sexta-feira, 31 de julho de 2009

Holiday books

Leituras de férias, que adorei:

Budapeste, Chico Buarque ( as angústias de um leitor anónimo às voltas com a sua identidade pessoal e profissional, dividido entre dois continentes e duas línguas)
Amsterdão, Ian McEwan (os rancores e ressentimentos passados entre homens que partilharam a mesma mulher, tudo revelado de forma irónica e com um divertimento sombrio... very British)
Longe de Manaus, Francisco José Viegas - ainda estou a adorar, porque a leitura vai a meio mas confesso que me rendi ao estilo pouco usual deste policial. Está a valer a pena.

Into the heart

- Isto não é uma cirurgia. É uma pequena intervenção. Entra um tubinho pela virilha, vai até ao coração e descobre o circuito errado.
- Ah, bom. Como?
- A menina diz-nos quando despertarmos esse circuito.
- Vou estar acordada, portanto?
- Vai, tem que ser. Mas não custa nada.

Já sabia há muito que tinha que passar por isto. Que me iriam vasculhar as veias, com tubinhos artificiais, fingindo-se enguias salvadoras em busca do circuito que dispara quando não deve. Eu sabia que teria máquinas e seres alienígenas a percorrerem-me o peito, vasculhando memórias, sentimentos, paixões, misturados com o meu sangue e invadindo-me o relógio de corda. Embora os riscos sejam mínimos, preferia não saber da sua existência. Apenas os concebo nos carros e nunca no meu.
Não gosto de riscos, não gosto de agulhas e não gosto do cheiro a éter. Sou muito optimista no que toca aos hospitais, principalmente quando vou visitar outras pessoas e volto para me reconfortar com a comidinha caseira, plena de sal e de temperos mediterrânicos, sem homenzinhos de bata branca e "croques" à volta da minha cabeceira. Não gosto de perscrutem o meu interior, principalmente tratando-se de desconhecidos com luvas e bisturis. Nem sequer gosto da ideia e até começo a achar que vou sentir falta das arritmias.
Apesar de todo este meu descontentamento, acho que quando nos metemos numa coisa é para levá-la até ao fim. Assim sendo... venha de lá a faquinha e o tubo. Vamos a isso.
P.S. - Achei engraçado perguntarem-me qual a minha religião... seria com o intuito de chamar um padre relojoeiro, não fosse a corda falhar? Nã, seria demasiado mórbido...

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Envy


Posso tender para qualquer um dos sete pecados mortais, com especial incidência para a luxúria e para a gula, tudo numa dose simpática, de pecadozinho aceitável. Não tendo a invejar. Posso perfeitamente chamar "cabra" até mesmo "put.." a uma mulher perfeita mas apenas como mostra de admiração. As palavras vão sempre vazias de conteúdo. Não quero para mim o que não é meu. Todavia, há três coisas que invejo nos outros, nomeadamente nas mulheres: cabelos fortes e sedosos, dentes fortes e unhas dos pés.



Sabendo que os três itens têm o seu quê de enigmático e estranho, e querendo evitar uma imagem de Dexter mórbido que guarda little pieces of body parts in the drawer, devo explicar que a escolha não se deve ao facto de ser desdentada, ter garras no lugar de unhas ou ser careca. Apenas tenho um cabelo demasiado leve para resistir a uma ventania sem ficar com um novo penteado; uns dentes que me obrigam a saltar de dentista em dentista até encontrar o arquitecto perfeito (indolor e duradouro, no chumbo, I mean) e a ter desconhecidos a enfiar brocas na minha boca; e uns pés tão pequeninos que me obrigam a pintar a cabeça do dedo mindinho para fingir que tenho lá uma unha de gente adulta. Se isto não são motivos suficientes para invejar, não sei o que será.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Concert

