sábado, 31 de maio de 2008

It's about time

Já estava a altura de fazer alguns esclarecimentos. Os saloios não são uma raça estranha de portugueses, que percorre todas as classes sociais e categorias profissionais, com principal predominância para aqueles que se vestem mal, comem bifanas de boca aberta, acompanhadas de uma Sumol de laranja ao pequeno-almoço, seguida de sonora libertação de ar. A Região Saloia inclui os concelhos de Sintra, Loures e Mafra. Somos os genuinamente saloios, e entre nós há labregos, assim como há em todas as partes do país. Labregos, soa-me bem como ofensa, já que não há a região Labrega. Agora utilizar um epíteto, pseudo-gentílico, como adjectivo menos simpático... é transferir o significado para outra realidade. Saloia sim, com muito gosto.

Amy

Mais um Rock in Rio. Gostava mais que fosse "Rock em Chelas" não só pela localização, mas também pela qualidade dos artistas convidados. Se uns se entopem com brigadeiros como o portento energético da Ivete Sangalo, outros ficam-se por umas ervinhas, como o nosso amigo Lenny. Mas quem não decepcionou e fez jus ao nome que carrega foi a nossa amiga Amy. Numa altura de saúde a pontapés, em que o bonito é não ter vícios nenhuns, ainda há quem desperte legiões de fãs adormecidas pela conduta irreverente, inconsciente e até mesmo dormente. Estava lá a criançada toda para ver a Amy. E viram exactamente o que a senhora é - a complete metaphor of a WineHouse. Acho que desta vez deve ter sido Porto, ou quiçá Quinta da Aveleda. Tenho cá um feeling que esta senhora emborca de tudo, incluindo o tintol do jarrinho de barro.
P.S. - Apesar da crise, o povo quer é festa. Até troca os pontos dos ladrões que nos assaltam nas bombas, por uns papelinhos brilhantes que nos concedem horas de festejos alucinantes :)). E ainda nos chamam os mais deprimidos da Europa... Os mais tansos talvez, agora deprimidos, eheheh, poupem-me!

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Californication

I've been David Duchovny's fan ever since "The Wild Orchid-The Red Shoes Diary" (great soundtrack, by the way!). When every girl phantasized about the strong macho workman with the perfect six-pack, I was blown away by that sweet, faithful, dedicated look of his and I have been in love with that sweet helpless look ever since.
Now, I am seduced by his groovy, helpless, messy way in this new series. A sexy intelligent father but a rational, killing selfish man, seducing everything with a pure and stabbing innocence.
The dialogues are amazing!
The daughter to the father: "I know, don't worry. I know you don't mean to let me down. But you always do. I suppose there comes a time in which after all those crap and failing when a person is suppose to deliver, we have to say "fuck you"."
The daughter is a pre-teenager.
I leave here a nice present. A song from the soundtrack of The Red Shoe Diaries that had a magnificent set and moment. Only understandable to those who love intensely.

Away from it all


No meio de casas graníticas velhas mas teimosamente resistentes, que se deixam camuflar pelas paisagens de penedos, vivem velhotes esquecidos do mundo. São visitados por curiosos domingueiros, por terem escolhido nascer numa terra centenária, num monumento por si só. Vendem cestos, colheres de pau, adufes e marafonas aos turistas para fazer uns trocos. No fim do dia, voltam para debaixo dos seus penedos húmidos e enchem as salamandras de pequenos troncos, para aquecer os ossos fragilizados e a pele gretada pela rudeza daqueles zéfiros.


Naquele cume isolado, que rasga a paisagem beirã, vivem os que se contentam com a simplicidade dos sorrisos e com os balidos dos animais que deixam a pastar no castelo.


Mas também vive um inglês. Um tipo novo que escolheu desligar a tomada do frenesim urbano. Ausentou-se do mundo, dos pontos cardeais e dos ponteiros do relógio. No sábado de manhã, perguntou simplesmente:


What day is it today? Are we still in May?


Sim, isto é que é "brutal":)).

