quinta-feira, 23 de julho de 2009

Concert

Ontem fomos ver um concerto. Comprei os bilhetes há muito tempo, como faço sempre, para poder escolher os lugares. Plateia B. Chegámos. Chovia. Piso em relva. Lixei as sandálias todas. Cadeiras de madeira. Espanholas. Alugadas. Todas molhadas. Até aqui o panorama nem era dos mais complicados. Lá fomos para os nossos lugares. Éramos um grupo de oito mas fomos os dois primeiros a chegar. Os lugares eram encostados ao que se podia chamar um "corredor central". Ao fundo do corredor, mais próximo do palco, estavam os técnicos de luzes e som. Ora, como ainda chuviscava, decidiram colocar uma tenda, estilo árabe, bem alta, por cima dos ditos. Resultado: não víamos NADA. O ângulo de visão das pessoas encostadas ao corredor (umas 100) estava todo tapado pela tenda. Fui averiguar. Passo a registar a conversa com as meninas que dão as indicações:
Eu: Desculpe, mas aquela tenda vai manter-se ali durante todo o concerto?
Menina: Vai.
Eu: Ora bem ... não sei que alguém reparou mas não se vê o palco e como eu paguei, e bem, para ver o concerto, gostaria que alterassem a situação.
Menina: a tenda não vai sair mas eu vou falar com o meu coordenador e logo vemos.
Eu: Mas se a tenda não vai sair, nós podemos mudar as cadeiras para o outro lado da plateia (com muito espaço livre).
Menina: Não, isso não. Eu vou falar com o meu coordenador e se não se puder fazer nada depois a senhora faz a reclamação (eu tinha avançado logo com a possibilidade de ter o dinheiro de volta... entrei a matar, eu sei).
Eu: vou ficar a escrever uma reclamação durante o concerto????
Ela afastou-se para encontrar quem a tirasse da alhada. Entretanto, outro casal com visão diminuta também se aproximara de nós para partilhar o seu desconforto. Aliás, todas as pessoas que foram chegando ficaram estupefactas com uma tenda à frente do palco (só não incomodava os meninos da plateia A. Pagaram mais, ninguém iria aborrecer os riquinhos).
Regressa.
Menina: a tenda vai provavelmente sair.
Tempo de espera... a panela a pressão começa a aquecer...
Senhor da fila de trás vai perguntar aos técnicos se o turbante branco vai ser retirado (já parara de chover). Técnicos respondem que não. Panela começa a assobiar.
Depois de alguma confusão, os organizadores do evento percebem (ainda me interrogo como não perceberam o que estavam a fazer quando colocaram as cadeiras... parecia um quadro de Dali) e começam a afastar as cadeiras para o lado, uma sugestão que, recordo, havia dado inicialmente mas que pareceu disparatada para as meninas da organização.
Voltei a aborrecer-me com os atrasos dos portugueses e o facto de passarem no intervalo das plateias - estava a ver o concerto com sombras a caminhar à frente da cantora... Sugeri que mandassem as pessoas dar a volta por trás da plateia B, já que havíamos sido pontuais.
Quando dizem que Portugal não avança por questões de organização, tento enganar-me e imaginar que toda a gente funciona como o meu grupo de amigos... Depois tenho epifanias destas que me fazem perceber o que falha. É tão óbvia a ausência de massa encefálica que fico muito, muito assustada.
Mais engraçado... mesmo antes do concerto começar, depois de toda a gente ter mudado de lugar, tiram a tenda. Go figure.

3 comentários:

Ana de Sousa disse...

Nunca me aconteceu nenhuma situação igual a essa em nenhum concerto mas a verdade é que já tive algumas situações desagradáveis em que, se não fosse pela banda em questão, teria pedido o meu dinheiro de volta.

*

J. Maldonado disse...

A organização de eventos não é o forte do nosso país...
Só por curiosidade, que concerto era esse?

Cassandra disse...

Sim, talvez peça parte do dinheiro à organização do Cascais Jazz Fest.