segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Should I throw my towel?

Não é nada fácil ser professor. Faço-o por paixão, amor à camisola - sentimento inexistente nos futebolistas de hoje - e por vocação, pelo menos é o que me leva a crer o feeback que obtenho de colegas e encarregados de educação, assim como os comentários dos alunos que passaram pelas minhas salas. Todavia, sinto-me cansada e tão perdida quanto D. Sebastião em Alcácer Quibir.
Adoro o que faço, adoro transmitir conhecimentos e pensar nas estratégias mais mirabolantes para concretizar os meus objectivos e transformar as minhas aulas em momentos de prazer. Não numa mera actividade lúdica - no pain, no gain - mas num processo de conquista e êxito gradual. Seja como fôr, consigo lutar contra uma maré, ainda que sejam poucos os que remem contra a mesma. Infelizmente, sinto-me impotente perante um tsunami. Não estudei as linguísticas inglesa e portuguesa, não dissequei Shakespeare e Os Lusíadas para me ver transformada numa mera assistente administrativa (sem qualquer desprimor para as ditas), cuja função primordial é apresentar número falaciosos, obtidos através de leis ditadas por um Olimpo corrupto, que pouco ou nada sabe do que se passa no mundo dos mortais.
Talvez tenha chegado o momento de arrumar as botas e sair de campo. Agora, enquanto o jogo não está tão viciado a ponto de perder o verdadeiro prazer de jogar. Nos combates futuros no que toca à educação, os professores entrarão em ringue com o acordo feito e deixar-se-ão cair no tapete não por um gancho forte de direita, nem por vários golpes baixos, mas apenas com um leve sopro por parte dos alunos, apoiados por uma claque de pais iludidos com o famigerado canudo, ministros sedentos de resultados que correspondam às exigências europeias e uma cultura geral empobrecida, retrato de um povo que se contenta com o êxito fácil e rápido.
Hoje em dia, não interessa ser nobre, moralmente correcto e fazer o seu trabalho com brio, seja limpando sarjetas ou fazendo transplantes de coração. Hoje em dia, não interessa ser feliz no que se faz, nem transmitir a nossa alegria aos que connosco trabalham. Interessa sim, ser bonito, não ter uma gordura a mais, conduzir um belo carro e desenrascar-se nas novas tecnologias.
Hoje, pá, vivesse uma cena bué da foleira e o people não tá pa dar o coiro por causa que a licheira é toda a mema e os profs sam marados e a gente entre numa facoldade qualqueres e pode ter uns troinas abaicho de nos pa dextratar. Afinal, não se é dotor pa nada!
Bem-vindos ao futuro da educação. Desculpem-me os erros ortográficos. Esta pc não tem corrector.

1 comentário:

Gilinho disse...

Sei o que sentes... afinal, partilhas comigo a tua angústia! Não desistas, que eu agradeço as lições que me dás. ;-)