sábado, 22 de março de 2008

Give me back my mobile phone!


Há uns tempos, quando escrevi um texto sobre as SMS e a dependência que os jovens têm relativamente a estes aparelhos, nunca me passou pela cabeça assistir à cena - devidamente gravada por um telemóvel - passada numa escola secundária do Porto, em que uma aluna se degladia com a professora para recuperar o telemóvel que esta lhe havia tirado.


Parece tudo tão óbvio e igualmente ridículo. Não vale a pena tentar dissecar os motivos que levam a este comportamento por parte dos alunos. Parecem-me evidentes: má educação; pais ausentes e igualmente desrespeitosos; substituição de afecto por valores materiais, e tudo o mais que os pedopsiquiatras enumeram nos especiais noticiosos para explicar que os "nossos jovens precisam de estruturas de apoio", e os professores não podem apresentar fragilidade, blá, blá, blá... e é por esta altura que começo a ter vontade de vomitar.


Tem que existir uma legislação rigorosa que imponha valores se estes não fazem parte do bom-senso social. Se a figura do professor perdeu a autoridade, a justiça pode recuperá-la. Se as proibições forem claras, e se leis passadas pela cambada activa da assembleia proíbirem o uso de telemóveis nas escolas, e lhes juntarem umas belas multas como penalização, vão ver como os pais piam fininho. Os orgãos directivos ainda não se aperceberam que podem ter ali a galinha dos ovos de ouro.


Mas enquanto os nossos legisladores, ministros e restante comunidade escolar ponderam as consequências nefastas de novas leis "agressivas" para os "nossos jovens", eu proponho o seguinte: um par de estalos à besta que tenta agredir uma senhora que tem idade para ser sua mãe; a expulsão consequente, bem como de toda a milícia que se limita a assistir e, já agora, umas tareias bem dadas nos pais que criaram estes seres tão bem formados. Sendo besta, irracional, então dá-se-lhes o tratamento dos animais: "Não podes fazer chichi na madeira!". Logo, ao fazeres, levas no focinho.


Quando andava na segunda classe, tive um professor muito severo, o professor António. Vinha de Bragança e tinha um cabelo e um bigode fartos, que nos espreitavam lá do alto do seu 1,90m. Um dia, quando dois colegas meus, o Pedro e o Óscar, davam trela à língua, o professor António deu um estalo em cada um que lhes deixou os dedos marcados na cara. Lembro-me dos olhos marejados do Pedro, que por ser rechonchudo ainda lhe deve ter doído mais. Em casa, disse à minha mãe: "Foi horrível, Mãe. Coitadinhos. O professor foi mesmo mau."


Hoje, refletindo sobre o passado, o Pedro e o Óscar não voltaram a conversar daquela forma e são dois jovens porreiros e bem formados. Não acontecerá o mesmo à jovem do Carolina Michaellis se o seu acto passar impune. No fundo, há estalos que vêm por bem. E agora, mais do que nunca.

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