quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

DIABLO takes the script

Lembram-se de falar na Diablo? E não é que o Diabo da Ex-Stripper leva o ÓSCAR de melhor argumento original para casa? Assim é que é, miúda. Mostra-lhes que brains and looks also go together. Disseram-me de fonte segura que o filme é delicioso... não posso perder. Deixo-vos com o momento em que a jovem diz perante os pais atónitos que está grávida:

"Estou grávida."


(silêncio e olhos esbugalhados)....


"Mas se vos serve de consolo, tenho azia até às rótulas".

Hollywood embraces Europe

Não tenho tido tempo para este meu blogzinho... Valores mais altos se levantam, é verdade. Todavia seria um crime deixar passar impune o reconhecimento das capacidades artísticas das ladies e dos gentlemen europeus que subiram ao palco: Javier Bardém - o psicopata de penteado duvidoso (só os irmãos Coen para colocá-lo naquela situação... verão, quiçá, muitos jogos do Sporting e inspiraram-se num certo treinador) cuja interpretação se diz brilhante, apesar do "negro" do filme; Daniel Day-Lewis - irlandês, outrora inglês, que se digna a deixar o seu mundo de clausura, entre entre os montes e as ovelhas irlandeses para nos presentear com um esgar repugnante, uma ambição desmedida e uma interpertação pouco acessível ao comum actor; Tilda Swinton - uma supresa escocesa em Michael Clayton; e Marion Cotillard - não vi o filme mas acredito no charme francês e vou futilmente destacar o vestido da bela francesa - trés, trés sophistiqué. Parece que Hollywood descobriu finalmente que está na altura de abrir as portas ao que a Europa tem de bom e render-se aos talentos cinematográficos do lado de cá do Atlântico. And finally the Oscar goes to... the Old World.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

I do not care...

Não me importa nada que as mulheres tenham seios como magnólias ou como figos secos; uma pele de pêssego ou de lixa. Não dou nenhuma importância ao facto de que amanheçam com um hálito afrodisíaco ou com um hálito insecticida. Sou perfeitamente capaz de suportar um nariz que ganharia o primeiro prémio numa exposição de cenouras; mas isso sim - e nisso sou irredutível - não lhes perdoo, sob nenhum pretexto, que não saibam voar. (...)

Oliviero Girondo


After these beautiful words, are we ladies expected to have countless packs of RED BULL in our freezer?

These Brazilians know it all

Não há como evitar a grandeza da língua portuguesa quando cantada por este povo mulato, de ritmo nos poros, com futebol no coração e samba no pé. Pergunto-me "Mas porquê? Porquê?". Se tentarmos aportuguesar o som fica qualquer coisa como uma mistura de Ágata "Eu procurei qualquer desculpa para não te encarar..." e Tony Carreira "Tu conheces o meu sorriso e lês o meu olhar" - dava para encher o pavilhão Atlântico com o mulherio todo, sim, porque há que atribuir ao último senhor o feito de possuir as inúmeras qualidades que a mulher portuguesa gostaria de ver no marido... até mesmo o capachinho!

Confesso que entre o choradinho melodramático e a honestidade amorosa, este "Quem de nós dois" do vozeirão fabuloso da Ana Carolina conquista com uma facilidade de convite para férias no outro lado do Atlântico Vamo nessa? Cantem comigo, galera. Não me canso desta música e muito menos da sua voz. Chamem-me pirosa, cafona, brega, não tou nem aí. Quem nos dera pôr nas canções portuguesas o transparente e inequívoco sentimento do povo irmão, que ama tudo, sente tudo e tudo confessa através das suas melodias (mesmo parecendo bom demais para ser verdade).

Sinto dizer, que amo mesmo

Tá ruim pra disfarçar

Entre nós dois não cabe mais nenhum segredo

Além do que já combinamos

No vão das coisas que a gente disse

Não cabe mais sermos somente amigos.

(...)

E cada vez que eu fujo eu me aproximo mais

E te perder de vista assim é ruim de mais

E é por isso que atravesso o teu futuro e faço das lembranças um lugar seguro (...)

Mas toda a vez que eu procuro uma saída

Acabo entrando sem querer na sua vida.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Diablo Cody - Nice name

Esta senhora é a argumentista de um filme que está prestes a rebentar nos ecrãs (que bonita expressão "a rebentar"), intitulado "JUNO", sobre uma adolescente que engravida quando perde a virgindade. Este tema faz-me lembrar duas coisas: um outro filme - "Há dias de Azar" - e cabeças muito inconscientes que acreditam fortemente na probabilidade de enriquecerem ao ganhar o Euromilhões. Serão as mesmas a esquecer-se do preservativo na primeira vez porque, sejamos realistas, é preciso ter azar e nós, comuns mortais, somos muito bafejados pela sorte. Enquanto o filme não rebenta e o rebento não nasce, lembrei-me desta senhora, Diablo Cody, nome artístico, como facilmente se deduz, depois de uma pergunta que me fizeram: "Porque escreves tanta coisa em inglês?"
A senhora em questão, ex-autora de um blog - Pussy Ranch - foi stripper por divertimento embora tenha uns neurónios interessantes que de facto funcionam em conjunto (não que as strippers sejam acéfalas, nada disso, mas também, who cares?) e está a dar cartas em Hollywood ao escrever argumento deste filme, nomeado para quatro óscares. Numa entrevista disse que se sente mais nua ao escrever do que quando fazia strip. É assim que acontece quando escrevemos na língua-materna. O português é demasiado revelador. Em resposta à pergunta: "Sinto-me menos exposta".

domingo, 17 de fevereiro de 2008

All that women want

Tinha aqui um texto tão giro e não é que o sacana fugiu?

