sábado, 5 de dezembro de 2009

Nouvelle Vague

Ora bem, como direi... fiquei desiludida. Por vários motivos. Deve ser a idade que me mirra a intolerância mas não suporto a falta de pontualidade dos portugueses que insistem em chegar a concertos depois da hora. Pior ainda numa sala quase sagrada como a Aula Magna. Outro problema é o facto de os Nouvelle Vague serem quase mainstream, o que, infelizmente, atrai toda a espécie de gente. Os tagarelas, os bêbedos, aqueles que adoram protagonismo e gritam no meio de uma interpretação que exige silêncio absoluto. Sou uma elitista cultural, confesso, assumo a minha petulância quando olho para os concertos intimistas como uma experiência mística. Assim sendo, respeito o artista como um deus. Pago para venerar os sons, os vários instrumentos, a voz abençoada. No meio deste ritual temos as palminhas. Os portugueses adoram acompanhar qualquer ritmo que seja com palminhas. Palminhas. Palminhas. Fora de tempo. Palminhas. Lixam tudo. Como se a tortura não fosse suficiente, ainda cantarolam quando não lhes é pedido... fogo. Por que raio se inventaram os karaokes? Pergunto! Quando quero cantar, dançar, berrar, faço-o em casa ou vou suar para locais nocturnos ao som de música que me faz dançar. Dançar a sério. Não agitar os ombrinhos e dar pulinhos deprimentes ao ouvir o Heart of Glass numa versão reggizada. Ou os enamorados do momento que se vão roçar para o corredor nuns jeitos muito abichanados e também eles sem qualquer ritmo. Se algumas pessoas se vissem a dançar nos concertos (em que deveriam estar sentados) teriam vergonha de se sair em plena luz do dia. O silêncio é um bem precioso nos concertos. Os artistas precisam acima de tudo de se conseguir ouvir. Eu sei... são queixas a mais. Tenho espaço para mais uma. O que me entristeceu mais foi que uma das principais vocalistas que me fez apaixonar pela banda no Verão de 2007, numa noite quente na casa pesca de Oeiras, vai sair. Fez uma primeira parte, cantou uma ou duas com a banda mas deixou o protagonismo a uma loura de 1,80, que oscilava como uma marioneta. A voz era boa mas nada comparável com o veludo aquecido das melodias cantadas por Melanie, cuja sensualidade francesa de pouco precisa para encher um palco. Além disso, saltitava muito no meio do público. Too full of herself or in need to prove something. Queria que o V. pudesse experimentar a emoção por mim sentida em 2007 mas enfim, ficou aquém das expectativas. Para se perceber porque me apaixonei, aqui fica uma versão óptima de Love will tear us apart, cantada por Melanie Pain. E pronto. Chega de queixas.

2 comentários:

via disse...

També, concordo, mística, adoração mesmo!olha afinal não perdi muito! ficam os discos...a propósito de discos...não te esqueças do disquito, já agora!

J. Maldonado disse...

1. As tuas "queixas" têm razão de ser, pois já constatei algumas dessas situações que descreves. ;)
Já somos dois!

2. Apesar de cada vez mais ser um assumido apreciador da música alternativa (se calhar é da idade), confesso que conheço muito pouco os Nouvelle Vague.
Adorei o clip deste post.