quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Henri Cartier-Brésson. Há palavras que mais vale ficarem guardadas no silêncio das fotografias.

Priorities



There are certain things in life which cannot be put aside. The feeling that we're not a priority in the life of the ones we love is disturbing and never reassuring. No matter how hard we try to convince ourselves that it's a set of circumstances which creates this situation, the bare fact is we give more than we receive and that inevitably creates a deficit hard to overcome.

The tranquility of someone's absence can be similar to selfishness or simply lack of feeling. There's no explanation for living well with that absence... In so doing, the presence becomes a mere accessory and this, like a new ring, is of the easiest nature to replace.

Al Gore's effects

Há uma galinha no México que põe ovos verdes. Now, this is what I call getting green. Mais ambientalista que isto não se consegue ser. Devem ser ovos baixos em colesterol. Não é a dos ovos de ouro, mas é muito amiga do ambiente. E isso, nos dias que correm, vale mais que o vil metal.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Should I throw my towel?

Não é nada fácil ser professor. Faço-o por paixão, amor à camisola - sentimento inexistente nos futebolistas de hoje - e por vocação, pelo menos é o que me leva a crer o feeback que obtenho de colegas e encarregados de educação, assim como os comentários dos alunos que passaram pelas minhas salas. Todavia, sinto-me cansada e tão perdida quanto D. Sebastião em Alcácer Quibir.
Adoro o que faço, adoro transmitir conhecimentos e pensar nas estratégias mais mirabolantes para concretizar os meus objectivos e transformar as minhas aulas em momentos de prazer. Não numa mera actividade lúdica - no pain, no gain - mas num processo de conquista e êxito gradual. Seja como fôr, consigo lutar contra uma maré, ainda que sejam poucos os que remem contra a mesma. Infelizmente, sinto-me impotente perante um tsunami. Não estudei as linguísticas inglesa e portuguesa, não dissequei Shakespeare e Os Lusíadas para me ver transformada numa mera assistente administrativa (sem qualquer desprimor para as ditas), cuja função primordial é apresentar número falaciosos, obtidos através de leis ditadas por um Olimpo corrupto, que pouco ou nada sabe do que se passa no mundo dos mortais.
Talvez tenha chegado o momento de arrumar as botas e sair de campo. Agora, enquanto o jogo não está tão viciado a ponto de perder o verdadeiro prazer de jogar. Nos combates futuros no que toca à educação, os professores entrarão em ringue com o acordo feito e deixar-se-ão cair no tapete não por um gancho forte de direita, nem por vários golpes baixos, mas apenas com um leve sopro por parte dos alunos, apoiados por uma claque de pais iludidos com o famigerado canudo, ministros sedentos de resultados que correspondam às exigências europeias e uma cultura geral empobrecida, retrato de um povo que se contenta com o êxito fácil e rápido.
Hoje em dia, não interessa ser nobre, moralmente correcto e fazer o seu trabalho com brio, seja limpando sarjetas ou fazendo transplantes de coração. Hoje em dia, não interessa ser feliz no que se faz, nem transmitir a nossa alegria aos que connosco trabalham. Interessa sim, ser bonito, não ter uma gordura a mais, conduzir um belo carro e desenrascar-se nas novas tecnologias.
Hoje, pá, vivesse uma cena bué da foleira e o people não tá pa dar o coiro por causa que a licheira é toda a mema e os profs sam marados e a gente entre numa facoldade qualqueres e pode ter uns troinas abaicho de nos pa dextratar. Afinal, não se é dotor pa nada!
Bem-vindos ao futuro da educação. Desculpem-me os erros ortográficos. Esta pc não tem corrector.

domingo, 20 de janeiro de 2008

Love as a commodity

A minha geração é profundamente pragmática. Levamos o pragmatismo a tal extremo que acabamos mais papistas que o próprio Ratzinguer.
Há razões para tal: a vida está em contagem decrescente numa ampulheta mínima e não conseguimos experimentar todas as vivências desta juventude tardia. Somos eternos adolescentes em luta contra o tempo, sempre apressados, desejosos de cometer todas as loucuras oferecidas por uma sociedade orientada para o consumo hedonista.
O amor sofre muito com esta correria. Já não há prazer em usufruir apenas e simplesmente a presença da pessoa amada. Temos que engavetar tudo numa complexa cómoda chinesa: as horas do ginásio, do futebol, do yoga, do surf; os jantares e tertúlias com os amigos; os almoços com a família; as longas reuniões de trabalho; os relatórios; as actas; as pós-graduações, mestrados, doutoramentos e afins; os animais de estimação; as horas de pesquisa na net...
Numa lista interminável, ao amor está atribuída a gaveta do fundo, partilhada com uns mails, SMSs, telefonemas mas nunca com as cartas de amor. Essas foram há muito etiquetadas de ridículas.
Continuo a acreditar neste ridículo maravilhoso e nas pequenas coisas que alimentam um sentimento tão nobre. Não o acantonemos num lugar húmido e bolorento. Não digo que abdiquemos de todas as gavetinhas da nossa vida para cometermos loucuras amorosas (mas de quando em vez, até que faz bem).Também pertenço à casta dos workaholic, atormentados pelo fantasma do desemprego que os governos insistem em acenar na nossa direcção. Todavia, temos de desempoeirar os gestos ridículos e amorosos, escrever mais cartas de amor, oferecer mais flores (campestres vá, sei que as floristas estão pela hora da morte), escrever mais declarações nos post-it da porta do frigorífico. Não precisamos ser loucos dementes mas evitemos ficar dormentes. O amor está a encher-se de traças e não é uma naftalina de última hora que evitará a tragédia.
Lenny Kravitz lançou um novo álbum "It's time for a Love revolution"...Eu diria que está na altura de revolucionar o amor. Não se vende numa superfície; não se revitaliza num spa; não se "saca" da net. Precisam-se de apaixonados ridículos para não cairmos no ridículo de sermos apenas mais uns mamíferos a propagar a espécie. Amai-vos uns aos outros, everyday in the tiniest, stupidiest and apparently ephemeral details. It will make a difference. Just open your last drawer and see for yourself.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Absolute beginner

Criei um blog. Pode paracer estranho iniciar assim um texto, e, nos dias que correm, igualmente banal. Para mim é um progresso. Não sei se me afastará do discurso oral que teima em ser exageradamente profuso, ou se assenta as minhas ideias que insistem em esvoaçar pelos sítios por onde passo.
Criei um blog. Sinto-me parte de um universo virtual que é de todos mas ao mesmo tempo de ninguém. Talvez por sentir que as palavras e os ideais deixaram de ter a força e o peso duradouro e irredutível do significado que acarretavam, dirijo-as ( e aos ideais também) para este universo escuro e aparentemente vazio. Quem sabe há ouvidos para os quais amor, honestidade, integridade, autenticidade, honra, transgressão, boémia... não são meros vocábulos vazios, a enunciar numa entrevista de emprego ou numa breve descrição de nós mesmos - sempre nascísica, é certo, ou elementos a abater nesta sociedade tão conscientemente higiénica, perfeita e, ao mesmo tempo, tão hipócrita e corrupta (refiro-me à transgressão e à boémia, bien sur).
Criei um blog. Não escondo o lixo debaixo to tapete. Tive uma educação apurada com vista à dona de casa perfeita. Mas vou procurar sacudir as minhas ideias,o meu lixo, os pensamentos de uma sociedade suja ( ou serão os meus pensamentos?) para os vários anónimos que povoam este espaço quase tão infinito quanto o sideral. Sejam bem-vindos à minha loucura.