Ontem aguentei-me até mais tarde a fazer aquilo que considero ser uma actividade puramente masculina: zapping. Vi uma série de entrevistas ao malogrado Michael Jackson, nas quais insistia em negar qualquer cirurgia plástica, abanava freneticamente o seu filho de poucos meses, comprava jarrões e peças profundamente kitsch e escandalosamente caras, reiterava o seu amor pelas crianças e revelava, acima de tudo, uma imaturidade e uma infantilidade fragilizadas por uma fama tão precoce. À medida que centenas de pessoas o perseguiam para qualquer lado (QUALQUER LADO), apercebi-me da excentricidade do senhor bem como da infinita solidão. Senti pena e comiseração. Todavia, sentia-o já meio cadáver. Quando acabou, mudei de canal para ver a maratona de luta da actriz Farrah Fawcett contra o cancro. O desrespeito da imprensa, a fuga de informação do hospital. O sofrimento de um pai que já havia perdido uma filha com cancro. Achei admirável a luta desta mulher mas não tive estômago para ver até ao final. Não há coisa pior que vivermos com um inimigo dentro de nós e sentirmos que perdemos a guerra. Fica aqui um dos calendários mais famosos que adornou tudo o que era garagem e oficina americana nos anos 70. Não é do branco de cima. É da branca de baixo.
4 comentários:
1. "(...) a fazer aquilo que considero ser uma actividade puramente masculina: zapping."
Essa é boa! Nem sei o que dizer. :))
Por acaso faço-o muitas vezes ao fim-de-semana. ;)
2. Considero este alarido mediático uma descarada hipocrisia.
Enquanto teve sucesso Jacko era bajulado pelos Media, mas quando caiu em desgraça, passou a ser constantemente achincalhado por eles.
No fundo ele era um pobre diabo, pois nunca teve uma vida normal, visto que desde os 5 anos tinha uma carreira de sucesso, com a qual nunca soube lidar bem.
Todavia, tenho que reconhecer que era um exímio dançarino e um bom cantor dentro da Pop 80/90.
3. Também me sensibilizou a morte de Farrah Fawcett.
Lembrou-me os tempos de miúdo em que era viciado nos Anjos de Charlie. Nos anos 90 vi alguns filmes dela, um dos quais marcou-me bastante, dada a sua temática:
http://www.youtube.com/watch?v=Bq16SQETJMQ
Praticamente a sua memória foi ofuscada com a morte de Jacko. É injusto!
A propósito, gostei da foto, pois FF, apesar de sexagenária, ainda era very hot... ;)
Sinceramente sempre achei o Michael Jackson alguém algo não-humano. Algo de boneco assexuado. Perfeito para uma certa imprensa e de certa forma desintregado da realidade. Quase como uma figura inventada por um qualquer escritor fantasioso.
Beijocas
Apenas um gajo: não sei se o Tolkien conseguiria imaginar algo assim, eheh, nem mesmo o Edgar A. Poe. Obrigada pelo comment.
Maldonado: a morte é muitas vezes factor de glória. Vê o Van Gogh, nunca vendeu um único quadro enquanto viveu. E agora ...
o zapping cansa-me à brava e entedia, este final de mês tem sido uma mortandade, agora a Pina Bauch! bjo
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