Hilarious

Há coisas que só mesmo contadas. Isto aconteceu a uma grande amiga minha e é tão hilariante quanto as mais recentes atitudes déspotas do nosso Primeiro. Mas, infelizmente, aconteceu a uma pessoa de bem, que se farta de dar no duro para fazer pela sua vida e pela dos filhos, sem poder recorrer ao erário público como último recurso.
Primeiro assaltam-lhe a casa durante a noite, enquanto a família dorme no andar de cima.
Roubam-lhe computadores portáteis e a mala, com todos os documentos pessoais.
Mal se apercebe do acontecido, telefona para os bancos para cancelar as contas. Mais tarde, vai à polícia da sua área de residência para apresentar queixa. Ao pedir o comprovativo da denúncia, para poder reabrir as contas bancárias, a polícia pede-lhe 10 Euros. A minha amiga explica delicadamente: "Eu fui assaltada, cancelei as contas, não tenho dinheiro nem cartões. Sem esse comprovativo não posso ter acesso às minhas contas e ao meu dinheiro, para lhe poder pagar. Posso vir cá depois de abrir as contas, os senhores estiveram em minha casa a tirar impressões digitais, não vou fugir ao pagamento de 10 Euros, por amor de Deus...."
Nem por amor a Deus nem à Santinha. Obrigaram-na a regressar a casa, arrombar o porquinho mealheiro do filho, para voltar à esquadra, com os malfadados 10 Euros, sem os quais não havia comprovativo de denúncia (até porque era preciso um papelinho para provar que a casa tinha sido assaltada...Depois de a polícia ter lá estado...Depois de verem a janela partida...) já que, sem o dito papelinho mágico a minha amiga não poderia reactivar as SUAS contas, para ter acesso ao SEU dinheiro!
Fico sem palavras... É assim o nosso país. Assaltam-nos às escuras, mas fazem-no de forma mais repugnante às claras.

domingo, 18 de maio de 2008

Football

Eu sou mulher e gosto de futebol. Não me limito a gostar muito, adoro futebol. E por gostar e perceber de futebol é que gosto daquele que se joga bem e que tem como objectivo agradar aos adeptos (que alimentam a corja de estrelas emproadas). Gosto de jogadores profissionais em jogo, mas igualmente empenhados no treino, na atitude, no discurso. Há falta de dirigentes com "balls" (se não acumulassem com a componente corrupta seria agradável) para meter os meninos na linha (arrancar-lhes os brincos amaricados e cortar as fitinhas "prende-franja"). Já gostei do futebol português. Agora, há um gentleman ou outro por cada Grande... (melhor, grande Miséria). I bow before thee, Rui Costa.
Agora, só vale a pena ver os jogos da Premier League. Quando os jogadores caem é porque lhes partiram a rótula ou o perónio. Um jogo da nossa liga assemelha-se por demais aos filmes da TVI. São tantos "intervalos" que perdemos a pica toda.

sábado, 17 de maio de 2008

The regression

Desculpe, mas tem habilitações a mais. Não precisamos de um candidato com tanta formação.
Welcome to the real market world in Portugal. Either you're willing to be a slave or to pretend you're a lot dummier than you really are to have a job to pay for your everyday fuel.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Things that make women happy

As mulheres são seres estranhos mas, convenhamos, fascinantes. Parafraseando um amigo meu: quanto mais as conheço, mais vontade tenho de as conhecer... e tomar Prozac em simultâneo. A nossa estranheza reside na contínua e absoluta insatisfação. O fascínio, na crença de que é possível derrubar este mito. Para os conquistadores incansáveis e eternos como o Indiana Jones, aqui vão umas dicas para ajudar à conquista do "Santo Graal":


  • Elogiem-nas, principalmente quando há algo de novo (cabelo, unhas, calças, baton). Convém estar mais atento aos pormenores.

  • Beijem-nas sem razão aparente para e em locais menos rotineiros. (Se forem arremessados com uma mão aberta, é melhor optar pela rotina).

  • Imaginem cenários paradisíacos (mesmo que estejam na tasca do ti manel ou no banco de trás do carro), reiterando sempre que gostariam da sua companhia.

  • Façam carinhos perto dos grupos de amigos. As mulheres adoram afirmações públicas de amor. (É favor não rastejar, nem lamber o chão que ela pisa!)

  • Quando sentem coisas bonitas, não se coíbam de as dizer. (Se a vontade for estrangular a senhora ou apenas cobrir a boca com fita adesiva para juntar os lábios de uma vez, é melhor optar pela desculpa da "dor de cabeça" ou "levanto-me cedo amanhã".)

  • Arrisquem. Vão ver que o "não" delas é muitas vezes "Nim".

  • Como último recurso e já em desespero de causa (cuidado com a tensão alta e doenças cardiovasculares)... dê-lhe o cartão de crédito.



P.S.- Infelizmente, cada caso é um caso. Conduzir um Mercedes dará mais pica que um Fiat Punto, mas importa é gostar da viagem.

I didn't know

A próxima vez que decidir fumar num voo transatlântico, numa viagem de TGV ou num cruzeiro, quando abordado pelas autoridades competentes ou pela ASAE do sítio, limite-se a responder: "Eu honestamente não sabia. Desconheço a lei."
E se o "criminoso" em questão for o Primeiro-Ministro do país?
Nesse caso responda: "Eu não sabia. Estava a esquiar quando aprovaram essa lei."
E depois prometa nunca mais o fazer. Um arrependimento judaico-cristão fica sempre bem e compra mais votos.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

13 th of May


Hoje é a procissão das velas na minha aldeia. Está a cair uma bátega monumental. Se alguém lá do alto quer as velas apagadas, é porque não devem fazer grande coisa acesas. Será que o Altíssimo quer enviar uma mensagem? Ou está apenas em blackout?