Ontem fomos ver um concerto. Comprei os bilhetes há muito tempo, como faço sempre, para poder escolher os lugares. Plateia B. Chegámos. Chovia. Piso em relva. Lixei as sandálias todas. Cadeiras de madeira. Espanholas. Alugadas. Todas molhadas. Até aqui o panorama nem era dos mais complicados. Lá fomos para os nossos lugares. Éramos um grupo de oito mas fomos os dois primeiros a chegar. Os lugares eram encostados ao que se podia chamar um "corredor central". Ao fundo do corredor, mais próximo do palco, estavam os técnicos de luzes e som. Ora, como ainda chuviscava, decidiram colocar uma tenda, estilo árabe, bem alta, por cima dos ditos. Resultado: não víamos NADA. O ângulo de visão das pessoas encostadas ao corredor (umas 100) estava todo tapado pela tenda. Fui averiguar. Passo a registar a conversa com as meninas que dão as indicações:
Eu: Desculpe, mas aquela tenda vai manter-se ali durante todo o concerto?
Menina: Vai.
Eu: Ora bem ... não sei que alguém reparou mas não se vê o palco e como eu paguei, e bem, para ver o concerto, gostaria que alterassem a situação.
Menina: a tenda não vai sair mas eu vou falar com o meu coordenador e logo vemos.
Eu: Mas se a tenda não vai sair, nós podemos mudar as cadeiras para o outro lado da plateia (com muito espaço livre).
Menina: Não, isso não. Eu vou falar com o meu coordenador e se não se puder fazer nada depois a senhora faz a reclamação (eu tinha avançado logo com a possibilidade de ter o dinheiro de volta... entrei a matar, eu sei).
Eu: vou ficar a escrever uma reclamação durante o concerto????
Ela afastou-se para encontrar quem a tirasse da alhada. Entretanto, outro casal com visão diminuta também se aproximara de nós para partilhar o seu desconforto. Aliás, todas as pessoas que foram chegando ficaram estupefactas com uma tenda à frente do palco (só não incomodava os meninos da plateia A. Pagaram mais, ninguém iria aborrecer os riquinhos).
Regressa.
Menina: a tenda vai provavelmente sair.
Tempo de espera... a panela a pressão começa a aquecer...
Senhor da fila de trás vai perguntar aos técnicos se o turbante branco vai ser retirado (já parara de chover). Técnicos respondem que não. Panela começa a assobiar.
Depois de alguma confusão, os organizadores do evento percebem (ainda me interrogo como não perceberam o que estavam a fazer quando colocaram as cadeiras... parecia um quadro de Dali) e começam a afastar as cadeiras para o lado, uma sugestão que, recordo, havia dado inicialmente mas que pareceu disparatada para as meninas da organização.
Voltei a aborrecer-me com os atrasos dos portugueses e o facto de passarem no intervalo das plateias - estava a ver o concerto com sombras a caminhar à frente da cantora... Sugeri que mandassem as pessoas dar a volta por trás da plateia B, já que havíamos sido pontuais.
Quando dizem que Portugal não avança por questões de organização, tento enganar-me e imaginar que toda a gente funciona como o meu grupo de amigos... Depois tenho epifanias destas que me fazem perceber o que falha. É tão óbvia a ausência de massa encefálica que fico muito, muito assustada.
Mais engraçado... mesmo antes do concerto começar, depois de toda a gente ter mudado de lugar, tiram a tenda. Go figure.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Jogging


Sou uma adepta do jogging. Sempre gostei de correr. Corro no trabalho, em casa, no trânsito, corro para os espectáculos, para as livrarias, corro para ser pontual, corro para ir ter contigo, corro. Tudo começou no básico quando o professor do 6º ano percebeu que eu não tinha paciência para mariquices e gostava era de competir com os meninos. Esmifrava-me, mas lá ficava no grupo da frente. A partir daí fui a tudo o que era corta-mato. Uma dessas vezes, a menina que liderava o pelotão enganou-se e fizemos quilómetros intermináveis. Sempre atrás dela. A correr, a correr... até a polícia e os pais nos irem buscar.

Depois do fanatismo escolar, optei pela corrida para emagrecer. Numa altura em que estudar era também sinónimo de comer porcarias secas, como bolachas e cereais, decidi perder peso (até porque com o capacete enfiado, as bochechas já não me deixavam ver a estrada). Voltei a correr para depois comer iogurtes naturais com maçãs. Durante a noite sonhava que corria mas numa perseguição feroz atrás de um bitoque rodeado de batatas fritas. Comecei a levar a minha cadela para correr. Agora levo o meu cão, mas a dobermann era mais atleta e pouco dada a snifadelas. Este parece um caçador e cada vez que vê uma poça repleta de lama decide fazer um tratamento ao pêlo. A corrida não é tão fluída.

