sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Who wants a puppy?


Quando me enviaram este mail, fiquei obviamente com pena dos cãezinhos. Não posso ficar com nenhum. Os meus pais têm o Baco e nós temos o Kafka. Não faria muito sentido ter mais animais para não lhes poder dar a devida atenção. O que me assustou não foi a quantidade de canitos, foi o cenário circundante. Não vos parece que, atendendo ao terreno que os envolve e à aparente cova em que estão metidos, o futuro destes coitados está mais que definido? Para quem quiser evitar a desgraça, é só deixar comment. (Mãe perdigueira e pai dálmata).

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

At the bank

Estava por aqui a fazer umas contas com uma tabela maravilhosa oferecida pelo V. para descobrir que estas tabelas acabam por revelar-se assustadoras. As despesas crescem por qualquer mariquice. O mesmo não se poderá dizer das receitas. Enfim, entrego-me às de culinária.
Todavia antes de me deitar, devo partilhar com os meus colegas blogueiros/istas/bloguinhas (as you prefer) um facto que me intrigou esta tarde.
Estava no banco para receber uns trocos que me deviam e enquanto a transferência não se processava, tive tempo de apreciar a bela indumentária do senhor que estava no balcão de atendimento ao público. Uma camisa branca, muito branca por cima de um corpo enorme, redondo, com várias pregas adiposas de considerável diâmetro que se erguiam como um prolongamento da cadeira, coroadas com uma gravatinha rosa leve, muito leve... suponho que alguma coisa devia ter um ar leve.
O problema não era a careca e os longos esparsos cabelos penteados através da planície calva, ou o duplo queixo por cima da gravatinha cor-de-rosa, nem mesmo o anel de brilhantes (provavelmente herança de família, vá). Não. O problema era a transparência da camisa. Não só permitia ter uma noção pormenorizada das curvilíneas pregas como das protuberâncias normalmente denominadas mamilos, devidamente avantajados por um volume de carne quase feminino que os sustentava.
As perguntas que se colocam são:
"As empresas não têm formação para tratar a imagem dos seus colaboradores?"
"Quanto ganhará uma consultora de imagem?"
"Quanto custa um espelho no IKEA?"
"Há lá coisa pior do que um gajo com mamas?!" (tudo em rosa, leve... muito leve).
Sweet dreams, everyone.

Pearls (1)


'Whenever I watch TV and see those poor starving kids all over the world, I can't help but cry I mean I'd love to be skinny like that, but not with all those flies and death and stuff.'

--Mariah Carey


But you are skinny, love, you are. Check how much your brain weighs.

Two days

Dar a semana toda de férias aos professores foi, há anos, considerado uma heresia. O facto de muito professores aproveitarem para corrigirem dezenas, quase uma centena, de testes é apenas um pormenor. As associações de pais saltaram em cima do ministério e a opinião pública achou que sim, muito bem. Andam para aí esses calões que não fazem nada. Têm mais é que ir trabalhar e tomar conta dos nossos meninos. Compreendo. Sem babysitters profissionais, como fariam muitos pais? Adoro passar tempo produtivo com adolescentes educados e cheios, deixem-me reiterar, CHEIOS de vontade de trabalhar e de alargar horizontes. Até porque depois de 5 dias de folia, vem tudo mais que motivado para DOIS dias de trabalho. Aliás, depois de quase dois meses para prepararem uma apresentação oral de 7 minutos, a pares, e depois de terem as férias para o fazer, dos 3 grupos agendados para hoje... ninguém tinha preparado a apresentação! Eu, claro, tinha preparado mais do que uma aula adicional. Acontece. Deve ser a minha preguiça a motivar-me.
O que me deixa ainda mais atónita é que, depois de tanta celeuma por causa de uma semana em que alguns professores podiam ir para fora ou, eventualmente, deixar o trabalho no Algarve para visitar a família em Guimarães, os pais também vão viajar. Acho bem. E, já agora, levam os filhos. Percebe-se toda a discussão em torno da crítica semana. Os gajos têm que dar aulas! O meu filho tem cada vez menos aulas! Entendo.
Chamada:
And where's Peter?
Peter? He's out. He went skiing with his parents.
Se eu tivesse um governo mais equilibrado e capacitado para entender as razões do seu povo, também estaria a esquiar. Ou a rebolar porque não levo jeito para andar aprisionada numas tabuinhas compridas.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

CIMPOR (click me)

Será que se eu me vestir de empreiteira posso ser confundida com o Sr. Manuel Fino e extorquir à Caixa Geral de Depósitos, com consentimento desta, of course, os ordenados de muitos profs. incluindo o meu?