Bad choice

Lembro-me de achar que os "white-collar jobs" é que eram. Andar de pastinha e livrinhos era o meu sonho. Também não me importaria de andar fardada de "aeromôça" (tenho que me adaptar ao novo Acordo... pausa para o vómito...), servir cafézinhos ao comandante a fazer umas travessias oceânicas de vez em quando. Optei pelo ensino. Até era boa aluna. Pronto, era muita, mas muita boa. Mas no final de contas, a minha escolha coloca-me ao lado dos jumentos. Refiro-me mesmo aos animais. Não é que fui escolher a profissão menos acreditada, mais vilipendiada e vulgarizada do nosso país de doutores? Afinal a massa cinzenta continha pouca esperteza. Quem me dera ter um "blue-collar job" agora, como por exemplo esteticista. Não há lady que não queira tirar o pêlo e com a abundância de portuguesas peludas, estaria eu bem de vida. Se não fosse isso, quiçá agricultora ou jardineira. Dizem que as flores crescem se falarmos com elas. Ao menos com a população verdejante veria alguns resultados...

terça-feira, 6 de maio de 2008

The medical centre

De quando em vez somos invadidos por patifes e intrusos, comummente apelidados de bactérias e vírus, que nos obrigam a recorrer ao médico de família e a entrar num espaço estranho e hostil chamado Centro de Saúde. Onde vivo não se chama Centro, talvez porque se encontre na zona mais recôndita da aldeia, mas sim Posto Médico.
Eu não gosto lá muito de ir ao Posto Médico. É o local por excelência onde se coloca a conversa em dia, a "praça da alegria" das beatas e hipocondríacos residentes. Tem o seu fascínio quando encontramos pessoas que não nos veêm há anos (até tenho medo de usar números) "Ah, tu é que és a filha da ...?" "Nã te fazia aqui. Tás tãm mudada. Qu'ingraçado. És a cara do tê pai." (Vá lá, tenho os peitinhos da mamã.) Grave é quando se especula sobre a doença de cada palerma que espera infinitamente pela Sô Dôtora, incluindo eu. Das últimas vezes que lá tenho ido, encontro caras e olhos que me perscrutam com o olhar à procura de um diagnóstico plausível. Para as beatas, gravidez é que tinha piada. Sempre lhes animava o dia com uma novidade para espalhar por aí.
Para além disso, há sempre os que penosamente anseiam pela Ceifeira para acabar com aquelas dores, ao passo que outros, velhotes persistentes, com um dente orgulhosamente só estampado no sorriso, esforçam-se por protelar tão indesejada ida. A senhora que esteve ao meu lado, durante grande parte da espera, fazia parte desse grupo. Enrolada num preto eterno e sofrível, com o lenço a tapar o cabelo rarefeito e com um intenso cheiro a naftalina... como se estivesse esquecida num quarto húmido e bolorento, à espera que a levassem para avaliar a resistência dos corpo ao abandono a que foi votada.
No Posto Médico da minha aldeia falam todos muito alto e interrogam-se sobre o tempo que demoram as consultas "Isso é que foi, hein, uma cúnsulta dos péis à cabeça. A médca mandô-t tomar muitos reméidos?" - aparentemente, são todos médicos por natureza. Deve ser do tempo livre que têm para diagnosticar as maleitas alheias. A médica fica furiosa e grita lá do gabinete "Vamos a fazer silêncio!". E depois mandam-se todos calar uns aos outros. Durante 5 minutos. Por que a espera é longa e o local propicia a tagarelice. É melhor aproveitar o tempo que nos resta. Afinal, amanhã podemos estar todos mortos, néi?
P.S- O sotaque em questão é o saloiês. Um dia destes faço aqui uma lista de termos saloios para a posteridade. A minha avó não se importa de ser a minha cobaia.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

PSD

Acredito veementemente que o único candidato capaz de derrotar a postura da Sra. Dª Manuela Ferreira Leite, o carisma onomástico do Sr. Patinha Antão, a credibilidade do Sr. Santana Lopes e a fama do Sr. Passos Coelho (se bem que casar com uma ex-Doce não é assim tão destronável) é o Exmº. Sr. Humorista RICARDO ARAÚJO PEREIRA!
O Ricardo até podia ser concorrer como independente (seria até aconselhável) que iam ver o súbito interesse político dos portugueses, assim como uma subida nas audiências das emissões parlamentares. O governo deste país sempre foi uma anedota mas assim o povo sempre ria com vontade.

