Temos assim tanto medo de ficarmos sozinhos? Uma mulher francesa foi condenada a 15 anos de prisão por ter contaminado o seu marido com Sida. Após ler isto, passa-nos pela cabeça o adultério, o saltar a cerca, o medo de ser apanhada. A gaja andou no bem bom e foi tão vaca que ainda lixou a vida do tipo. Pensamento legítimo, tirando o vaca, mas as coisas tiveram outro outline. A senhora sabia que era portadora da doença e casou-se, carregando esse segredo consigo. O feliz casal teve um filho a quem, miraculosamente, não foi transmitido o vírus. Às vezes o acaso tem destas coisas, lixa uns mas passa ao lado de outros. O marido não teve a mesma sorte e lá está, com o sangue cheio do preconceito e estigma, sedento de vingança. Estamos no pleno direito de querer penalizar quem nos condenou a uma vida de comprimidos e cápsulas assim como a senhora estará no direito de se defender, se conseguir alegar algo que explique o egoísmo do seu acto. Seria, muito provavelmente, ridiculamente romântico da sua parte imaginar que partilhariam a mesma cama, mesa, ar, genes, depois da revelação: "Olha, o meu sangue tem esta coisa que me condena ao silêncio para poder viver no meio disto tudo e não à margem. Amar-me-ás da mesma forma se tivermos que comprar preservativos para o resto da vida?" Acho que a resposta do rapaz seria "Não". Se a amasse diria "sim". Se ela o amasse verdadeiramente, teria arriscado a solidão com a verdade.
3 comentários:
Eu tenho dificuldades em pensar que ela não o amava (sou um eterno optimista). Não a imagino falsa, mas alguém que enterra a cabeça na areia, para fingir que os problemas não existem. E a verdade é que, no meio desta história trágica, o seu problema não afectou o seu filho.
É uma história bastante tocante.
O medo supera a verdade numa relação frágil. Por isso, nunca quis que o seu marido soubesse da sua condição...
PS: Folgo em saber que já tens som no teu tasco. Parabéns!
Eu também gosto de Feist. ;)
nossa! fiquei meio abalada ao ler isso. o que é a mente humana?
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