sábado, 13 de junho de 2009

The very special one


Três dias consecutivos a falar de um homem. Um homem que rende milhões a clubes e a outros homens que o rodeiam, não pelo prazer da sua companhia ou pela beleza do seu discurso. Só porque o tipo joga bem. Sim, o homem joga bem. Mas daí a esquecer guerras, fome, miséria, crise nacional e internacional, bancos sem dinheiro e políticos à caça de mais... porra! Tenham dó. Eu não quero saber a cor das cuecas que Paris Hilton usou para seduzir o Ronaldo! O discernimento dos canais de informação televisivos é, neste momento, inexistente. Este país rendeu-se à fama e ao poder dos outros, aos números astronómicos e vergonhosos do desporto rei (imaginem este dinheiro investido na luta contra o cancro...). Se até a maior instância governativa do nosso país gasta a sua voz rouca para falar do madeirense! Ao que chegámos... a culpa nem é do madeirense, pá. Esperto é ele, despachar as louras famintas em seu redor. A culpa é do sistema. A culpa é do povo. A culpa é de quem tem poder para fazer de forma diferente. O povo consome o que lhes dão. O problema reside nas classes dirigentes, naquelas pequenas oligarquias informativas onde os "líderes" são uns pequeninos Hugo Chávez que alimentam a pobreza espiritual deste pequeno país. Dão ao povo miséria, grandeza de outros, o sonho inatingível para milhares de pernas e corpos fabris que nada percebem de bola. Quem escolhe a comida para dar ao povo decide se o quer rico, nutrido e inteligente. Receio que estejamos a alimentar cérebros ressequidos, dolentes e acríticos. Venha mais futebol. Já agora, acompanhem com minis e tremoços, para não se dar tudo por perdido.

2 comentários:

J. Maldonado disse...

O futebol hoje em dia é o ópio do povo.

Karma e Maia disse...

Mas o nosso 'Rónaldo' tem exactamente a mesma funçao social que os 2 'Rónaldos' brasileiros...por isso é que se fala tanto dele em vez de se falar de outras coisas, objectivamente, mais importantes