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

PMS syndrome


As mulheres são seres estranhos. Numa certa altura do mês, as hormonas tratam de elevar a estranheza ao extremo. Somos como alienígenas, falando uma língua estranha. Ninguém nos entende, nem mesmo nós. Há a fome insaciável, o desejo sexual voraz, a dor de cabeça imediata, falta de apetite (cama e mesa). Há a vontade de emagrecer, às vezes sem saber onde; de gritar para todos os lados; de andar à porrada. Eu fico como o D. Afonso Henriques dos Gato Fedorento: "Vamos andar à porrada?" Não sei porque fico assim. Apetece-me, sei lá. Posso entupir-me com comprimidinhos vermelhos e eliminar estar voracidade estranha mas é a única forma que tenho de libertar o stress. É a legitimização de um comportamento eventualmente incompreensível e quiçá, excessivamente sensível.


Merda mas ós ovários, pá. Quem me dera ser gajo nestes dias. Podia andar com as pernas carregadas de pêlos que tava-se tudo a cag.... (Também fico com uma enorme vontade de ser brejeira).

The Oscars

Bollywood conquistou Hollywood. Acho o número (8 óscares) um bocadinho excessivo, mas enfim. Como já havia dito, a Índia está na moda. Justíssimos os óscares para os actores principais e secundários. Nada mais havendo a dizer, embora a Kate Winslet devesse ter ganho por Revolutionary Road e o Benjamin Button devesse ser menos ignorado, dá-se por encerrada a noite, já que ontem o sono venceu o directo, espera-se pela versão de hoje.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Installation


I love art. The problem is in what I can call art or just pure creativity. I have a problem with some "installations". Sometimes I wonder... If i move a stone will I destroy the work of art? Will it transform me into co-author or vandalizer? Most important of all.. .Will anyone notice?

Dilbert



quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Other people's children

É interessante vermos os filhos das pessoas com quem tivemos uma relação. É interessante ver que as pessoas avançaram na sua vida e nos seus afectos, estabelecendo laços profundos com outras pessoas dos quais resultam lindos seres vivos. Interrogamo-nos sobre quais os traços e as semelhanças com o progenitor que conhecemos ou que, eventualmente, já esquecemos. É uma sensação interessante. As relações acabam. A vida continua. Desfazem-se as ilusões e apercebemo-nos dos erros cometidos e dos evitados. Mas giro, giro... o melhor de tudo, é sabermos que a outra metade daqueles lindos seres vivos não é nossa. No strings attached... no strings at all.

Being towed

Nada mais triste do que entrar no carro e este não pegar. Principalmente quando temos pressa. Pior ainda, quando temos que pedir a alguém - instituição, seguro, amigos - que nos reboque. É uma sensação de velhice antecipada. Naquele caminho até à oficina, acompanhada pelo cheiro a óleo e tabaco dos "homens do reboque" só me apetecia que Lisboa tivesse mais estações de metro... e autocarros como os londrinos, em que o itinerário aparece escrito na frente. "Olha, passa por aquela zona. Vou já neste!". Mas não.
Lisboa fecha para arranjar as entranhas. Lisboa desvia o trânsito das artérias para entupir as veias. Lisboa está tem mais carros do que as "ervinhas" do Bairro. E enquanto penso numa cidade mais funcional, interrogo-me se já posso, devo ou consigo livrar-me desta minha linda banheira para comprar um novo "esfumaça". A dependência da máquina assusta-me.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Clinical Blowjob

Este resumo não está disponível. Clique aqui para ver a mensagem.

