A festa da minha aldeia está a dar as últimas. Já foi uma das maiores festas do concelho de Sintra. Agora, como todas as tradições populares que tendem a desvanecer-se perante este anonimato que é rei e senhor dos tempos modernos, é feita da boa vontade de alguns populares para uns míseros dias em honra de Nossa Senhora de Fátima. Em boa verdade, a santa dispensaria esta honra que fura os tímpanos dos residentes durante uns dias, com a barulheira ensurdecedora de carrosséis e carrinhos de choque, para além dos concertos com os bons artistas portugueses. A santa e muitas outras pessoas. Mas a maioria gosta de mostrar a roupinha nova, de aparecer para dizer - eu sou de cá e ainda não morri. É uma forma de rever as pessoas que partilharam os bancos da escola connosco e que agora definharam; que estão a precisar de banda gástrica, ou até mesmo de orquestra; que rejuvenesceram; que tiveram filhos, etc.. Houve alturas em que me fartei de trabalhar para aquela festa mas achava o máximo o convívio. Depois cansei-me do exibicionismo saloio. Agora custa-me ver que isto acaba, que tudo e todos envelhecem e que a maré traz todos os cromos das redondezas para o baile. Custou-me isso e custou-me também aguentar a noite nos meus sapatinhos novos, giros, excêntricos e apertados. Mas enfim. Eu sou mulher e festa é festa.
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