Depois de alguma inércia por motivos profissionais, voltei à carga ontem. Voltámos, porque o V. foi comigo. Começámos bem. Todavia, à medida que nos íamos aproximando do fim da primeira fase (rodar o aquário gigante) eu só pensava no caminho de regresso. Sempre que o V. me perguntava se estava bem, as minhas pernas respondiam "Sim"... mas a minha cabeça só pensava "Tás linda, tás, não chames o INEM que não é preciso". No regresso, o V. insistiu para que impusesse o meu ritmo. "Ritmo?" Onde, qual? A idade é uma coisa tramada. Corre connosco mas apenas para nos pesar no peito. Está visto que corro, sim, mas não como antigamente. Tenho que insistir. Nunca fui de desistir por isso vou correr. Correr muito para quando me perguntares "estás bem?" eu responda "Bem???" "Estou óptima" e te vejas aflito para me apanhares.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Sleepless

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Eu sei perfeitamente que não devia usar o blog para encher chouriços mas adormeci no sofá, o ladrar do cão acordou-me e agora estou sem uma ponta de sono. Merda.Hoje não foi um dia inspirador. Há dias em que estou cheia de dúvidas. As dúvidas não me fazem escrever bem. Tiram-me o sono.E já que ninguém se cala com a cena lunar, aqui fica uma musiquinha sbre as dúvidas. Será que o Armstrong pisou mesmo aquilo? Hum hum

Match maker

Chamam-me a casamenteira porque gosto de me armar em Santo António. Não é um fetiche nem sequer um hobby doentio. Dá-me para ver quem fica bem com quem. Apenas olho para quem está só e apesar do inevitável momento de inveja, daquela suposta liberdade, daquela ausência de amarras e condicionantes(porque há quem goste verdadeiramente de momentos de completa solidão), não consigo deixar de pensar na solidão inerente a tudo o resto. Todos queremos partilhar o sofá com alguém, ter quem nos aqueça os pés nas noites frias de Inverno (isto é uma visão muito redutora mas não me ocorre outra), quem faça planos connosco, quem discuta filmes e espectáculos, quem faça parte do nosso álbum de fotografias de férias e momentos importantes. Há quem não precise de nada disto. Se formos verdadeiramente honestos com as profundezas do nosso Eu... há muitos mentirosos que argumentam "Eu estou bem é assim" "não há nada nem ninguém que me atrapalhe". Talvez. A não ser o constante vazio, ali ao lado, no visor do telemóvel, na cama, na mão, no peito. Para ir preenchendo uns espaços, procuro apresentar amigos a amigas, amigas a amigas e amigos a amigos. Pode ser que dê certo. There's no harm in trying. Aviso já: não aceito convites para madrinha. Tenho a minha conta de afilhados.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Everyone to the Bar

As notícias que enchem os noticiários lusos começam a ilustrar bem a season que se avizinha: silly. Senão, vejamos: temos mais de meia hora de directos para o belo do rapazola português que faz as delícias das meninas madrilenas (se o Real Madrid quer publicidade, nem precisa de a pagar já que os tugas embarcam no carrossel da fantochada de borla) e, há dois dias, a bela notícia sobre a modelo israelita Bar Refaeli, que aceitou posar para dois amigos de infância como veio ao mundo. Estes tipos conseguiram o que mais nenhuma revista de especialidade conseguiu: filmar a bela Bar nua, se entendermos como "NUA" o singelo cobrir de maminhas e matinha. Vêem-se uns vales e umas curvas, esteticamente bem delineados, como qualquer pintura renascentista. A mulher é muito bonita mas não está nua, lamentamos.
O ridículo a que se assiste é o destaque dado ao corpo de uma modelo, que engrossa a vasta lista do menú DiCapriano, em horário nobre, com reportagem do Henrique Zimmerman, como se de um acontecimento essencial à paz mundial se tratasse. Se ao menos a sua nudez apaziguasse a revolta palestiniana, entender-se-ia. Se a jovem o fizesse por causas humanitárias, entender-se-ia. Se nos referíssemos à beleza estética do filme (algo simplista, a meu ver), teríamos cartazes culturais para o efeito. Não se trata da venda de um Picasso ou Van Gogh. Trata-se de encher chouriços. Chouriços belos, mas chouriços. Nas horas seguintes, foram muitos que se colaram aos ecrãs e esfregaram os lóbulos das orelhas deixando a baba inundar os teclados dos pcs mundiais. A imprensa portuguesa, com particular destaque para a televisiva, começa a enjoar-me com tanta superficialidade.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