The eternal president

Não sei o que se passa pela cabeça desta populaça mundial que, contrariamente ao que a história nos deveria ensinar, sente-se cada vez mais segura nos braços de um ditador. Retirando as muito prováveis manobras corruptas e a fuga cada vez maior dos cérebros, há muito bom venezuelano que acabou de entregar o seu futuro e, infelizmente, o dos seus filhos nas mãos de um sacana de ego gigantesco e sensibilidade política (ou qualquer outra) completamente nula. Assusta-me que tenham usado, para promover o sim no referendo, a imagem do galo de Barcelos como representativa de um país onde não há limite de mandatos presidenciais. Não é verdade. Há limite e Portugal não é só Barcelos. Conviria que, nas próximas eleições, os portugueses mostrassem aos venezuelanos como se pensa. Conviria que esta populaça não se deixasse seduzir pelo discurso feito e pelos fatinhos Armani/Prada/Gucci. Porque se não o fizermos, o ego do nosso menino lá no poleiro cala-se tanto como o do Chávez.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Slumdog Millionaire


Gostei do filme. Tem uma energia interessantíssima, uma paleta de cores inebriante - como a Índia - e uma banda sonora genial. É o máximo. Muito, muito divertido. Não lhe dava nenhum óscar pelas interpretações, claro. Exceptuando o jovem Jamal - que puto expressivo! Consegui visualizar o livro que ganhou o Booker Prize, The White Tiger, de Aravind Adiga, na sua totalidade. Em matéria de imagem, o Danny Boyle transforma a Índia na protagonista.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

St Valentine's

É sempre discutível a existência de um dia para celebrar o amor. Para aqueles que são escravos do trabalho é uma forma de os obrigar a fazer um programinha romântico.
Para mim, o amor é a sensação mais estranha, enjoada e poderosa que podemos sentir. Amamos alguém quando achamos boa ideia a mistura de genes. Isto é muito biológico mas no caso das mulheres, não falha. Darwin percebê-lo-ia, se ainda fosse vivo.
Detesto dizer "Amo-te" mas gosto que sintas todos os dias, nas mais pequenas coisas. Destesto dizer "Amo-te" porque me parece demasiado pequeno perante o que tenho no coração. Assim, prefiro não dizer nada, exceptuando beijar-te de manhã, quando estás desgrenhado, com ramelas e resmungão. O verdadeiro amor é uma utopia mas a verdade é que há coisas que andam lá perto... dão é uma trabalheira desgraçada! É preciso gostar de amar muito e não estar à espera do infinito, em troca. Basta uma lembrancinha, um post-it a dizer "...." (sejam criativos).

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Apanhado com a boca no cachimbo- Caught stone-handed

O povo americano tem destas coisas. Assim que nos tornamos uns heróis, depois de açambarcarmos todas as medalhas na terra do meninos com os olhos em bico, carregamos para sempre o fardo de sermos heróis. É um bocadinho como os actores que escolhem interpretar os heróis da banda-desenhada. O Toby MaGuire já não se livra do aranhiço, o Michael Keaton tem sempre o morcego a sondar e o puto que faz o Super-Homem que não se ponha a pau. Da mesma forma, ao torna-se um herói nacional e um exemplo para os jovens da sua geração, o nadador Michael/torpedo/tubarão/anfíbio/ raia, whatever/ Phelps nunca mais poderá ser um jovem e cometer as loucuras típicas da juventude. Porra, pá, o tipo seguiu um regime tenebroso, fartou-se de nadar, ficou com o corpo deformado ( o que não ajuda face à cara que já tinha) e ainda bateu todos os recordes que havia para bater, deixem-no relaxar.
Não sou apologista de drogas. Não me seduzem. Acho até que se fumasse um charro nem saberia como voltar à realidade por várias horas. Todavia, um rapazinho novo que abdica de tudo em prol de um sonho, também precisa de sentir que pode ficar enibriado com outra substância para além do ouro. Em vez de dar o benefício da dúvida, e penalizar discretamente, a Federação Americana de Natação suspende o moço por 3 meses. Não há pachorra para este puritanismo exacerbado. Parece que voltámos ao tempo dos Pilgrim Fathers. There's no such thing as lifetime heroes. Há momentos fenomenais. E na vida dos heróis também há decisões menos acertadas que, num país de rigidez religiosa e moral incontornável, se tornam erros gigantescos. Os jovens que o vêem como modelo não vão todos faltar à natação para enfiar a bocarra num cachimbo! Alguns americanos, ao votarem no Obama, mostraram que conseguem pensar. Vamos dar aos jovens a possibilidade de escolher, antes de os transformarmos em autómatos.
Eu, se fosse o gordinho lançador do peso que gosta de ficar as manhãs na caminha a trazer oito bolachas para Portugal, eu própria me aventurava até Marrocos para lhe trazer o chámon.

