1. Porque a voz da Judi Dench invade o espectador com uma serenidade quase sagrada, de quem nunca se engana.
2. Porque o sotaque italiano do irlandês mais ermita de Hollywood é fabulosamente imperfeito, ao contrário da corpo magro e arqueado que traduz a loucura artística.
3. Porque a Nicole Kidman fica linda de cabelo curto. Ainda que seja numa cena apenas.
4. Porque a Marion Cotillard é profanamente sedutora. De uma fragilidade diabólica. As desgraçadas das francesas tem esta coisa sem nome que, também sedutoramente, alguém decidiu apelidar de "je ne sais quois" (parece uma iguaria afrodisíaca)... Inveja. Ai, maldita inveja.
5. Porque a Penélope Cruz consegue ser adorável quando finge ser burra. Parece-me sempre mais credível. No pun intended. Simplesmente parece.
6. Porque a Fergie parece ter sido picada pelas abelhas mas tem um número muito bom. Gostei das areias. They spice things up.
7. Porque a Kate Hudson é das louras mais interessantes de Hollywood. E a filha da mãe (interessante tb, a Goldie) também sabe cantar um pouquinho... Inveja a dobrar...
8. Porque o cinema clássico italiano merece ser recordado. Os italianos também.
9. Porque o musical faz bem à alma e como a Broadway está demasiado longe, vamos ao cinema...
Ora bem... problemas... fica-se pelo tema. Angústia da criação artística. E é só. Um festim para os olhos mas sem um enredo que articule tanto poder representativo. Muitas protagonistas para um homem com um único problema e até mesmo esse não é desconstruído ao longo do filme. Não é perfeito. Não merece Óscares. Serve para refrescar a mente e apreciar tudo o resto. Musicais plenos já os houve mas já ninguém dança como a Ginger e o Fred. Ressalvo que estou cada vez mais apaixonada pela Judi Dench. Nunca mais questionarei aqueles 8 segundos que lhe valeram o Óscar mais rápido da história do cinema em Shakespeare in Love. She speaks... I bow in respect.
Adenda: Para a senhora que estava ontem na sala Vip das Amoreiras na sessão das 21:20, na fila C, ao lado da gaja que tossiu forçosamente (EU):
1. desligar o telemóvel significa tirar o som e as aplicações que permitem carregar nas teclas e enviar mensagens;
2. se o quarto em que a Marion Cotillard estava deitada era "o máximo, super-giro" é uma observação que deverá guardar para si se quiser reproduzir o cenário no seu próprio leito;
3. se gostou da interpretação do cantor deverá guardar as palmas para uma oportunidade em que ele a oiça... o cinema ainda é one way street;
4. se precisa de explicar em vários minutos à sua amiguinha, num sussurro elevado à estridência do seu cérebro, quem é a Fergie dos Black Eyed Peas... por favor, traga uma imagem para a próxima;
5. Xiu! é uma espécie de onomatopeia que procura remeter ao silêncio adolescentes tardias que insistem em comer pipocas de boca escancarada e em usar a palavra "máximo" 2 vezes em cada frase. Lembra-lhe alguém?
6. Toda a gente conhece a Sophia Loren. Não é preciso repetir até gastar o nome da senhora.
7. Dizer "ela tá o máximo" é redutor e ofensivo, diria. A senhora está num patamar etéreo.
8. Para dizer que a Kate Hudson é "mesmo gira" é melhor ficar calada.
9. Por respeito à arte cinematográfica e aos apreciadores da mesma, fique no aconchego do seu lar, a cuspir palpites para o seu plasma. Ah, nem sempre tossir é sinónimo de constipação but it would be too hopeful of me for your pretty lady to get around such an indirect message.
5 comentários:
A dita "Senhora" teve sorte em sentar-se do teu lado... se tivesse ficado do meu, acho que não ia gostar de ouvir umas "coisinhas". Sou tão paciente! eheheh
The most patient person I have ever met. You don't give a sh... about my bad singing and that's fabulous:).
1. Gostei da tua crítica, porém, não é o género de filme que me motive a ir ao cinema... Tal como o Avatar. :)
2. Quanto à senhora em questão, devias-lhe ter dito polidamente que ela devia ter ficado em casa a experimentar as delícias do sexo anal... :))
Maldonado:
eheheheheheheheheh!
Dito assim... não sei se a senhora entenderia;).
Na sala onde visionei o dito só estavam 9 pessoas, a contar comigo. Foi uma sessão muito calma, sem pipocas nem telemóveis. E depois percebi: os subúrbios e os seus cinemas vazios aos dias de semana têm as suas vantagens...
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