On Chesil Beach

Tenho uma amiga de quem guardo as melhores recordações. Não temos hábitos instituídos como idas ao cinema, às compras ou jantares fora. Até porque não sou adepta de fazer compras acompanhada. Gosto de me maçar a mim mesma com a penosa tarefa de vestir, despir, olhar, ver, revirar, rodar e voltar a fazer tudo de novo. Em frente a vários espelhos. Sozinha. Com esta amiga, tenho o hábito de tomar café e falar interminavelmente de séries, filmes, actores, homens, sexo e... livros. Essencialmente, livros! E sempre que estou com ela contaminamo-nos mutuamente nas inspirações literárias. Duas horas sabem a pouco para a partilha das muitas linhas lidas, essencialmente daquelas que nos eriçaram a pele durante os vários meses em que não nos vimos. Depois da troca de várias impressões literárias, sempre polvilhadas de um corte e costura muito saudável, sobre o gosto e as opções estéticas de alguns colegas de trabalho (que fariam vomitar qualquer Tim Gunn), temos alguma dificuldade em conter a vontade de atacar uma livraria e encher o stock. Por acaso, costumamos encontrarmo-nos na Bulhosa... logo, o suplício começa in loco. Há 5 dias, porque estava a ressacar com um livro penoso, longo e pouco atraente (apesar das informações históricas e dos detalhes precisos sobre a vida de Galileu, continuo arrependida da compra - A Filha de Galileu... desaconselho), não consegui resistir e lá me entreguei a uma das sugestões: On Chesil Beach de Ian McEwan, ainda que traduzido. Mesmo sem o original, a sede de leitura era tanta que "I couldn't hold my panties". Acabei agora. Ainda estou atordoada perante a simplicidade e beleza do livro. Dois jovens no final da década de 50, num hotel, para a celebração da sua noite de núpcias. Os medos e desejos no íntimo de cada um deles e a forma como interpretam o outro. A forma como amam ou julgam amar. Uma descrição e narrativa belíssimas. Sem excessos. Sem floreados excessivos. Com os palavrões certos na hora certa. Obrigada, Sílvia. I can't wait for more.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

When stressed and burnt out... DANCE

Apetece dançar, não apetece? Vou queimar calorias.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

EATING

Há duas coisas para as quais não estou predestinada: toxicodependente e anorética. A primeira porque tenho horror a qualquer tipo de agulhas injectadas seja em que sítio for. Ver alguém de bata branca, a elasticar-me o antebraço e dar-me palmadinhas vampirescas para despertar o sangue, dizendo com satisfação: "Que veias lindas que tem!" - o que pode indiciar a facilidade com que uma dose me entraria no organismo - não me agrada. NADA! Sou medricas, confesso. Deixo que os outros mo façam desde que eu possa olhar para as cagadelas de mosca no tecto do consultório.
A segunda tem a ver com o prazer que tenho em comer. Cada vez mais se torna uma arte. Cozinhar também, mas enquanto a cozinha estiver toda partida não vou poder imitar o Jamie Oliver, por isso, por agora, como. Como com muita satisfação. Como com o prazer de quem faz amor. Com tempo. Degusto, saboreio, repito, mastigo com calma e deixo que as minhas papilas gustativas se deixem levar pela explosão de sabores. Eu, como boa saloia que sou, gosto de sabores fortes, picantes, condimentados... ou não. Gosto de quase tudo. Não levo muito jeito para as mariquices vegetarianas. Gosto de carne e peixe. Tenros, temperados, saborosos. Ontem fui descobrir um restaurante. Há um site - Lifecooler - que me vai permitindo algumas descobertas interessantes. Nem foi tanto o meu prato - peito de pato com risoto - que me deixou tão fascinada. Foi o do meu melhor amigo. Uma mistura de porco com farinheira, cenoura, cogumelos... sei lá. Era absoluta e escandalosamente divinal. O mais engraçado é que o cozinheiro tem outra profissão. Há quem seja um verdadeiro artista. Convido os visitantes desta distopia a experimentar - Santíssimus, na rua S. João Da Mata ( perto das Ruas da Janelas Verdes) em Lisboa. O prato em questão intitula-se "Bochechas". Para quem não tem problemas de consciência e gosta verdadeiramente de pecar assim, com calorias, com prazer, por arte. Estou mais gorda 50 gramas mas ninguém me tira este sorriso de felicidade do rosto.

