domingo, 2 de março de 2008

Four Weddings and a Funeral

Vi este filme quando ainda estava na prateleira dos mais requisitados, na época em que as cassetes eram tão volumosas que só traziamos um filme de cada vez. Achei uma história divertidíssima, porque o grupo de amigos que protagonizava a cena era tão heterogénio e, simultaneamente, tão rico, louco, e tolerante face às diferenças de cada um. Seria o prenúncio do grupo de amigos que hoje me rodeia - tão descontraídos, tão diferentes e tão saudavelmente autênticos. Isso, como fazia parte de um futuro distante, era algo que apenas podia invejar. Por isso, apaixonei-me pela música dos Wet Wet Wet, pelo ar trapalhão e profundamente desconcertado do Hugh Grant e pela libertinagem ousada da Andy Macdowell ( que agora anuncia cremes "estica- a-pele").
Mas no meio de tantos casamentos, apaixonei-me pelo funeral. Melhor dizendo, pelo poema de W.H. Auden que é lido pelo jovem homossexual no momento em que se despede do seu companheiro. Verti tantas lágrimas que fui obrigada a fazer uma corrida ao Water Closet para procurar auxílio num rolo de toilet paper. Lembro-me de a minha mãe perguntar: "Tás a chorar, filha?". E eu, na minha inocência pré-adolescente, relatei-lhe brevemente a cena. Retorquiu-me: "Nã precisas de tar a chorar por causa de um par de...". Omito o restante porque é apenas reflexo da diferença geracional e do conservadorismo do Estado Novo.
A cena continua a fazer-me chorar e o poema continuará a espelhar o sentimento de perder alguém que amamos.


FUNERAL BLUES

Stop all the clocks, cut off the telephone,
Prevent the dog from barking with a juicy bone,
Silence the pianos and with muffled drum
Bring out the coffin, let the mourners come.


Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky the message He is Dead.
Put crepe bows round the white necks of the public doves,
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.


He was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song;
I thought that love would last forever: I was wrong.


The stars are not wanted now; put out every one,
Pack up the moon and dismantle the sun,
Pour away the ocean and sweep up the woods;
For nothing now can ever come to any good.
--
W.H. Auden

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