Se alguém o encontrar por aí, tem como apêndice uma música da Kate Nash "All I know".

É favor devolver ao blog original.


O vídeo voltou. E o texto? Onde está?

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

David is a Goliath

Desde o aparecimento dos Silence 4 que a voz deste belo rapazinho, de composição franzina, vindo de Leiria (parece que por estas bandas a produção é boa) deixou antever um futuro promissor. Desde os primórdios da sua aventura a solo que sou uma fã incondicional de David Fonseca. O facto de cantar em inglês não me desagrada e acho compreensível. A língua de Sua Majestade permite voos mais altos. Todavia louvo as maravilhas linguísticas e melódicas que os Clã fazem com a nossa língua-mãe.

Outra das coisas que favorecem David, nos espectáculos ao vivo, é o seu contínuo diálogo sedutor com o público, expondo as suas "fragilidades" e a história de cada música, em textos com certeza previamente preparados mas não menos deliciosos. O cantor não se importa que as suas pernas pareçam canivetes, que o público ria das suas gafes ou até mesmo que alguns comentadores do universo virtual alertem os ouvintes para se esconderem num qualquer abrigo anti-aéreo cada vez que um novo disco deste rapazito sai no mercado. Os pontos a favor são muitos: uma voz poderosa e límpida, uns olhos de um castanho-avelã invasivo e um talento para tudo o que é nota musical. Quem sabe recriar grandes êxitos, oferecendo-lhes uma roupagem alternativa também é original ( mesmo que achem que o novo Rocket Man assassinou a versão do Elton John, o que interessa isso).

Gosto principalmente de sentir que a minha geração deu bons frutos. Há por aí talentos que foram apaixonados pelo vinil e seduzidos pelas músicas anglo-saxónicas, long before the Video Killed the Radio Star; há quem tenha sentido que lhes leram os pensamentos quando Bruce Springsteen cantou I'm on Fire; há quem tenha gritado, gemido, uivado (ou se a alguém ocorrer um verbo que denomine a gritaria do eterno rei da pop) como Michael Jackson e continue a querer dançar qual zombie sempre que ouve Thriller.
O David Fonseca tem piada, as canções ouvem-se muito bem (embora as mais interessantes não passem na rádio - "Adeus"; "Haunted Home"; "When you hit the floor"; "My Sunshine and my Rain"; "Eu não sei dizer") - e há que libertar-se dos fantasmas depressivos dos Silence4. Há momentos para tudo na vida, sendo o lamento e a rebeldia constantes associados a uma juventude perturbada. David tem umas reminiscências da altura mas soube evoluir, crescer e tornar-se um cantor de massas. Como tudo o que é massificado em Portugal também ele sofre a guilhotina das elites afrancesadas e passa a ser catalogado como "seca, banal, pouco profundo". Enfim, entre dores de cotovelo, pretensões de especialistas e puristas da língua, eu, como boa representante do povão que sou, gosto do rapaz e para mim, David "tu és grande", assim como o Golias. Portanto, atira-lhes uma pedra à testa e segue em frente.
(Se eu soubesse pôr música nesta coisa, presenteava o meu blog com uns sons bonitos do cantor, ou sons do cantor bonito. É nestas alturas que destesto a minha aversão pelas máquinas!)

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Inventions


O tipo que inventou o sexo devia ser condecorado e o inventor do amor, enforcado.


A citação é minha, por isso a ausência de aspas. Sim, quando estamos apaixonados o único verdadeiro momento de paz é quando pousamos a cabeça ao lado da pessoa amada. A verdade é que não se troca este estado de efervescência por nada. Fá-lo-ão os egoístas de topo ou os comodistas calcinados.

When I am old and grumpy


Last night, my friend and I were sitting in the living room and I said to her, 'I never want to live in a vegetative state, dependent on some machine and fluids from a bottle. If that ever happens, just pull the plug.'

So she got up, unplugged the TV, and threw out my wine. She's such a bitch.....

