terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Missing Xmas post

Há dois anos que não monto a árvore de Natal. Não celebro o nascimento de um menino que invoca muita coisa boa mas cuja ideologia principal (se o virmos como um mensageiro político) se perdeu no desgaste das eras. Verdade seja dita, a equipa de marketing to gajo é fabulosa! 2009 anos depois e aqui continua, em força! E sempre um menino. Só eu é que envelheço, tentando esconder os brancos que me espreitam nas frontes.
A religião é uma coisa estranha para mim. Confesso. É-o desde que inventei pecados com os meus sete anos enquanto esperava por segredar uma confissão a um homem de batina com um ar suspeito e pêlos nas orelhas. Ajoelhado, de perfil, aguardando a lista de gulas, preguiças e invejas de pequenos seres (luxúria com aquela idade... precoce mas não tanto). Inventar pecados é uma arte. Comecei a desenvolver nessa altura a arte da mentira, faceta que procuro desconstruir agora com alguma terapia. Nunca mais fui a um confessionário. Prefiro os amigos ou psicólogos. Não me mandam Avé Marias para trabalho de casa.
Cada vez mais o Natal me dá náuseas. Por isso, assumo aqui que vou instituir um princípio nos meus Natais futuros. Vou dar a quem precisa e limitar os gastos a coisas simbólicas. Entenda-se que quem precisa são os sem-abrigo e coisas simbólicas são cuecas. Há cuecas interessantes. Giras, vá.
Cresce-me nesta época delirante uma sensação incómoda: quanto mais materializo o meu amor pelos meus entes queridos, mais distante me sinto deles. Pode ser apenas impressão minha, mas deixa-me um gosto tão desagradável como o enfartamento a fritos típico da consoada.
Acho que o menino não nasceu para isto. Nem eu, for that matter.

New year

Nunca gostei dos números pares. Gosto muito dos parzinhos, do amor, dos pássaros e das borboletas e das coisas que podemos fazer a dois mas prefiro os ímpares. Lamento. Tenho um particular apreço pelo 7 mas como o que fica para trás é assunto arrumado, vou atirar-me ao 10 de cabeça. Vou deixar alguns conselhos que valem tanto como um peru no Natal. Parece promissor mas se não o pusermos logo em prática, ou melhor, na boca, começa a endurecer e acaba esquecido no frigorífico. Assim sendo:
. Não deixem os vícios que vos fazem felizes. Moderem-nos.
. Não resistam aos doces orgásmicos. Corram mais.
. Não deixem para dizer o que vos vai na alma. Se deixam a emoção marinar, azeda.
. Reservem um dia da semana para amar. Planeiem surpresas e coisas especiais para alguém que amam.
. Adiram à moda dos post-it se não tiverem jeito para falar. Sabe sempre bem ler num amarelo de furar a córnea "Gostei da forma como me acordaste hoje" ou, para o colega do lado "a tua equipa perdeu mas eu pago-te uma imperial no fim do dia."
. Não fiquem com os "perdões" e as "desculpas" engasgadas. Nunca sabemos quando um camião nos atalha o caminho e nos deixa com coisas penduradas. Físicas ou não.
. Sejam mais poupadinhos. Eu meto as amarelas num mealheiro antigo. Resulta. Quando o arrombo, tenho mais do que imaginava.
. Viajem. Alarguem os horizontes geográficos e emocionais. A poupança serve para isso mesmo. Para investir em coisas que nos dão prazer.
. Tenham novas experiências sexuais. Com o mesmo parceiro ou com alguém novo, se a ordem natural das coisas assim o ditar. Não se esqueçam das borrachinhas, in any case.
. Sejam educados e respeitadores.Verdadeiros/as gentlemen and ladies. Protejam esta espécie em extinção.
. Armem-se de paciência - com o chefe, com a/o namorado/a, amigos, sogra, vizinhos, paspalho da mesa do lado no restaurante.
. Valorizem as coisas boas e relativizem tudo o resto.
. Experimentem novos sabores. Sugiro o Zafran, na Estefânia. E novos desportos. Estou inclinada para o ski embora não goste particularmente de climas frios. As lareiras, todavia, têm imenso potencial.
. Adoptem um animal perdido. Dêem-lhe amor e atenção. Ração também ajuda.
. Cozinhem... com amor. Misturem alhos com bogalhos, peru com doce de frutos silvestres, atum com pasta de azeitona, brócolos com banana. Para evitar maus resultados, ter sempre uma garrafa de bom tinto para apaziguar o palato.
. Beijem muito. Abracem muito. Sorriam e respondam com simpatia.
Transformem 2010 num ano ímpar. Happy new year, everyone.

sábado, 19 de dezembro de 2009

JIM CARREY

Para quem não conhece e tem vontade de entrar no mundo labiríntico deste actor multi-facies e multifacetado, aconselho vivamente a visita ao site do actor canadiano. O meu sonho enquanto bloguista fraquinha é um dia ter um blog assim. Beijinhos a todos e Merry Xmas.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Souvenir

Eu, se fosse ao Primeiro-Ministro, começava a acautelar-me com os eventuais Galos de Barcelos, toureiros das Caldas, Torres de Belém e Igrejinhas de Fátima que podem começar a voar nos comícios. Se a moda pega... e não há-de ser difícil apanhar por aí malucos, totalmente inimputáveis, com vontade de fazer saltar uns dentinhos. Be afraid, be very afraid.

