sábado, 17 de janeiro de 2009

Police Violence

Os polícias portugueses são aparentemente pouco pacientes, existindo em Portugal uma taxa elevada de violência por parte das forças da lei. Concordo com algumas coisas. Houve um senhor que certa vez se tornou cadáver na esquadra de Santarém, tendo perdido a cabeça no decorrer do processo. Literalmente. Há muitos agentes com uma formação inadequada, deficiente, não sendo as pessoas indicadas para a função. Julgam tornar-se senhores de toda a verdade e donos do poder executivo e judicial. As sentenças aplicadas ficam-se pelo imediato: murros, pontapés, agressões com bastões, etc., etc..

Todavia, as situações de elevado risco com que se deparam frequentemente, em particular nos bairros mais problemáticos, sem subsídio de risco, sem garantias de regressarem ilesos para as suas casas e famílias, podem contribuir para diminuir o seu rastilho e a sua paciência.

Gosto em particular da intervenção social, dos amiguinhos dos necessitados que erguem a voz contra os homens da farda quando estes não lhes dão as explicações devidas. Eu entendo que se trata de um ciclo vicioso. Pobreza, roubo, violência...droga, car jacking... E sei que alguns podem ser salvos. Também já vi uma mulher polícia, em frente à minha escola, que pedia a um grupo de adolescentes que se afastasse do portão, ser pontapeada e esmurrada sem apelo nem agravo. Às vezes, uns putos apanham por tabela. Ela bem gritava "Quando vos apanhar na esquadra, fo...- vos todos!". Interrogo-me qual seria a reacção dos amigos dos bairros em vias de desenvolvimento e dos pobres eticamente desorientados se assistissem a esta cena ao vivo. Não censuro as suas palavras.
Um jovem foi morto na Falagueira. Tinha roubado um carro. É a vida pobre, é a miséria. Eu já fui pobre, nunca passei fome mas nunca tive ténis de grandes marcas. Havia prioridades. Ter uma boa casa, sem fendas e rachas e um tecto em condições. Nunca me deu para roubar carros. Vi na escola uma saída e nunca liguei muito às máquinas. Fui bem acompanhada. Este jovem tinha 14 anos. Era um miúdo. Um miúdo pobre. Um miúdo pobre que andava a roubar carros. Um miúdo pobre, ladrão, que apontou uma arma ao polícia. Os manifestantes que atacaram os homens de farda na Falagueira deixam sempres este pormenor para o fim. Pode ser mentira. Nos tempos que correm, fica bem sermos politicamente correctos. A Força de Elite mostrou-nos essa hipocrisia. Os portugueses ainda estão no começo da pirâmide. Vamos atacar a autoridade. Fica sempre bem.

2 comentários:

J. Maldonado disse...

Tal como aconteceu em França e na Grécia, em Portugal haverá a possibilidade das organizações de extrema-esquerda, que, ao fim e ao cabo, não passam de bandos de arruaceiros, tirarem dividendos políticos deste caso para justificar eventuais acções violentas contra a polícia.
Os Media empolam demasiado incidentes deste tipo, pois, devido ao salazarismo criou-se uma fobia generalizada a tudo quanto seja autoridade estatal, presumindo-se sempre a sua culpa, para todos os efeitos.
Subscrevo a maior parte do que dizes, porém há que ter em conta o seguinte:


1. O miúdo estava dentro dum carro roubado na companhia de criminosos;

2. Ele tinha uma pistola 6.35 que foi apontada à polícia.


Portanto, o miúdo não tinha nada de inocente e de indefeso, e provavelmente já devia estar envolvido nalgum gang.
Há que ter-se sentido crítico em relação ao sensacionalismo dos Media e duma certa esquerda caviar perfeitamente alienada para quem o mundo é uma autêntica utopia...
Sou progressista e não-alinhado ideológicamente, por isso detesto a histeria tanto da direita como da esquerda, bem como dos extremos de ambas...

Cassandra disse...

Concordo totalmente contigo. Aliás, faço referência à arma apontada ao polícia. Devo ter sido menos acutilante desta feita. One can't always get it right:)