa e muitas outras pessoas. Mas a maioria gosta de mostrar a roupinha nova, de aparecer para dizer - eu sou de cá e ainda não morri. É uma forma de rever as pessoas que partilharam os bancos da escola connosco e que agora definharam; que estão a precisar de banda gástrica, ou até mesmo de orquestra; que rejuvenesceram; que tiveram filhos, etc.. Houve alturas em que me fartei de trabalhar para aquela festa mas achava o máximo o convívio. Depois cansei-me do exibicionismo saloio. Agora custa-me ver que isto acaba, que tudo e todos envelhecem e que a maré traz todos os cromos das redondezas para o baile. Custou-me isso e custou-me também aguentar a noite nos meus sapatinhos novos, giros, excêntricos e apertados. Mas enfim. Eu sou mulher e festa é festa.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

JPC2

"Os seres humanos são apenas produtos que usamos (ou recusamos) de acordo com as mais básicas conveniências. Procuramos continuamente e desesperamos continuamente porque confundimos o efémero com o permanente, o material com o espiritual. A nossa frustração em encontrar o "amor verdadeiro" é apenas um cliché que esconde o essencial: o amor não é um produto que se compra para combinar com os móveis da sala. É uma arte que se cultiva. Profundamente. Demoradamente. (...) Primeiras impressões todas temos e perdemos. Mas o amor só é verdadeiro quando acontece à segunda vista."
In Avenida Paulista, João Pereira Coutinho, Edições Quasi.
No comments.

Monogamous

I have a friend of mine who is totally and absolutely in love with all beautiful women. He's so tremendously in love with all of them that he can't have a long term relationship with just one. He has a long term relationship with desire and variety. He's fair at one point: one at a time. Still, I wonder if he will ever convert himself into a monogamous being. This is all very funny because I am on the other side of the barricade. I am the friend. I can say: poor girl1; poor girl2; she should have seen it coming, girl3. Probably some of us humans have inherited the poligamy gene and we're meant to be spreading love all around. Love in the lightest possible meaning. O chamado "amor à primeira vista", or in my friend's case "on the first glance", because it's quicker.

JPC

Gosto muito das crónicas do João Pereira Coutinho. Gosto da sua crítica esclarecida e inusitada, gosto do seu sentido de humor mordaz e adoro a clareza com que se auto-analisa, parodiando os seus defeitos e experiências ao serviço de uma arte maior - o nosso entretenimento. Gosto tanto dele, melhor, da sua escrita, que até lhe perdoo os momentos narcisistas presentes nos parênteses indicando os muito livros lidos. Quando me apercebo que partilho gostos de leitura com alguém que admiro pela sua inteligência - Philip Roth, Philip Larkin, George Steiner - fico com a sensação breve mas agradável que sou um bocadinho mais inteligente do que pensava. Um engano momentâneo não faz mal a ninguém.
Retirei do seu livro de crónicas, Avenida Paulista, um excerto que apaziguou esta minha personalidade sequiosa, permanentemente insatisfeita e carente. Não me trouxe certezas pacíficas, apenas me trouxe o conforto de me saber acompanhada de outros náufragos num mar de incertezas momentâneas.
"O casamento segundo Sondheim"
Company não é um musical sobre adultos. É sobretudo um musical para adultos, sem que o patético sentimentalismo romântico se introduza nos versos, pronto para distorcer a verdade última da nossa condição: sim, existem vários motivos para não estarmos com alguém; mas talvez não exista nenhum para estarmos sozinhos. (...) Para quê deixar entrar na nossa vida alguém disposto a sentar-se na nossa cadeira, a arruinar o nosso sono, a conhecer-nos profundamente e, quem sabe, a magoar-nos profundamente? Porque estar só é estar só, não é estar vivo. E se o leitor ainda tiver dúvidas sobre o casamento depois de ver e ouvir Company, não desespere: talvez esse seja o estado natural. Com a certeza de que a pessoa que ama terá as mesmas dúvidas. E com dúvidas ficará ao seu lado.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Lack of understanding

O reconhecimento da bondade alheia e a capacidade de valorizar o bem que nos fazem está a enfraquecer. Perante um esforço e altruísmo de um grande amigo meu, que ajudou vários outros colegas, e perante a sugestão de fazer uma vaquinha - não louca, claro, - para o presentear, uma das colegas achou que ficava caro... O jantar até era giro, mas agora estar a oferecer-lhe um presente daquela quantia ( 1 "niquinho" para uma pessoa que a ajudou a poupar "nicões"), isso já era muito... A cavalo dado nunca se deve olhar o dente mas também não se deve esquecer quando nos é entregue um "puro sangue". Há gente de memória curtinha, curtinha, para quem o bem que lhes fazem nunca é suficiente.
P.S.- Eu sei que estás a pensar "Eu bem te avisei", eu sei. Mas sabes bem que eu sou ingénua e prefiro acreditar na bondade das pessoas. Há quem tenha correspondido. E por essas, vale a pena o risco.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Crazy Horse II

Esta noite sonhei com o pónei. Sonhei que tinha asas, qual pégaso saído de um qualquer mito grego. Tinha umas lindas asas brancas e voava... por cima, bem por cima do meu carro. Mas quando acordei, a porta ainda estava amolgada!

domingo, 13 de julho de 2008

Me, myself and I

Por muito que gostemos da nossa companhia, ela acaba por se tornar entediante ao fim de alguns anos, especialmente se não tivermos com quem aliviar o fardo da solidão. Tenho colegas sós. Vê-se que estão sós. Os olhos que anseiam por conversa banal. Por algo mais do que um bom dia. Há alturas em que nem queremos que nos dirijam a palavra. Estas pessoas, pelo contrário, estão cansadas de ser invisíveis. Sente-se esse desespero lá dentro, amorfanhado na garganta mas evidente no olhar.
Podemos tentar imaginar... Estas pessoas vivem sozinhas, comem congelados em frente ao televisor a fazem zapping. Ou alugam filmes. Aos dois e três para o fim-de-semana inteiro. Ao conviverem tanto consigo mesmas, foram matando a sua bicha solitária com comida e docinhos, para satisfazer a carência que se infiltra no vazio. Não gostam da sua imagem. Disfarçam-na com cores isentas, mortiças, banais. Adoptaram outros recursos para se enquadrarem socialmente, as armas do desespero: uma rigidez e rigor implacáveis, a roçar o ridículo; um sentido de humor totalmente fora de tempo; uma simpatia excessiva, a tender para a patetice.
Todos podemos ser pessoas assim. Ou não. Basta que tenhamos sorte e alguma coisa nos corra bem: podemos ter piada, ser giros, ter carisma, presença, inteligência... tanta coisa. Algo nos desviou do caminho da solidão tenebrosa que deve tornar os dias destes meus colegas incrivelmente chatos, e, acima de tudo, profundamente tristes.
Não devia ter pena. Não devia, mas tenho. Porque ser amado, desejado, querido, estimado é tão insubstituível quanto essencial para esboçar um sorriso natural. Sinto-me uma privilegiada, como muitos o serão, porque sempre que lhes sorrio o bom dia, sorrio com vontade. Eles também sorriem de volta. Sempre educados. Mas nunca é aberto, sincero e feliz. É um sorriso de circunstância, calejado pelo hábito mas habitado por uma profunda solidão de viverem consigo e só para si.