terça-feira, 7 de julho de 2009

I won't be the woman for the job

Tenho um gosto metálico na boca e quando acordo sinto como se tivesse engolido uma folha de zinco. Tomo banho e vejo o meu corpo a encher-se de manchas, pelo corpo todo, pelo corpo todo. Tenho um aperto no peito que me sufoca o ar e as entranhas. Sinto-me mal, tão mal que preferia ter um cancro para saber onde tratar. Não sei de onde vem e como surge ansiedade que me enche os minutos, todos, todos os dias, e me angustia a alma, enfraquecendo-me o vigor físico de outrora mas não me entorpecendo o cérebro. Ninguém sabe o que tenho mas acham que se tomar muitas drogas talvez me sinta melhor. Não sinto.

Por entre estas palavras angustiadas proferidas em impulsos de tremores e lágrimas, a minha colega justificou porque não pode ser uma boa coordenadora. É a única títular disponível para o cargo. There is no one else e, de acordo com o novo estatuto da carreira docente, só os titulares podem ter estes cargos... apesar de haver mais seis professores no grupo. Merdinha de lei.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

The new Socrates

Lia no Público online que o nosso primeiro-ministro vai recorrer aos marketers milagreiros do Obama que conseguiram a sua eleição. Muito bem. É uma cartada forte com muitos aspectos contra. Senão, vejamos: o nosso pinoquiozinho ainda não é mulato, embora se continuar a partir pernas na neve, pode sempre ganhar uma melanina extra por causa do gelo.
Não há como considerá-lo uma "minoria". Logo, o povo não precisa mostrar que é tolerante, respeitador dos direitos dos oprimidos e eticamente correcto. O senhor pode sempre optar por fingir que saiu do armário mas, nesse caso, num país sexualmente reprimido como Portugal, terá garantido o fim da sua carreira política (a não ser que se candidate a PABBA - Presidente da Associação de Bares do Bairro Alto).
Portugal não tem um passado de feridas profundas, de desrespeito pelos mulatinhos. Isso foi lá nas colónias e quem ficou por cá não quer assumir as responsabilidades do que falhou no nosso passado colonial.
Os americanos que votaram no Obama, fizeram-no porque queriam mudar. Queriam muito mudar. O facto de ter sido um negro a fazer essa mudança é apenas sinónimo de que o país evoluiu e que as novas gerações responderam de forma correcta, respeitando os princípios base da constituição. O Obama tinha muita coisa a seu favor - parece honesto quanto às suas opções de vida, é dono de uma retórica poderosa e de um charme arrasador, não precisou de adulterar os resultados obtidos em Harvard e sabe perfeitamente do que fala nos seus discursos (porque discute o conteúdo dos mesmos). Ora, para quem ainda não fez a comparação - difícil, ui, mas necessária - o nosso primeiro é tudo menos claro, o charme é comprado na Armani, a sua retórica começa sempre por respostas desviantes a perguntas difíceis (Repare...Escute... Repare), é incapaz de falar sem muitos papelinhos e... será que preciso mencionar o curso superior???
O gajo ainda acha que uma máquina de marketing me vai convencer a comprar o chocolate que eu sei ser amargo? Para além disso, não estamos em crise? Quanto nos vai custar esta merda?????????????????????????????????