Tenho uma amiga de quem guardo as melhores recordações. Não temos hábitos instituídos como idas ao cinema, às compras ou jantares fora. Até porque não sou adepta de fazer compras acompanhada. Gosto de me maçar a mim mesma com a penosa tarefa de vestir, despir, olhar, ver, revirar, rodar e voltar a fazer tudo de novo. Em frente a vários espelhos. Sozinha. Com esta amiga, tenho o hábito de tomar café e falar interminavelmente de séries, filmes, actores, homens, sexo e... livros. Essencialmente, livros! E sempre que estou com ela contaminamo-nos mutuamente nas inspirações literárias. Duas horas sabem a pouco para a partilha das muitas linhas lidas, essencialmente daquelas que nos eriçaram a pele durante os vários meses em que não nos vimos. Depois da troca de várias impressões literárias, sempre polvilhadas de um corte e costura muito saudável, sobre o gosto e as opções estéticas de alguns colegas de trabalho (que fariam vomitar qualquer Tim Gunn), temos alguma dificuldade em conter a vontade de atacar uma livraria e encher o stock. Por acaso, costumamos encontrarmo-nos na Bulhosa... logo, o suplício começa in loco. Há 5 dias, porque estava a ressacar com um livro penoso, longo e pouco atraente (apesar das informações históricas e dos detalhes precisos sobre a vida de Galileu, continuo arrependida da compra - A Filha de Galileu... desaconselho), não consegui resistir e lá me entreguei a uma das sugestões: On Chesil Beach de Ian McEwan, ainda que traduzido. Mesmo sem o original, a sede de leitura era tanta que "I couldn't hold my panties". Acabei agora. Ainda estou atordoada perante a simplicidade e beleza do livro. Dois jovens no final da década de 50, num hotel, para a celebração da sua noite de núpcias. Os medos e desejos no íntimo de cada um deles e a forma como interpretam o outro. A forma como amam ou julgam amar. Uma descrição e narrativa belíssimas. Sem excessos. Sem floreados excessivos. Com os palavrões certos na hora certa. Obrigada, Sílvia. I can't wait for more.
4 comentários:
Gosto do Ian McEwan, gosto mesmo. Nem por acaso, esse é o livro dele que mais me marcou, li-o para aí há uns dois anos e fiquei como tu, atordoada. Apesar de ser um livro pequenino tem uma história cheia de emoção. :) Excelente escolha.
Olha, confesso que as tuas sugestões interessam-me...
Vou investigar...
Obrigada, Anny. Aceito sugestões de outros livros do mesmo escritor. Se bem que, não resistirei a começar a demanda pelas livrarias.
Apenas um gajo: espero que não fiques desapontado. Depois conta como foi.
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