segunda-feira, 11 de maio de 2009

Purity Ring


Hoje calhou-me ouvir a Antena 3 na hora do sexo. Do sexo deles, não do meu, infelizmente, que uma rapariga começa a trabalhar cedo e àquelas horas convém ter um ar apresentável e pouco afogueado. Falavam do Anel da Pureza. Quando ouvi isto, no início, julguei que falassem de brinquedos e sugestões giras para o pessoal experimentar. Com o decorrer da rubrica percebi que afinal o anel é mesmo para pôr no dedo até ao momento em que é substituído por uma aliança, no dia do casamento. So far so good, exceptuando o facto de esse anel simbolizar a total pureza da pessoa que o exibe, melhor dizendo, a virgindade da/o jovem. Tal como o psicólogo/atra (não sei) disse, não é normal! É até uma fobia. Não é uma questão de escolha. É um medo.

O interessante é haver gente que ainda tenha medo. Os adolescentes não pensam noutra coisa! E ainda há quem tenha medo???? Eu entendo a ansiedade e o nervosismo inerentes à perda da virgindade. Todavia, o desejo costuma ser maior. Só vejo adolescentes de hormonas pululantes por isso esta notícia, a existência mais ou menos oficial de um anel que exibe a virgindade de cada um, preocupa-me.

As modas são perigosas. A moda que convida a um crescimento precoce dos adolescentes, com mais parceiros sexuais que amigos, em orgias regadas a muitos shots com telemóveis a acompanhar a festança é muito, muito preocupante. O sexo começa a ser banalizado como o é entre uma tribo de macaquinhos que vi no outro dia no BBC Wildlife: então, tás bom? e tunga, tunga, tunga; Olá, passas-me essa banana? E tunga, tunga, tunga; Cata-me as pulgas e já que tás a jeito, tunga, tunga, tunga. Assim também não, senão mata-se o verdadeiro desejo. Agora a ausência total??? É um perigo parecido, senão pior. Não saber com quem somos compatíveis sexualmente falando, pior que isso, não saber se o somos com a pessoa que escolhemos para partilhar a vida e a cama connosco, é um autêntico suicídio! As pessoas deviam falar de sexo entre si, antes, durante e depois de o fazerem. Não é uma coisa evidente mas estar no sexo mudo ou no não-sexo não é solução. A consequência inevitável são os muitos casais que recorrem à terapia... gastam dinheiro... e muitas vezes acabam a encornar-se mutuamente. Let us be honest, we do need sexual education! Ah, hoje em dia, ser virgem e famoso também pode dar dinheiro mas para tal é preciso ter-se a voz da Susan Boyle.

Há quem advogue esta nova onda - seguida pelos Jonas Brother e outros teenagers "impolutos" - dizendo que é uma expressão da virtude dos jovens. O princípio base é "Quem ama espera". Acredito verdadeiramente que alguma coisa o/ a espera e não tenho dúvidas que é uma grande decepção. Há uma vantagem, se o quiseremos ver nessa perspectiva, não há termos de comparação. A questão que se coloca é: são precisas comparações para perceber a insatisfação no outro ou a incompatibilidade entre o casal?

4 comentários:

J. Maldonado disse...

Excelente reflexão! :-o
Receio que a virgindade, a exemplo do sexo, também se esteja a tornar num subproduto de consumo, e tomemos como exemplo isto:

http://clubedasvirgens.blogspot.com/

Como bem frisas, o importante é que os casais sejam honestos na questão sexual, pois só assim é que poderão descobrir a sua compatibilidade...

Cassandra disse...

Maldonado:
já tinha ouvido falar desse clube... afinal a virgindade parece dar azo a dificuldades na produção escrita. Deve ser do excesso emocional :))

J. Maldonado disse...

Creio que sim, tanto que a ortografia ressente-se disso... :))

via disse...

adorei aquela: "Olá! Passas-me essa banana? e tunga tunga tunga! ehehehehe