quarta-feira, 5 de março de 2008

Dexter

Uma série nova com um actor já muito batido nas noites de qualidade da RTP2 traz uma lufada de ar fresco às séries de investigação criminal. Esta tem o criminoso e o bom da fita "ensandwichados" num dois em um inusitado. O mano gay do "Sete Palmos de Terra" é um cientista forense assim como um criminoso dedicado e compulsivo. Tem princípios morais apurados, que lhe foram incutidos pelo pai, o que faz com que mate, chacine, sangre, decepe, massacre - sempre com a higiene de um médico legista - apenas os maus da fita. É um vingador social com quem criamos uma empatia fácil, já que todos temos desejos de vingança bem lá no fundinho da nossa biologia irracional.
Todavia, a sua beleza e estranheza, reflectidas no encanto e grande adesão a esta série, advém do facto de tentar ser tão normal quanto todos nós, mas sem qualquer noção dos critérios para corresponder ao conceito dessa mesma normalidade. Faz as investidas mais disparatadas e descontextualizadas com a "namorada"; falta-lhe o bom senso nas relações familiares e profissionais, e apenas revela um grande êxito e satisfação quando está só ou... prestes a matar alguém. Apesar do insólito da personagem, há um momento ou outro em que nos identificamos com ele...mas não ficamos incomodados por isso. Maybe, and it's just a hypothesis, we all have a lovely silent talented hidden killer inside.

2 comentários:

Bruno Miguel Pinto disse...

Para além do que dizes, o que acho interessante na construção da personagem é o lado secreto que ela transporta e o peso que isso traz à sua vida. É o seu lado escondido, que ninguém conhece, que ninguém pode conhecer. E como ele vive com isso...

Cassandra disse...

Concordo plenamente, Bruno. Obrigada pelo comentário.