Sinto que o palhaço em mim está a ganhar força e imiscuir-se na minha personalidade séria, na minha imagem profissional. Sinto-o cada vez que dou aulas e vejo os meus alunos a rir. Há muitos casos complicados mas eu não costumo tê-los. Sou uma felizarda mas também sou uma pessoa feliz. Sou feliz e mal paga, mas esqueço o salário quando estou perto de adolescentes complicados e estranhos, cheios de borbulhas e pés enormes, com idiossincrasias de endoidecer qualquer pai são. Gosto dos putos. Divirto-me a ensiná-los. Nem sequer os passo todos mas eles divertem-se na mesma.
Curiosamente, quanto mais palhaço me sinto, mais me afasto do sentimento de compaixão. Acho que estou a sofrer mutações irreversíveis. Por enquanto não me preocupo. Quando sentir a tentação de colocar uma batatinha vermelha, sigo para a psicanálise.
1 comentário:
Mas não somos todos um bocado palhaços? E não somos felizes assim?
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