Sheer sensuality

If I knew how to sing, this is someone's shoes I would like to be in. Honouring one of the first singers I considered a diva (at home my parents didn't listen to jazz, so Tina was the first) and still do, Beyonce. Great song. Great attitude. Ignore the president.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Milk

O Sean Penn é um daqueles actores que erra muito poucas vezes. Exceptuando o casamento com a Madonna, quase nenhumas. Gus Van Sant tem uma forma sempre interessante de filmar. We never see him coming. Neste caso, não esperava um manifesto político tão fiel. Por sorte, o protagonista consegue humanizar qualquer fita e criar um personagem real, já falecido, tão credível, com maneirismos e desejos tão próprios, que quase esquecemos o actor americano ali está presente, vendo apenas Harvey Milk, o próprio. A idade tem transformado Penn num poço de mimesis com recriação à mistura. Novas criaturas erguem-se das suas personagens. Assim como fazem o Dustin Hoffman, o Jack Nicholson e o Tom Hanks. A elite. Milk vale por isso mas, não podendo esquecer quem foi o verdadeiro Harvey Milk, vale pela sua mensagem, pela luta dos direitos humanos acima de qualquer preferência sexual, pela imagem colorida e liberal de San Francisco, pelos estigmas e medos que ainda, infelizmente, povoam o imaginário de muitos portugueses. Vale pela mensagem de esperança. If you hide in your closet all your life, your soul is left hanging there, like an item of clothing.
Para quem gosta dos secundários, como eu sempre gostei, e vê ali umas promessas, o James Franco faz jus ao sangue português que tem nas veias. Nice butt by the way. E o Josh Brolin não podia estar melhor naquele papel reprimido e socialmente oprimido.
Pena o excesso de informação legal e as datas.
Boa escolha, ao omitir a anterior vida de Harvey Milk.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Revolutionary Road

Parabéns ao DiCaprio e à Kate Winslett. Quem diria que, 12 anos depois, um dos pares mais famosos do cinema, daria um par muito mais convincente neste retrato da geração de 50? Acredito muito nos dois actores e apesar da eterna meninice do actor loirinho do Titanic, tiro-lhe o chapéu - transformou-se num belo actor, provavelmente num dos melhores da sua geração. Pena não estar por cá o Heath Ledger. Sempre tinha com quem ombrear. A Kate é uma musa, mais precisamente do Sam Mendes. Apesar do endeusamento por parte do marido apaixonado, este casal de actores transmite bem demais a angústia de quem se acomodou à vida segura, confortável e monótona, com vizinhos, casas e relvados todos iguais. O filme é claramente um filme de actores, sobre a vida das pessoas, dos casais da época e, a meu ver, de todas as épocas. É sobre quem perdeu a capacidade de sonhar. Há quem tenha tido sonhos, há quem seja demasiado medíocre ou realista para ousar tê-los, e há quem não consiga viver sem eles. Este filme disse-me muito. Mais do que a qualquer uma das pessoas que foi comigo. I guess I can't really accept monotony that well. Vale a pena, para quem tem paciência para estes dilemas existenciais e amorosos.