As escolas são tão diferentes quanto as realidades que as abarcam - os alunos, os professores, os funcionários, as instalações, etc.. A minha escola é especial. Todas as escolas são especiais quando a sentimos nossas. Esta é especial porque se trata de um território de intervenção prioritária. Perguntar-se-ão neste momento "Qual é a prioridade?". Para o Ministério não sei. Para mim: sobreviver. Na minha escola, o momento de entrada para as aulas assemelha-se aos recentes motins no Quénia. Na minha escola não há barulho... há um ruído ensurdecedor, de furar os tímpanos e provocar enxaquecas. Na minha escola há miúdos pobres, com fome, de famílias disfuncionais, totalmente desenraízados que, por todos estes motivos e também porque lhes apetece, vão armados para as aulas, agridem os colegas porque "Ele me estava à provocá" (e este provocar pode ser o simples chamar pelo nome) e ofendem os professores, desrespeitando as suas ordens, roubam fora e dentro do espaço escolar e gritam como se não houvesse amanhã. Esta é a minha escola este ano. Deve haver piores (esta frase é uma forma de suavizar o esforço e de me confortar porque, na verdade, não as deve haver). Esta é a minha realidade, felizmente apenas por um ano. A vida não é perfeita. É verdade. Mas pela primeira vez na minha vida, estou a esgotar as estratégias e o que era um prazer antigo está a revelar-se um fardo difícil de suportar. Acredito que, dadas as circunstâncias, estou a sair-me muito bem (ainda não fui agredida, o carro não tem riscos novos e o telemóvel é o mesmo), inclusivé, nas aulas. Ultimamente tenho contado os dias...sinto-me parte do Prison Break.
Ainda não percebi como uma riqueza e variedade de exemplos escolares desta natureza pode passar despercebida ao Ministério da Educação. Sra. Ministra, iríamos adorar recebê-la. E os nossos meninos também!
Vou colocar aqui algumas pérolas do quotidiano escolar. Salvaguardo a existência de bons exemplos. Todavia, os que se seguem fazem as delícias dos incrédulos e legitimam o ambiente asséptico dos colégios particulares de elite. O nível das pérolas procurou ser suavizado, em alguns casos, através do uso da língua estrangeira:
- Student of the 5th form, around 13 years of age, opens the door of a classroom and shouts at the teacher (who did not know him): "YOU BLONDE BITCH".
- First day at school. Teacher: "So, why don't you want to introduce yourself in English?"... Student: "Well, I already know how to speak English."... Teacher: "That's great. Say something."...Student. "WANNA FUCK?"
- Teacher. 6th form. Teacher: "Your behaviour is unacceptable. Leave the room at once." ; Student: "Chill out teacher. I'm going. Don't get so stressed you might lose some of your hair... on your head and down below."
- Teacher: "You are being very rude, young lady. Get back to your seat." Student: "Vai pó.....
- P.E. Teacher. Outside the school. Speaking on the phone. Student passes by and screams in her hear "És toda boa!!!"
- Teacher: "The class board of the teachers has decided to punish you for your behaviour. More homework."... Student: "It must have been that teacher...That COW."
Há mais, muitas mais e piores. Como não posso desenhar as agressões, nem pôr cadeiras a voar, aguardam-se cenas dos próximos capítulos. Garanto-vos que acção há de sobra. Mais que nos fimes do Jackie Chan.
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