Shit happens

Era a minha melhor amiga. Era, porque não havia muitas crianças naquela rua e porque a vida nos levou em direcções distintas. Tinha nascido na França mas era filha de portugueses. Não se deram bem por lá. Tinha olhos verdes e cabelo louro com umas sardas polvilhadas na pele esbranquiçada. Ela pálida, eu morena. Eu uma líder nata. Chata como tudo. Mais pequena e mais nova que ela, mas, mesmo assim, cheia de mania. "É assim que se faz..."Ela era uma doçura e cheira de paciência face ao meu turbilhão de emoções, farta do isolamento. Ela entrou primeiro para a escola and all hell broke loose. Ela vai e eu não vou, ela vai saber mais que eu, eu vou ficar em casa..... e as lágrimas de quem não consegue fazer avançar os anos. Ela deixou de estudar cedo. Não tinha jeito para a coisa. Também não gostava muito. Afastámo-nos na adolescência. Eu ganhei uma nova melhor amiga com quem partilhava muito mais, com quem tinha todos os interesses em comum e mais alguns. Ainda somos grande amigas.
A minha primeira grande amiga, pálida, de sardas, teve dois filhos. Encaminhei-a para um médico quando achei que os gritos e o isolamento do filho mais velho me pareceram demasiado avessos a um mero aluno sobredotado. Ela agradeceu-me como se eu lhe tivesse aplacado a ira e o desassossego interiores. O miúdo sofria de um síndrome de Asperger, que já havia conhecido em detalhe porque uma aluna minha, portadora deste parente do autismo, me fizera querer saber mais. Aproximámo-nos um bocadinho. Ela vende peixe. A minha mãe vai lá muito à peixaria. Eu vou beber muitos cafés à pastelaria do irmão dela.
Esta minha antiga melhor amiga descobriu agora, antes desta quadra que me irrita solenemente, que tem uma leucemia aguda e está infestada de gânglios que a fizeram suspeitar que algo não estaria bem. Vai estar um mês no hospital. Eu vou vê-la. Não sei muito bem o que lhe vou dizer mas prometi a mim mesma que não vou chorar. Acho que lhe vou oferecer um gorro bem modernaço para que ela se sinta igualmente bela, sem ponta de cabelo. Os olhos verdes devem notar-se muito mais. Tenho que pensar no meu discurso... eu sou muito, muito optimista mas a única coisa que me ocorre é que esta vida é mesmo uma merda.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Nouvelle Vague

Ora bem, como direi... fiquei desiludida. Por vários motivos. Deve ser a idade que me mirra a intolerância mas não suporto a falta de pontualidade dos portugueses que insistem em chegar a concertos depois da hora. Pior ainda numa sala quase sagrada como a Aula Magna. Outro problema é o facto de os Nouvelle Vague serem quase mainstream, o que, infelizmente, atrai toda a espécie de gente. Os tagarelas, os bêbedos, aqueles que adoram protagonismo e gritam no meio de uma interpretação que exige silêncio absoluto. Sou uma elitista cultural, confesso, assumo a minha petulância quando olho para os concertos intimistas como uma experiência mística. Assim sendo, respeito o artista como um deus. Pago para venerar os sons, os vários instrumentos, a voz abençoada. No meio deste ritual temos as palminhas. Os portugueses adoram acompanhar qualquer ritmo que seja com palminhas. Palminhas. Palminhas. Fora de tempo. Palminhas. Lixam tudo. Como se a tortura não fosse suficiente, ainda cantarolam quando não lhes é pedido... fogo. Por que raio se inventaram os karaokes? Pergunto! Quando quero cantar, dançar, berrar, faço-o em casa ou vou suar para locais nocturnos ao som de música que me faz dançar. Dançar a sério. Não agitar os ombrinhos e dar pulinhos deprimentes ao ouvir o Heart of Glass numa versão reggizada. Ou os enamorados do momento que se vão roçar para o corredor nuns jeitos muito abichanados e também eles sem qualquer ritmo. Se algumas pessoas se vissem a dançar nos concertos (em que deveriam estar sentados) teriam vergonha de se sair em plena luz do dia. O silêncio é um bem precioso nos concertos. Os artistas precisam acima de tudo de se conseguir ouvir. Eu sei... são queixas a mais. Tenho espaço para mais uma. O que me entristeceu mais foi que uma das principais vocalistas que me fez apaixonar pela banda no Verão de 2007, numa noite quente na casa pesca de Oeiras, vai sair. Fez uma primeira parte, cantou uma ou duas com a banda mas deixou o protagonismo a uma loura de 1,80, que oscilava como uma marioneta. A voz era boa mas nada comparável com o veludo aquecido das melodias cantadas por Melanie, cuja sensualidade francesa de pouco precisa para encher um palco. Além disso, saltitava muito no meio do público. Too full of herself or in need to prove something. Queria que o V. pudesse experimentar a emoção por mim sentida em 2007 mas enfim, ficou aquém das expectativas. Para se perceber porque me apaixonei, aqui fica uma versão óptima de Love will tear us apart, cantada por Melanie Pain. E pronto. Chega de queixas.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Lisa Ekdahl

Olhem... foi tão bom, tão bom, tão bom... que não tenho palavras.
Apontamento 1 - Os suecos têm um aparelho vocal fantástico.
Apontamento 2 - Também aparecem em tamanho small.
Apontamento 3 - Cada músico que a acompanhava tocava pelo menos 3 instrumentos...
Demos muitos smiles, sim, slow knowing smiles.