quarta-feira, 23 de julho de 2008

Aren't we healthy...


Numa época de perseguição ao vícios pouco saudáveis - os fumadores passaram a personas non-gratas, acantonados nas bermas das esquinas ou nos cantinhos profusamente ventosos dos restaurantes - fui recrutada para uma acção de formação sobre "Estilos de Vida Saudáveis" na Faculdade de Motricidade Humana de Lisboa.



Concordo com a necessidade de incutir nos jovens e até nos mais crescidinhos uma ideologia alimentar que dê predominância às frutas, legumes, peixe fresco e coisinhas saudáveis. Eu tento praticá-la o mais que posso. Só sou mesmo adepta da fast-food quando viajo para fora. Quando o único sítio onde posso e quero gastar dinheiro para almoçar nos Champs Elisées é o MacDonald's. Só não percebo as hipóteses que esta ideologia tem de vingar quando a fast-food é a mais barata e, de acordo com a permissão de muitas autarquias, a mais próxima dos centros de entretenimento. Também não vejo o governo muito interessado em mudar o status quo porque a comida escolar não é das mais apetecíveis e saudáveis. Os pais também não ajudam.



Vejamos este raciocínio: se eu não posso trabalhar para a Organização Mundial de Saúde por ser fumadora e, eventualmente, os meus pulmões alcatroados obrigarem, no futuro, a um despesismo evitável por parte do Estado, porque pode uma criança, com peso a mais, comer num restaurante de fast-food, que a alicia através de ofertas lúdicas, se no futuro ver-se-á obrigada a colocar uma banda gástrica, ou até mesmo uma orquestra, que implica um despesismo idêntico ou superior?


Todavia, por esta ordem de ideias, não tardará muito, seremos todos como os Vitorianos: limpos, imaculados, regrados, obedientes mas uns tarados, excêntricos e dados a vícios obscuros na intimidade. Eu gosto de mim assim. Tenho os meus vícios, mas são privados. Gosto do livre arbítrio e do respeito pelos outros. Gostaria que esta febre puritana, que teve origens em marés americanas, se desvanecesse rapidamente... Temo que assim não seja.


Voltando à acção de formação. Depois de ser massacrada com índices de massas corporais, pregas adiposas, bombas calóricas e afins, a única coisa que tinha vontade de fazer ao sair de lá era atirar-me a um pastel de nata ou um croissant como se não houvesse amanhã. Felizmente, não gosto de bispos ou mil-folhas que, de acordo com os especialistas, requerem 1h e30 de corrida para desaparecer das nossas curvas.

4 comentários:

Bruno Miguel Pinto disse...

Não percebo bem o teu raciocínio, porque tanto tu (fumadora) como os miúdos obesos têm livre arbítrio, apesar da putativa despesa que darão ao Estado no futuro. Quanto a campanhas para reduzir vícios pouco saudáveis, desde que não massacrem os cidadãos, sou todo a favor, especialmente se essas campanhas forem dirigidas a mulheres bonitas mas obsesas que costumam ir à praia na região de Lisboa!

Cassandra disse...

Quando nos excluem de determinados empregos, logo à partida, não existe livre arbítrio. Há uma discriminação. É evidente que posso deixar... assim como os putos podem emagrecer.

As campanhas devem ser dirigidas às pregas adiposas de ambos os géneros. Há barriguinhas masculinas que fazem inveja às grávidas.

Bruno Miguel Pinto disse...

Ok, tens razão. Mas continuo a achar que vale mais a pena o investimento em campanhas contra a obesidade dirigido a mulheres do que a homens e talvez isso esteja relacionado com o facto de eu ser heterossexual!!

Cassandra disse...

E quantas mais barrigas de cerveja... menor a concorrência:)