Descobri recentemente, depois de uma breve exposição a um sol assassino, e de umas consequentes protuberâncias na minha pele eternamente resistente, que tenho uma pele sensível, especial, atópica. Sou o que a minha avó gentilmente denomina de "peido florido". Não sei de onde emana esta cheirosa expressão mas nada terá a ver com o nariz. Remete para os frágeis, delicados, quase intocáveis ou, até mesmo, os atacadinhos, palerminhas, florzinhas de estufa. Eu, morena de raiz, até às entranhas do meu ser, carregada de melanina no meu código genético, estou agora condenada a sair de casa com barrigadas de cremes, sprays, cápsulas, barrada como uma torrada mas frágil como nenúfar.
Primeiro, nada disto está relacionado com as minha ligação profunda ao mar e praia dos quais abusei ao longo da minha curta vida (a minha bitola comparativa é a minha granny - 88). Isto é culpa dos chineses e indianos que almejam o progresso vorazmente, a ponto de alargar o buraco de ozono como se fossem ginecologistas armados com bicos-de-pato.
Segundo, os dermatologistas são uma ordem menor de médicos. Têm um ar deslavado de quem abomina maquilhagem porque lhes causa alergias; mexem-se pouco para evitar que o suor lhes causa borbulhagem; não nos tocam na pele como os médicos que nos tratam como pedaços de carne e que sabem dominar toda a anatomia, como os cardiologistas; falam baixo e sem vigor para não irritar os poros; têm um ar frustrado de quem gostaria de estudar coisas mais interessantes abaixo da derme mas não os deixaram. Consequentemente, para libertarem esta tensão, rotulam-nos de "peidos floridos" obrigando-nos a gastar mais de 100 euros numa farmácia perto de si. Hate them. Hate them.
Não me posso irritar. Ainda me nascem borbulhas no cérebro.