Readings

Pus-me a pensar nas leituras que fiz ao longo da vida e nos meus livros favoritos. Embora a leitura sempre fosse uma paixão, tinha mais predisposição para cair na cantiga do bandido dos livros que lia entre os 18 e os 25. Foi variada a literatura, e perdi-me de amores por muitos autores. Hoje em dia, a relutância e a morosidade em apaixonar-me à primeira página instalaram-se, com grande pena minha. Se não for isso, é porque ando a escolher os livros errados. Já não fico a fazer companhia a um escaparate de uma livraria há muito tempo. A última vez que fui assim seduzida, estava à espera de uma pessoa na livraria do CCB. Abri um livro por causa da capa - a beleza das capas tenta-me por demais - O Mar por Cima, de Possidónio Cachapa. A simplicidade de uma história bem escrita e intrigante prendeu-me o olhar e ali fiquei... desejando que a minha companhia desmarcasse o encontro. Li apenas até ao fim do primeiro capítulo porque os meus desejos raramente se concretizam. Sentindo-me uma criança a quem tinham tirado um chupa fabuloso, entrei numa outra livraria, passados uns dias, e fiz o gosto aos olhos e à mente. Não me enganei. Não é um Amor em Tempos de Cólera, mas foi uma boa surpresa. Assim como nos apaixonarmos à primeira vista. Pena acontecer tão pouco.

Plans





Se fosse menos caro (embora em época baixa deva ser aceitável), se eu tivesse mais massa no bolso, se a Playboy me fizesse uma proposta indecente (eheheheh... até me engasguei), era para aqui que eu fugiria nas próximas férias. No cimo de uma falésia, a espreitar o Adriático... Dubrovnik. Dá mesmo vontade. Mas se começar a procurar, encontro lugares igualmente entusiasmantes em Positano, Santorini, Menorca...vou parar de pesquisar. É melhor:)

domingo, 4 de maio de 2008

Fritzl

A abominável moda de prender crianças e abusar delas, nas caves na Áustria, é preocupante. Não sei se me preocupa mais que o fenómeno seja aparentemente característico de um povo (faz pensar numa rede subterrânea equipada para "receber" os turistas durante o Europeu) ou a suposta normalidade dos violadores/pais/amigos, passando despercebidos durante todo o período em que cometem atrocidades próprias de catacumbas medievais. Estamos assim tão concentrados no nosso próprio umbigo que somos incapazes de olhar para o quintal do vizinho, e ao invés de achar que "his grass is greener than mine" pensar que talvez valha a pena suspeitar do seu comportamento? For the sake of many victims.

sábado, 3 de maio de 2008

Talk in bed

CONVERSAR NA CAMA


Conversar na cama devia ser mais fácil.
Ficar deitado ao lado de outro é tão antigo,
Um símbolo de duas pessoas sendo honestas.


Mas cada vez mais tempo passa em silêncio.
Lá fora a agitação incompleta do vento
Constrói e dispersa nuvens por cima do céu.


E cidades sombrias amontoam-se no horizonte.
Ninguém se importa connosco. Nada mostra porque
A esta distância única do isolamento,


Se torna ainda mais difícil encontrar
Palavras ao mesmo tempo reais e simpáticas,
Ou não irreais e não antipáticas.


Philip Larkin

Anything else?

Há períodos na vida de uma pessoa em que tudo corre mal. As chatices, multas, pagamentos, arranjos do carro, despesas com aniversários, crises várias, discussões, stress profissional, trabalhos extras para a faculdade, papéis e pen-drives perdidas... tudo. Até ficar doente. Só me falta mesmo ser assaltada. (Estou a bater na madeira). Acho que no meu caso é psicossomático. Se perspectivar a minha vida daqui a 5 meses (sugestão de uma amiga minha, encontrada naqueles livros de do-it-yourself que detesto) vai estar tudo na mesma. E não é "na mesma, como a lesma". Eu esforço-me mais do que a lesma. Eu trabalho com afinco, empenho-me, espero e sou paciente. Mas passo de paciente e calma a paciente acamada. Não estou a conseguir dar a volta a muita coisa. Talvez esteja na altura de dar uma volta à minha vida, para que daqui a 5 meses não me sinta a lesma infeliz que estou hoje.
E eu estou a concentrar-me na solução, não no problema. Mas a solução também não me agrada lá muito....
Para piorar o estado geral de lamentação e final de constatação, tenho uma borbulha interna no nariz. Nem sequer me posso desfazer dela. De todos os sítios possíveis, atreitos ao aparecimento de erupções cutâneas, o nariz é o pior dos locais. Não há pior que isto. Se já me sentia um palhaço, agora não engano ninguém com esta "batata".