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

The moving pictures

Adoro cinema. Nenhuma terapia supera esta cada vez que me quero ausentar do meu mundo e do que me rodeia. O ecrã catapulta-me para universos alternativos, os grandes dramas humanos limpam-me os canais lacrimais e as bandas sonoras "obrigam-me" a fazer pesquisas infindáveis na Amazon para possuir aquele cântico dos deuses (refiro-me à banda sonora do Perfume e à do filme Crash). O cinema ajuda-me a relativizar o restante, mesmo sabendo que a vida não é um filme e sabendo de antemão que é melhor não acreditar no impossível. Fiction is fiction. Mas é uma fantasia bela, uma ilusão sedutora e de bom grado me deixo conduzir pelas "moving pictures".
Todavia, este processo catártico transpôs a barreira da epifania para ser reduzida a umas boas horas a mastigar pipocas de boca escandalosamente aberta, com as mãos enfiadas naqueles baldes, semelhantes a poços de milho e caramelo torrado, com as bocas a fazer beicinho enquanto gargantas secas de tantos comentários laterais (como se já não houvesse legendas para tal) sorvem ávidas refrigerantes com calhaus de gelo, ao mesmo tempo que adolescentes e casais de namorados de fim-de-semana comentam os dotes físicos dos actores ou antecipam a cena seguinte. Para este povo consumista, para quem a arte se resume aos excelentíssimos efeitos especiais da nova playstation, existem DVDs e grandes ecrãs plasma, maiores que as suas salas. Mas não é o cinema uma arte de multidões? Sim, concordo. Mas multidões caladinhas que tiram uma pipoca de cada vez e fecham a boquinha para mastigá-la, lenta e cuidadosamente. O filme vai começar....silêncio e respeitinho. Pode ser?!

Hotel

"Hotels fascinate me in that they're incredibly intimate spaces that are scoured every 24 hours and made to look completely anonymous. People sleep in hotel rooms and cry in hotel rooms and bathe in hotel rooms and have sex in hotel rooms and start relationships in hotel rooms and end relationships in hotel rooms and etc, etc, but yet every time we check into a hotel room we feel as if we're the first guest and we get very upset if there's any remnant of a previous guests stay. Something about this idea, that these intimate spaces are wiped clean every 24 hours, fascinates me. That we enter a hotel room and it becomes our biological home for a while and then we leave. In some ways, it's similar to the homan condition.

We exist and we strive and we love and we cry and we laugh and we run around and we sleep and we build things and we have sex and then we die and, not to sound too depressing, the world is wiped clean of our biological presence, which, from my perspective, makes our brief biological time here all the more precious due to it's relative brevity."

MOBY

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Definition of Time

If you're not too long, I'll wait for you here all my life.

Oscar Wilde


ESPERA
Hoje estava à tua espera
e não vieste.
E sei bem o que significa a tua ausência,
a tua ausência que alvoroçava
o vazio de deixaste,
como uma estrela.
Dizes que não me queres amar.
Como uma tempestade de verão
que se anuncia e depois se afasta,
assim te negaste à minha sede.
O amor, ao nascer,
tem destes arrependimentos inesperados.
Em silêncio
nos entendemos.
Amor, amor, como sempre,
quisera cobrir-te de flores e de insultos.
Vincenzo Cardarelli

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

What does this word mean?

A melhor tradução que alguma vez corrigi faz-me rir até hoje. É uma frase simples, sem grandes segredos mas as estratégias utilizadas para descodificá-la prendem-se com o desespero, com a angústia de quem olha para uma língua estrangeira como para uma medusa (bem mais horrenda que "bicho de sete cabeças"... será que é esta a origem da expressão?). Anyway, sempre que oiço os antigos filmes do Jackie Chan, quando não eram dobrados em inglês, sinto a mesma coisa: What the hell is he babbling about? Aproveita-se o facto de o coitado do actor ter os lábios em consonância com os estranhos sons emitidos - um chorrilho de vogais que lembram alguém prestes a perder os sentidos.
Para algumas pessoas a língua inglesa também é só isto: um amontoado de sons esquisitos, que nos obriga a passar ar entre a língua e os dentes e, consequentemente, fazer figuras tristes. Se ouvida é o que é, imaginemos quando a grafia e a fonia nada têm a ver. Perceber o que está escrito não passa de ilusão temporária. Assim sendo, faz-se o melhor que se pode.
Quando uma palavra tem um único significado, está tudo na paz dos anjos. Mas quando temos que traduzir aquelas mais tramadas, as polissémicas, tão úteis na poesia, no teatro, essenciais no melhor humor, estamos perante um problema. Será que vamos acertar no verdadeiro significado? É nesta altura que se torna perigoso... e divertido! Se abrirmos os dicionários que proliferam pelas estantes de muitos alunos encontramos vocábulos estranhos, complexos e nunca ouvidos anteriormente. Todavia, se figuram naquele "calhamaço" é porque são palavras bonitas, eruditas e nós é que somos os "mongos", reduzidos a um léxico muito parco. Ou então, são-nos oferecidas por um brilhante, idóneo, sofisticado programa de tradução, devidamente certificado. Por isso, toca de as escrever no caderno para fazer bonito. Deve ter sido isto que aconteceu na pérola que aqui deixo para a posteridade. Depois de vários momentos em que foi incompreensível, ganhou um estatuto de inesquecível, forever and ever.
I drank a lot at the party and I'm feeling dizzy.
Tradução: "Bebi muito no partido e estou a sentir-me vertiginoso."
Aceitam-se explicações para o significado veiculado pela mensagem. Podem, ou não, envolver o nosso PM.